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Vacinas podem ajudar a prevenir sintomas da Covid-19 longa, diz estudo


 
 

Um estudo publicado nesta quarta-feira (1º) no periódico científico The Lancet mostrou que as vacinas reduziram pela metade as chances de sintomas relacionados à Covid-19 longa. A análise considerou pessoas vacinadas com as duas doses dos imunizantes disponíveis no Reino Unido, incluindo a Pfizer, AstraZeneca e Moderna.


Cansaço, dores no corpo, falta de ar, insônia e dificuldades para realizar atividades cotidianas são alguns dos sintomas relatados por pacientes que tiveram a chamada “Covid-19 longa“, que semanas ou meses após a infecção causada pelo novo coronavírus ainda enfrentam uma batalha para voltar à vida normal.


O artigo destaca, ainda, que após a imunização completa, as chances de hospitalização foram reduzidas em mais de dois terços. Além disso, as pessoas vacinadas têm quase duas vezes mais probabilidade de desenvolver quadros assintomáticos.


O estudo mostrou também que pessoas com mais de 60 anos de idade ou com comorbidades tiveram maior chance de infecção, especialmente os que receberam apenas uma dose.


Entenda o estudo


Os pesquisadores utilizaram dados reportados por pessoas do Reino Unido, de 8 de dezembro de 2020 a 4 de julho de 2021, no aplicativo ZOE, disponíveis no estudo UK Covid Symptom.


Eles descobriram que mais de 1,2 milhão de adultos receberam pelo menos uma dose das vacinas da Pfizer, AstraZeneca ou Moderna. Menos de 0,5% relatou ter sido infectado mais de 14 dias após a aplicação. De 1.240.009 indivíduos que receberam a primeira dose, apenas 6.030 apresentaram casos positivos.


Entre os adultos que receberam duas doses, menos de 0,2% tiveram uma infecção disruptiva (breakthrough infection, em inglês), que é quando um indivíduo vacinado adoece pelo mesmo agravo que a vacina pretende prevenir. Segundo os dados do estudo, foram 2.370 casos positivos para 971.504 pessoas que receberam a segunda dose mais de sete dias após a aplicação.


A análise destaca que entre aqueles que tiveram uma infecção disruptiva, a probabilidade de que o caso fosse assintomático aumentou em 63% após uma dose da vacina e em 94% após a segunda dose.


Os pesquisadores também descobriram que as chances de hospitalização foram reduzidas em aproximadamente 70% após uma ou duas doses. Já a probabilidade de desenvolvimento de doença grave, definida como apresentar cinco ou mais sintomas na primeira semana da doença, foram reduzidas em aproximadamente um terço.


Redução de sintomas


As chances de casos da Covid-19 longa, com sintomas por 28 dias ou mais após a infecção, foram reduzidas em 50% após duas doses. Entre as pessoas que apresentaram sintomas após uma ou duas doses da vacina, como fadiga, tosse, febre e perda do paladar e do olfato, quase todos os sintomas foram relatados com menos frequência do que em pessoas não vacinadas.


Em indivíduos mais frágeis ou com a saúde debilitada, com mais de 60 anos, a probabilidade de uma infecção disruptiva após uma dose da vacina quase dobrou, em comparação com os mais velhos saudáveis. Além disso, em idosos que receberam apenas a primeira dose da vacina, a infecção pela Covid-19 foi associada a comorbidades, como doenças renais, cardíacas e pulmonares.


De acordo com o estudo, o risco de infecção em pessoas vacinadas também foi associado às condições de moradia. Os moradores de áreas mais precárias e com escassez de recursos tiveram mais chances de infecção após a primeira dose. A análise aponta como fatores que podem facilitar a disseminação do vírus a convivência aproximada, como nos lares de idosos, e menores taxas de vacinação nessas comunidades.


As hipóteses por trás da Covid longa


A infectologista Raquel Stucchi, do Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp), explica que o efeito da vacina pode variar de uma pessoa para outra, por questões próprias do organismo. Embora os imunizantes sejam projetados para evitar casos graves, para algumas pessoas, a eficácia pode chegar a 100% na prevenção até mesmo da infecção e do desenvolvimento de quadros leves da doença.


Nesse sentido, a vacinação também pode contribuir para a redução dos sintomas associados à Covid-19 longa. Segundo a especialista, não há uma explicação única do porquê a doença pode ter um impacto mais duradouro para algumas pessoas.


“Os pacientes que ficaram internados com quadros mais graves são os que têm uma recuperação bem mais difícil e que relatam queixas como fraqueza, queda de produtividade, cansaço para realizar atividades simples, alterações de memória e sensação de taquicardia”, diz.


Os riscos da tempestade inflamatória


A inflamação é um mecanismo natural do organismo humano que dispara uma série de reações diante de um agente nocivo, como vírus, bactérias ou parasitas. A ação tem como objetivo eliminar o causador de prejuízos ao organismo, além de células e tecidos lesionados. No entanto, quando exacerbada, pode causar danos ao próprio corpo. Segundo os especialistas, a condição pode favorecer os sintomas da Covid-19 longa.


Pacientes com quadros graves de Covid-19 podem apresentar o que os cientistas chamam de “tempestade inflamatória”, que é a resposta excessiva do sistema imunológico. “A tempestade inflamatória acontece no curso da doença para quem tem uma forma mais grave. No mínimo, aquela pessoa que precisou internar e de uma suplementação de oxigênio”, explica Raquel.


“Quanto mais grave, com comprometimento pulmonar ou fenômeno de trombose pela Covid-19, mais inflamação a pessoa tem. Este processo inflamatório acaba agredindo vários órgão e tecidos e poderia, eventualmente, explicar todos esses sintomas da Covid longa”, completa.


Proteção das vacinas


O pneumologista Gustavo Prado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, explica que o risco de manifestação da Covid-19 longa é maior em pacientes idosos e que apresentam mais sintomas na fase aguda da infecção.


“Mesmo quando falamos de formas mais leves da doença, quanto mais abundantes forem os sintomas da manifestação da fase aguda – temos pacientes que apresentam vários sintomas como a fadiga, dor de cabeça, perda do olfato e paladar– também mais provável é o desenvolvimento da Covid longa”, afirma.


O especialista reforça que embora as vacinas tenham sido desenvolvidas para a prevenção de casos graves e mortes, os imunizantes têm apresentado resultados positivos na redução da infecção e na diminuição da carga viral entre os infectados que foram vacinados.


“Como todas as vacinas que foram aprovadas nas diferentes agências regulatórias, do Brasil, da Europa, da América do Norte e da Ásia, reduzem o risco de manifestação da doença em si, é de se esperar que todas elas tenham efeito protetivo para a manifestação da Covid longa”, disse.


Fonte: CNN

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