ROMA, 6 JAN (ANSA) ā Um estudo recente revelou que o gĆŖnio italiano Michelangelo Buonarroti (1475-1564) conhecia fatos sobre o sistema circulatĆ³rio humano hĆ” mais de um sĆ©culo antes dos cientistas e mĆ©dicos, como pode ser visto nos detalhes da escultura āDavidā. Exibida na Galleria dellāAccademia di Firenze, na ItĆ”lia, a obra apresenta uma veia jugular inchada e visĆvel acima da clavĆcula de David, que estĆ” prestes a combater o gigante Golias. O detalhe anatĆ“mico Ć© retratado com precisĆ£o e realismo e estĆ” claramente distendido. De acordo com a pesquisa liderada pelo cardiologista americano Daniel Gelfman, do Marian University College of Osteopathic Medicine em IndianĆ”polis, a veia da escultura estĆ” como fica a de qualquer jovem saudĆ”vel que fica excitado e prestes a arriscar sua vida.
Em entrevista ao USA Today, Gelfman explicou que Michelangelo estava ciente da ādistensĆ£o venosa temporĆ”ria da jugular em indivĆduos saudĆ”veis que estĆ£o ansiosos ou sob estresseā. āA minha reaĆ§Ć£o inicial foi de fascĆnio. David Ć© uma peƧa inspiradora e houve uma atenĆ§Ć£o incrĆvel ao detalhe e Ć precisĆ£o da anatomia fĆsicaā, contou o mĆ©dico no artigo intitulado āO sinal de Davidā. A obra foi criada pelo artista italiano cerca de 120 anos antes dessa relaĆ§Ć£o ser atestada pela ciĆŖncia mĆ©dica. āNa Ć©poca em que David foi criado, em 1504, o [mĆ©dico] William Harvey ainda nĆ£o havia descrito a verdadeira mecĆ¢nica do sistema circulatĆ³rioā, afirmou Gelfman. āIsso nĆ£o ocorreu atĆ© 1628.ā O mĆ©dico americano, que observou a estĆ”tua neste ano em uma visita Ć ItĆ”lia, foi o primeiro a perceber os detalhes. Segundo ele, āa distensĆ£o da veia jugular pode ser verificada como um desafio devido as altas pressƵes intracardĆacas e possĆveis disfunƧƵes cardĆacasā, mas, neste caso, āDavid Ć© jovem e estĆ” em Ć³tima condiĆ§Ć£o fĆsicaā.
A veia jugular inchada tambĆ©m pode ser vista na escultura de MoisĆ©s, feita em 1505, que adorna um tĆŗmulo papal em Roma. A obra mostra o profeta zangado, no momento em que ele vĆŖ os hebreus adorando āo bezerro de ouroā. āEstou impressionado com a capacidade dele em reconhecer esse achado e expressĆ”-lo em sua obra de arte quando havia informaƧƵes tĆ£o limitadas sobre fisiologia cardiovascular.
Curiosamente, ainda hoje, esse fenĆ“meno nĆ£o Ć© discutido em livros tĆpicos de cardiologiaā, finalizou Gelfman. (ANSA)
Fonte: IstoĆ