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Dados tranquilizadores sobre o uso de antidepressivos na gestação

Filadélfia – Mulheres que tomam antidepressivos podem levar mais tempo para engravidar, mas os medicamentos não têm impacto na taxa de nascidos vivos ou no risco de aborto, de acordo com uma nova pesquisa financiada pelo National Institutes of Health (NIH).

A depressão e o uso de antidepressivos são comuns entre mulheres tentando engravidar, e este estudo oferece uma “mensagem tranquilizadora”, disse a Dra. Lindsey Sjaarda, Ph.D., do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health & Human Development.

Dra. Lindsey e colaboradores avaliaram a associação entre o tempo de exposição a antidepressivos medido antes da gestação e o tempo para engravidar, a perda gestacional e os nascidos vivos em uma coorte de mulheres do ensaio clínico Effects of Aspirin in Gestation and Reproduction .

No início do estudo e em cada ciclo menstrual ou consulta pré-natal (quarta e oitava semanas), a urina das 1.218 participantes do estudo foi coletada e avaliada para a presença de fluoxetina, sertralina, escitalopram, citalopram, trazodona, nefazodona, etoperidona, antidepressivos tricíclicos e compostos relacionados.

Foram encontradas evidências de uso de antidepressivos antes da gestação – ao ingressar no estudo ou no último ciclo menstrual antes da concepção – em 183 (15%) participantes.

A exposição a antidepressivos antes da gestação foi associada a uma probabilidade um pouco menor de engravidar em um ciclo menstrual (razão de risco ou odds ratio, OR, de 0,77; intervalo de confiança, IC, de 95% de 0,61 a 0,99).

No entanto, não houve diferença na taxa global de nascidos vivos entre as mulheres que tomaram antidepressivos ou não (48% versus 56%; risco relativo ou risk ratio, RR, de 0,91; IC 95% de 0,77 a 1,08).

Nas 785 gestações confirmadas por níveis de gonadotrofina coriônica humana, não houve associação entre exposição pré-gestacional ou não exposição e abortamento (25% vs. 24%; RR = 1,04; IC 95% de 0,73 a 1,50).

“As mulheres que usaram inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) enquanto tentavam conceber demoraram um pouco mais para engravidar”, portanto, essas mulheres devem estar “preparadas para essa possibilidade”, disse a Dra. Lindsey no congresso científico de 2019 da American Society for Reproductive Medicine.

Mas é importante contextualizar esses achados. “Outros fatores – por exemplo, conciliar a relação sexual com o momento da ovulação – são mais relevantes no tempo que casais sem problemas conhecidos de fertilidade levam para engravidar”, disse ela.

Os benefícios superam os riscos

Esses dados preenchem lacunas nessa área de pesquisa “de forma significativa”, com “medidas objetivas e de boa qualidade sobre a exposição aos antidepressivos, e com a inclusão da detecção precoce de gestação e de abortos”, e confirmam uma “mensagem relativamente tranquilizadora sobre os ISRSs em geral”, disse a Dra. Lindsey.

“Esperamos que as mulheres e seus médicos possam usar este estudo para tomar decisões mais informadas e baseadas em evidências sobre o uso de ISRS enquanto tentam engravidar”, acrescentou.

“As pacientes costumam ficar preocupadas com o uso de antidepressivos durante a gestação, portanto este estudo é tranquilizador”, disse a Dra. Eve Feinberg, médica da Northwestern Medicine, nos Estados Unidos, e vice-presidente da Society for Reproductive Endocrinology and Infertility.

“Eu costumo manter os antidepressivos das pacientes”, disse ela ao Medscape.

Ela disse que discute os riscos e benefícios com as pacientes, e explica que “uma mãe saudável é igual a uma gestação saudável, com menos risco de depressão pós-parto”.

Congresso científico de 2019 da American Society for Reproductive Medicine (ASRM): Abstract O-1. Apresentado em 14 de outubro de 2019.

Fonte: Medscape

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