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‘Fiquei abismada em ter que colocar um valor na minha saúde’, diz jovem escalpelada em k

A jovem escalpelada em uma corrida de kart disse que foi orientada pela rede de supermercados onde funcionava a empresa em que ocorreu o acidente a fazer uma lista dizendo o que precisaria para retomar a vida. “Fiquei abismada em ter que colocar valor na minha saúde”, disse Debora Dantas, de 19 anos, nesta sexta-feira (17), em entrevista coletiva, no Recife.

Antes da entrevista, nesta sexta-feira, o Grupo Big divulgou uma nota dizendo que a vítima do acidente pediu 10 milhões de dólares, financiamento do curso de medicina em Harvard e continuidade do tratamento nos Estados Unidos e uma casa no país norte-americano.

Em reunião com a imprensa em Boa Viagem, na Zona Sul, Débora disse que fez a lista após uma conversa informal com uma representante de Recursos Humanos da rede de supermercados, depois que a mulher solicitou.

“Foi como um amigo que te diz, numa mesa, ‘diz o que tu quer para retomar tua vida’. E eu, que não tinha advogado, nenhum acompanhamento, fiz uma lista. Ela disse para eu botar num papel e eu fiz”, declarou a jovem.

Débora disse, ainda, que o tratamento que fazia em Ribeirão Preto (SP), custeado pela empresa, foi interrompido. A rede de supermercados e a empresa Adrenalina Kart Racing foram multadas em R$ 5 milhões pelo Procon de Pernambuco.Débora Dantas foi escalpelada e perdeu o couro cabeludo em acidente de kart no Recife — Foto: Pedro Alves/G1

“Eles me ofereceram o tratamento nos EUA no começo, mas eu não tinha passaporte. Por isso, preferi fazer em Ribeirão Preto, que seria o segundo melhor lugar para os procedimentos. Eu jamais brincaria com minha saúde e se perguntei sobre, foi porque me foi oferecido. Depois disso, a mulher com quem eu tratava sobre o tratamento disse que eu deveria falar com o jurídico”, declarou a jovem.

Conversa com o supermercado

De acordo com Débora, já que o caso não foi judicializado, o tratamento era viabilizado por meio do contato da jovem com a representante de recursos humanos do supermercado. Isso incluía o envio semanal de medicamentos que custam cerca de R$ 500 e, desde dezembro, deixaram de chegar.

Entretanto, depois de perguntada sobre a possibilidade de viabilizar o tratamento nos EUA e encaminhar Débora ao jurídico do supermercado, a mulher parou de responder às perguntas da jovem.

“Eu tinha uma cirurgia marcada para o dia 6 de janeiro e perguntei se eu perderia. Ela não me respondeu mais e me bloqueou do WhatsApp. Eles só vieram me contactar novamente depois da repercussão na imprensa, dias atrás”, afirmou a jovem.

O advogado de Débora, Eduardo Barbosa, informou que, diante disso, pretende judicializar o caso. “Provavelmente até a terça-feira (21) ela vai viajar para Ribeirão Preto. Mas vamos reunir os documentos, coisa que não se faz de um dia para o outro, para tentar a judicialização do caso. A vítima é Débora e não o supermercado”, declarou.

Estudos

O sonho de Débora Dantas é estudar medicina e, especialmente, realizar o curso em Harvard, nos Estados Unidos. Nesta sexta, o Ministério da Educação (MEC) divulgou as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), incluindo candidatos que tiraram nota mil na redação. Para a jovem, o acidente atrapalhou os estudos.

“Se eu não tivesse sofrido o acidente, teria passado. Todas as minhas notas aumentaram e eu cheguei perto de 900 na redação. Não acredito nisso, perder mais um ano da minha vida por causa disso [o acidente]. O sonho de todo mundo é estudar na universidade federal, porque lá você tem inter-relações com todo mundo”, afirmou a jovem.

Notificação

Questionada pelo G1 sobre as declarações de Débora, a rede de supermercados afirmou que mantém o posicionamento divulgado anteriormente . O Procon de Pernambuco, por sua vez, informou que o Grupo Big respondeu a notificação feita pelo órgão de defesa do consumidor informando que seguirá custeando a segunda etapa do tratamento, em Ribeirão Preto.

O grupo informou ao Procon que o valor desembolsado é de R$ 300 mil e que “irá monitorar o andamento dos cuidados prestados, arcando com os custos dos medicamentos necessários, além de custear as passagens aéreas, hospedagens e refeições, inclusive do acompanhante de sua escolha”.

Sobre a multa de R$ 5 milhões, o Grupo Big também apresentou defesa ao Procon e, segundo o órgão, “o processo seguirá o rito ordinário”.

Fonte: G1

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