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Vacinação infantil em dia, saúde protegida


 
 

Quando o assunto é saúde, o velho ditado popular “melhor prevenir do que remediar” deve ser seguido à risca. E o melhor caminho para a prevenção de doenças é a vacinação. Prova disso é que muitas moléstias comuns no Brasil e no mundo já deixaram de ser um problema de saúde pública por conta das vacinas oferecidas à população em massa.

“As vacinas têm se mostrado uma das melhores ferramentas de promoção de saúde. E isso não só nas crianças, mas em adultos, gestantes e idosos”, afirma o dr. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).


Elas são, na verdade, imprescindíveis em diversas fases da vida. Não é à toa que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça, junto à população, duas questões que considera fundamentais para proteger a vida e o bem-estar das crianças e dos adolescentes: a vacinação para o controle e erradicação das doenças infectocontagiosas no país e o acesso da população à orientação de pediatras.


Vacinação para erradicar doenças


Poliomielite, tétano e coqueluche, comuns no passado, são exemplos de doenças de que pouco escutamos falar. Hoje, as novas gerações sequer sabem o perigo que representaram um dia, já que a vacinação trouxe proteção contra essas doenças. Por isso é tão importante seguir o Calendário Nacional de Vacinação, disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo o Ministério de Saúde, o Brasil possui o maior programa público de imunização do mundo. Por ano, são mais de 300 milhões de doses de vacinas aplicadas na população. “Foi por meio dos programas de vacinação que conseguimos eliminar a rubéola, o tétano, a difteria, a paralisia infantil, entre outras doenças, responsáveis por uma grande taxa de mortalidade infantil no passado”, garante o especialista.


Vacinação: dose dada nunca é perdida


O Calendário Nacional de Vacinação disponibiliza vacinas para mais de 20 doenças, cuja aplicação deve ser iniciada ainda nos recém-nascidos e estender-se por toda a vida, já que contempla não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes, incluindo povos indigenas. É importante, no entanto, ter atenção para que cada dose seja administrada na idade recomendada. Porém, caso tenha perdido o prazo de alguma dessas doses, vale retornar à unidade de saúde para que haja uma atualização. Ao contrário do que alguns imaginam, a dose não dada não é perdida. “Se a pessoa tomou uma dose de certa vacina, o sistema imunológico já é estimulado. Podem-se passar 20, 30 anos, e, mesmo assim, a dose que está em falta poderá ser aplicada para complementar o calendário. A dose dada é, de verdade, dada e não fica perdida”, explica Kfouri.


E completa: “Os adultos também são vulneráveis a pegar hepatite, sarampo, coqueluche, catapora, tétano e outras. E ainda podem transmiti-las para um bebê ou uma criança que ainda não recebeu todas as suas vacinas. Por isso que pais, irmãos, cuidadores e profissionais da saúde, estando vacinados, diminuem o risco de transmissão dessas doenças às crianças, em especial aos lactentes, que no começo da vida ainda não estão vacinados. Um exemplo: os bebês só vão receber a dose da vacina da gripe após os 6 meses; a da coqueluche, que completa a proteção após terceira dose, só com 6 meses, entre outras”, explica o médico.


De acordo com o dr. Kfouri, uma das medidas mais importantes de prevenção de doenças, as vacinas combinadas proporcionam, com uma picada, proteção para diversas enfermidades. “Ela combina várias vacinas contra diferentes doenças em uma mesma injeção, trazendo comodidade, conforto e menor número de visitas da família ao médico. Ela permite acomodar as vacinas num calendário factível de ser realizado, para conseguirmos proteger a criança, e com menos injeções. Isso é muito bom. Um exemplo desse tipo de vacina é a penta. Protege contra cinco doenças em uma única dose. A tríplice viral é outra: previne o sarampo, a caxumba e a rubéola.”


Imunização é vital


Vale lembrar que, embora as doenças evitáveis por meio da vacinação tenham se tornado raras em diversos países, os seus agentes infecciosos continuam a circular e podem infectar qualquer pessoa que não esteja imunizada. Em 2005, por exemplo, ocorreram focos de sarampo em populações não vacinadas em alguns países da Europa Ocidental, como Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Espanha, Suíça e Reino Unido.

Não foi diferente no Brasil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já tinha alertado, em novembro de 2018, que os casos de sarampo estavam aumentando no mundo e que por aqui o panorama poderia se repetir. Só naquele ano, o país teve 10.326 casos confirmados da doença. Em 2019, passou para 13.489 casos confirmados até o mês de novembro, com a presença da doença nas cinco regiões do país. Os estados do Pará, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Paraná e de Santa Catarina lideraram os números de casos, com 96,7% dos registros. Por conta disso, o Brasil acabou perdendo a certificação de país livre da doença, conferida pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). “O Pará concentra cerca de 60% dos casos no país. Em 2018, São Paulo era o epicentro da doença. Há baixas coberturas vacinais, ainda mais neste momento de pandemia da Covid-19, em que as pessoas estão com receio de procurar um centro de saúde para se vacinar, é um momento delicado. A falta de imunização pode fazer com que a doença volte a se manifestar”, diz o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações.


Vacinação em dia, mesmo na pandemia


Apesar de estarmos em pleno isolamento social por causa da pandemia da Covid-19, as imunizações não devem ser deixadas de lado. De acordo com a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), há um declínio alarmante no número de crianças que recebem vacinas vitais em todo o mundo. Isso ocorre devido a interrupções na entrega e na aceitação dos serviços de imunização causadas pelo cenário atual do coronavírus. E esse novo quadro ameaça reverter o progresso conquistado até aqui em termos de imunização.


