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Por que gelo queima? Entenda efeitos das baixas temperaturas na pele e os riscos de desafio com influenciadores



Assim como na exposição ao fogo ou a altas temperaturas, o contato prolongado da pele com gelo pode causar queimaduras graves. Nesta semana, três influenciadores sofreram queimaduras de primeiro e segundo graus depois de ficarem com os pés imersos em um balde com gelo e sal grosso durante uma prova de um reality show.


⚠️ 🧊 🔥🧪Antes, vale definir um CONCEITO: queimadura é toda lesão no corpo (sobretudo na pele) causada pelo contato direto com uma fonte de calor ou frio. Essa fonte pode ser química, térmica ou mesmo elétrica.


Abaixo, nesta reportagem, entenda pontos como:


  • Toda queimadura na verdade é uma grande inflamação;

  • Frio contrai os vasos sanguíneos e pode também levar a um congelamento que rompe células e tecidos;

  • Rompimento leva a um processo inflamatório, com vermelhidão e formação de bolhas;

  • Uso do sal junto com o gelo pode intensificar os danos à pele.


Por que o gelo queima?


A aplicação de gelo na pele é uma prática comum quando se pretende aliviar uma dor localizada ou reduzir uma inflamação. Isso porque o frio contrai os vasos sanguíneos, auxiliando nesse tipo de tratamento.


Mas, justamente por essa propriedade, o uso excessivo do gelo pode causar problemas.


Armando Lobato, cirurgião vascular e presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), explica que quando o gelo é aplicado diretamente sobre a pele por um período prolongado, pode causar o congelamento dos tecidos, levando a uma queimadura.


"Quando a pele fica em contato com o gelo por muito tempo, os vasos sanguíneos se contraem, reduzindo o fluxo sanguíneo para a área afetada. Isso pode resultar em danos aos tecidos e até mesmo em necrose se não for tratado adequadamente", alerta Lobato.

O cirurgião também comenta que a principal diferença entre uma queimadura com gelo e por calor está na forma como os tecidos da pele são afetados. "Enquanto as queimaduras por calor resultam da exposição a temperaturas elevadas, como fogo, líquido ou superfícies quentes, as com gelo são causadas por esse congelamento dos tecidos", analisa.


O coordenador do núcleo de dermatologia do Hospital Sírio-Libanês, Reinaldo Tovo, compara a exposição da pele a baixas temperaturas com o que ocorre quando congelamos um líquido.


"Quando você coloca uma garrafa de cerveja, por exemplo, no freezer, essa garrafa estoura. Imagine que 90% das nossas células são feitas de água. Se elas foram congeladas, elas também vão estourar", afirma.

Esse rompimento das células leva a um processo inflamatório, com vermelhidão e formação de bolhas – processo semelhante ao que ocorre em uma queimadura por calor.


Consequências da queimadura com gelo


Além do efeito superficial que causa na pele, a queimadura com gelo também pode ter um impacto mais significativo na circulação sanguínea.


O cirurgião vascular Armando Lobato pontua que esse tipo de queimadura pode desencadear uma resposta inflamatória no corpo, o que afeta ainda mais a circulação.


"A inflamação pode estreitar os vasos sanguíneos e aumentar a viscosidade do sangue, dificultando o fluxo sanguíneo para a área afetada", explica.

Quanto mais profunda for a queimadura, maior o risco de feridas e até de necrose, quando o tecido morre devido à falta de oxigênio e nutrientes.


Outro problema que pode acontecer é uma reação conhecida como urticária ao frio. Reinaldo Tovo detalha que o efeito é similar a uma alergia, em que há coceira intensa, que pode se espalhar por todo o corpo e se agravar.


No caso dos influenciadores, outro ponto que pode ter agravado o quadro foi a mistura com sal no balde de gelo. Marcia Linhares, dermatologista titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), alerta que o uso do sal pode intensificar os danos à pele.


"O sal diminui o ponto de congelamento da água, permitindo que o gelo fique mais frio do que o normal. Isso pode acelerar o processo de congelamento das células da pele e aumentar a gravidade da queimadura", afirma.

Tratamento da queimadura


Os especialistas comentam que é preciso agir rápido e de maneira cautelosa em casos de queimaduras com gelo, para que se evitem complicações graves.


Eles alertam que esse tipo de queimadura não pode ser subestimado, uma vez que mesmo não parecendo tão grave inicialmente, o quadro pode ficar sério caso não seja tratado de forma adequada.


🧊 Marcia Linhares, dermatologista da SBD, lista dez medidas fundamentais para o tratamento de queimaduras com gelo:


  1. Avalie a gravidade da queimadura: queimaduras de primeiro grau geralmente podem ser tratadas em casa, enquanto queimaduras de segundo grau ou mais podem exigir atenção médica;

  2. Aqueça a área afetada: se a pele ainda estiver fria ou congelada, reaqueça-a lentamente. O processo pode ser feito mergulhando a área afetada em água morna por 20 a 30 minutos. Evite o uso direto de fontes de calor, porque podem causar mais danos;

  3. Limpe a queimadura: lave suavemente a área com água fria e sabão neutro. Não esfregue a pele queimada;

  4. Aplique um creme ou pomada antibiótica: isso pode ajudar a prevenir infecções. Produtos com aloe vera também podem ser úteis para acalmar a pele;

  5. Cubra a queimadura: use um curativo estéril para proteger a área. Evite curativos adesivos, que podem grudar na pele. Troque o curativo diariamente ou conforme necessário;

  6. Alivie a dor: analgésicos como ibuprofeno ou paracetamol podem ajudar a aliviar a dor e a reduzir a inflamação;

  7. Evite bolhas: caso haja a formação de bolhas, não as estoure. Bolhas intactas fornecem uma barreira natural contra infecções.

  8. Monitore a área: fique atento a sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço, pus ou febre. Se ocorrerem, procure atendimento médico.

  9. Hidrate-se: beber bastante água pode ajudar a pele a se recuperar.

  10. Procure um médico: se a queimadura for extensa, muito profunda ou se houver sinais de infecção, é importante procurar atendimento imediatamente. Queimaduras graves podem exigir tratamento especializado e acompanhamento.


Fonte: G1

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