Um aumento de casos de sarampo e a baixa cobertura vacinal contra a doença em 2022 preocupa autoridades de saúde do Brasil. O país chegou a ser considerado livre do sarampo em 2016, mas perdeu o certificado após um novo surto três anos depois.
A vacina está disponível nos postos de saúde para ser tomada, mas em 2021 a cobertura nacional da primeira dose da tríplice viral foi 71%, e a da segunda dose foi de 50%. O esperado é de 95% do público infantil.
A partir do dia 3 de maio de 2022, o governo começa uma campanha nacional para imunizar crianças de seis meses a menores de cinco anos. Só a vacina previne a doença com eficiência. O que é o sarampo e quais são os sintomas? O sarampo é uma doença altamente contagiosa causada por um vírus transmitido por vias aéreas, que já foi muito prevalente na infância de todas as crianças brasileiras. Ele pode deixar sequelas por toda a vida ou levar à morte.
Sintomas comuns e característicos da doença são manchas brancas na parte interna da bochecha e vermelhas na pele. Elas aparecem primeiro no rosto e vão em direção aos pés. Outros sintomas comuns são tosse persistente, irritação nos olhos e corrimento no nariz. A doença também pode causar febre, infecção nos ouvidos, pneumonia, diarreia, conjuntivite, perda e apetite e convulsões.
O vírus também pode atingir as vias respiratórias e até causar e infecções no encéfalo. No limite, a doença pode provocar lesão cerebral e morte. As complicações podem ser diferentes em cada fase da vida? Sim. Veja complicações mais associadas a determinadas fases, segundo o Ministério da Saúde:
Crianças:
Pneumonia - Ocorre em cerca de 1 em cada 20 crianças com sarampo.
Infecções de ouvido - Ocorrem em cerca de 1 em 10 crianças com sarampo.
Encefalite aguda - Ocorre em cerca de 1 em cada mil crianças com sarampo.
Morte - 1 a 3 a cada mil crianças doentes (entre 0,1% e 0,3%) podem morrer em decorrência de complicações do sarampo.
Adultos
Pneumonia é a principal complicação.
Gestantes
Mulher em idade fértil (10 a 49 anos) não vacinada antes da gravidez pode ter parto prematuro e o bebê pode nascer com baixo peso, segundo o Ministério da Saúde. Por isso é importante se vacinar antes da gestação, pois a vacina é contraindicada durante a gravidez.
Todo mundo pode pegar sarampo? Como é a transmissão? Sim. A doença tem distribuição universal, diz o Ministério da Saúde. A transmissão ocorre diretamente, de pessoa para pessoa, por tosse, espirro, fala ou respiração. Por isso, a doença é considerada altamente contagiosa e a única forma efetiva de prevenção é a vacina. Algum grupo está mais vulnerável? Há 'grupo de risco'? Todos podem pegar a doença, mas recém-nascidos estão mais vulneráveis. Gestantes, imunossuprimidos (pessoas com doenças que abalam fortemente a imunidade) e aqueles com grave problema de desnutrição estão mais suscetíveis a infecções graves. Tem tratamento? Segundo o Ministério da Saúde, não há tratamento específico para o sarampo. É recomendável a administração de vitamina A para reduzir casos fatais.
Já nos casos sem complicações mais graves, é recomendável manter a hidratação, uma boa alimentação e o controle da febre. Tem teste para identificar o sarampo? O teste para verificar a presença do vírus é feito por meio da identificação de anticorpos específicos contra o micro-organismo. Só é possível fazer o exame, no entanto, na fase aguda da doença -- desde os primeiros dias até quatro semanas após o surgimento das alterações na pele. A vacina está disponível? A vacina está disponível o ano inteiro em todos os postos de saúde. Adultos e crianças a partir de seis meses de idade podem tomar.
Duas doses valem para a vida inteira, mesmo tomadas na infância. Quem já teve a doença também está protegido.
Aos adultos com dúvidas se tomaram a vacina, a primeira recomendação é procurar a carteira de vacinação. Quem perdeu o documento ou não se lembra pode procurar um posto de saúde. Não lembro se tomei a vacina. Devo tomar? "No sinal de qualquer dúvida sobre se tomou a vacina ou não, ou se teve a doença no passado, vale tomar a vacina. Na pior das hipóteses, a pessoa vai se imunizar à toa", diz Isabela Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações. A vacina é segura? Sim, afirmam o Ministério da Saúde e a SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações). Ela é feita de vírus atenuado (enfraquecido).
Em décadas de imunização no mundo inteiro, apenas casos de alergia a produtos do leite contidos na vacina foram reportados. Hoje, no entanto, há vacinas sem traços de lactoalbumina (proteína do leite da vaca). O que tem dentro da vacina? A vacina oferecida na rede pública é a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. Dentro da vacina, há os três vírus enfraquecidos, albumina e aminoácidos (proteínas), sulfato de neomicina (medicamento usado contra infecções), sorbitol (um tipo de açúcar derivado do álcool) e gelatina. Algumas vacinas contêm traços de proteína do leite da vaca. Qual a importância da vacinação? “Tem a ver com aquilo que a gente chama do efeito rebanho. Quanto mais pessoas estiverem vacinadas, se eu não tiver uma vacinada, eu consigo segurar e conter a transmissão. Então é muito importante que a gente tenha altas coberturas vacinais principalmente para o sarampo, caxumba e rubéola”, diz ao Jornal Nacional Regiane de Paula, coordenadora em saúde da Coordenadoria de Controle de Doenças do estado de Sâo Paulo. Pediatras temem os riscos da baixa cobertura vacinal e apontam como motivos as mensagens falsas, as chamadas fake news, e a percepção errada de que o sarampo não representa mais perigo. Ao contrário, essa é uma doença que pode levar até a morte.
“Nós já tivemos nos anos passados muitos casos de sarampo. É uma doença que não poupa indivíduos sem vacina, indivíduos suscetíveis. Ao acumularmos muitas crianças sem vacinas, é um campo fértil para disseminação do vírus novamente”, afirma o infectologosta pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Fonte: G1
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