Com o objetivo de conscientizar especialistas e o público em geral sobre a importância de não postergar a vacinação, a SBIm – em parceria com a SBP e o Unicef – realizou, recentemente, a campanha “Vacinação em dia, mesmo na pandemia”.


Na cartilha digital Pandemia da Covid-19: o que muda na rotina das imunizações, é possível encontrar orientações sobre como manter as atividades de vacinação durante este período e estratégias. Portanto, é fundamental manter a vacinação, seja no sistema público de saúde ou em clínicas particulares. “Existem diferenças entre o calendário público e o privado, como a relação da extensão da faixa etária de utilização – em que certas vacinas só estão previstas no programa público para uma parte da população. Além disso, algumas, mais novas, ainda não foram incorporadas ao serviço público, como a de meningite B. Há, também, versões mais atuais de, que oferecem mais proteção e que são encontradas somente no privado”, finaliza.


Em cada fase, uma vacina

De acordo com o Calendário de Vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacinação deve seguir o seguinte programa:


Ao nascer BCG (bacilo Calmette-Guérin) – (tuberculose, principalmente miliar e meníngea) – dose única Hepatite B – dose ao nascer


2 meses Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, Haemophilus influenzae B) – 1ª dose Hexavalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae B, poliomielite e hepatite B) – 1ª dose Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – (VIP) – 1ª dose Pneumocócica 10-valente (conjugada) (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – 1ª dose Rotavírus humano – 1ª dose


3 meses Meningocócica C (conjugada) – 1ª dose


4 meses Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, Haemophilus influenzae B) – 2ª dose Hexavalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae B, poliomielite e hepatite B) – 2ª dose Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – (VIP) – 2ª dose Pneumocócica 10-valente (conjugada) (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – 2ª dose Rotavírus humano – 2ª dose


5 meses Meningocócica C (conjugada) – 2ª dose


6 meses Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, Haemophilus influenzae B) – 3ª dose Hexavalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae B, poliomielite e hepatite B) – 3ª dose Poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – (VIP) – 3ª dose


9 meses Febre amarela – uma dose


12 meses Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose Pneumocócica 10-valente (conjugada) (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – reforço Meningocócica C (conjugada) – reforço


15 meses Pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, Haemophilus influenzae B) – 4ª dose Hexavalente (difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae B, poliomielite e hepatite B) – 4ª dose DTP (difteria, tétano e coqueluche) – 1º reforço Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – 1º reforço Hepatite A – uma dose Tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora) – uma dose


4 anos DTP (difteria, tétano e coqueluche) – 2º reforço Poliomielite 1 e 3 (atenuada) (VOP) – 2º reforço Varicela atenuada (varicela/catapora) – uma dose dTpa-VIP (difteria, tétano, coqueluche e poliomielite) – reforço [17]

Crianças de 6 meses a 5 anos (5 anos, 11 meses e 29 dias) deverão tomar uma ou duas doses da vacina influenza durante a Campanha Anual de Vacinação da Gripe.


Adolescente Algumas vacinas só são administradas na adolescência. Outras precisam de reforço nessa faixa etária. Doses atrasadas podem ser colocadas em dia.


Menina de 9 a 14 anos HPV – duas doses (seis meses de intervalo entre as doses)


Menino de 11 a 14 anos HPV – duas doses (seis meses de intervalo entre as doses)


11 a 14 anos MenACWY [15]


10 a 19 anos Hepatite B – três doses (a depender da situação vacinal anterior) Febre amarela – uma dose (a depender da situação vacinal anterior) Dupla adulto (dT) (difteria e tétano) – reforço a cada 10 anos Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – duas doses (de acordo com a situação vacinal anterior) Pneumocócica 23-valente (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – uma dose (a depender da situação vacinal anterior); está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos


Adulto Imunizados, familiares podem oferecer proteção indireta a bebês que ainda não estão na idade indicada para receber algumas vacinas, além de outras pessoas que não estão protegidas.


20 a 59 Hepatite B – três doses (a depender da situação vacinal anterior) Febre amarela – dose única (a depender da situação vacinal anterior) Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – verificar a situação vacinal anterior, se nunca vacinado: receber duas doses (20 a 29 anos) e uma dose (30 a 49 anos) Dupla adulto (dT) (difteria e tétano) – reforço a cada 10 anos Pneumocócica 23-valente (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – uma dose; está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos)


Idoso 60 anos ou mais Hepatite B – três doses (verificar situação vacinal anterior) Febre amarela – dose única (verificar situação vacinal anterior) Dupla adulto (dT) (difteria e tétano) – reforço a cada 10 anos Pneumocócica 23-valente (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo) – reforço (a depender da situação vacinal anterior); está indicada para população indígena e grupos-alvo específicos, como pessoas com 60 anos e mais não vacinadas que vivem acamadas e/ou em instituições fechadas Influenza – uma dose (anual)


Gestante A vacina é essencial para prevenir doenças para si e para o bebê.

Hepatite B – três doses (a depender da situação vacinal anterior) Dupla adulto (dT) (difteria e tétano) – três doses (a depender da situação vacinal anterior) Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) (difteria, tétano e coqueluche) – uma dose a cada gestação a partir da 20ª semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias após o parto).


Fonte: Revista Crescer

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