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Uso do óleo de Cannabis para a epilepsia grave é vetado na Inglaterra

O National Institute for Health and Care Excellence (NICE) decidiu não recomendar o óleo da Cannabis, canabidiol, com clobazam para tratar duas formas de epilepsia grave resistente ao tratamento; as síndromes de Dravet e de Lennox-Gastaut.

Entretanto, a organização afirmou que pretende trabalhar com o fabricante para resolver os problemas apontados pela sua avaliação.

Em uma recomendação provisória o NICE disse que, embora o canabidiol com clobazam tenha reduzido a incidência dos principais tipos de convulsões associadas às síndromes de Dravet e de Lennox-Gastaut em comparação com o tratamento padrão com anticonvulsivantes, a eficácia do tratamento em longo prazo é incerta.

O fabricante não confirmou o preço de tabela do canabidiol, mas o NICE afirmou ter preocupações quanto a estimativas de custo-efetividade.

Meindert Boysen, diretor do Centre for Health Technology Evaluation do NICE, disse: “Embora o comitê tenha aceitado que as evidências mostram que o canabidiol associado ao clobazam reduz a frequência das crises convulsivas, sua eficácia em longo prazo é desconhecida; e o comitê não ficou convencido pela maneira como a empresa modelou o efeito no aumento da expectativa ou na melhora da qualidade de vida. Com base nas evidências apresentadas o comitê não pôde recomendar o canabidiol associado ao clobazam como um uso eficaz dos recursos do NHS.”

“No entanto, estamos comprometidos a trabalhar com a empresa para resolver os problemas de viabilidade econômica identificados pelo comitê e a ajudá-la a entender o que pode ser feito para reduzir o custo do canabidiol para o NHS. Os pacientes, os seus familiares e os profissionais de saúde não merecem nada menos do que isso.”

Um relatório do NHS publicado no início de agosto concluiu que a falta de dados de qualidade era um “grande obstáculo” para que os pacientes do NHS pudessem obter produtos à base de Cannabis para o uso medicinal.

O objetivo do relatório foi abordar algumas das preocupações manifestadas por médicos e pacientes desde a alteração da lei no Reino Unido em novembro de 2018, permitindo que médicos especialistas prescrevessem produtos à base de Cannabis para uso medicinal.

O professor David Nutt, diretor do Centre for Neuropsychopharmacology do Imperial College London, disse que a decisão do NICE respaldou sua crença de que os produtos à base de Cannabis eram inadequados para os programas tradicionais de desenvolvimento farmacêutico devido ao alto custo.

Ele que “outra importante questão no caso dessas epilepsias é o fato de o canabidiol, por si só, não ser particularmente eficaz”. A maioria dos desfechos bem-sucedidos guarda relação com o uso do óleo da Cannabis, que contém outras moléculas como d9THC e THCV, igualmente anticonvulsivantes.

“Desenvolver e testar essas combinações seria extremamente difícil, oneroso e, dado que pode nem ser reembolsado pelo NICE, em última análise, fútil. É por isso que nenhuma das grandes farmacêuticas está envolvida.”

O canabidiol é usado como solução oral de 100 mg/mL. Ainda não está licenciado para uso no Reino Unido, mas o NICE disse que, embasado em uma postura positiva adotada pelo European Medicines Agency’s Committee for Medicinal Products for Human Use, reunido em julho, prevê que a autorização para a comercialização possa ser concedida em breve.

As partes consultadas, como a empresa, os profissionais de saúde e o público, podem comentar sobre a recomendação provisória até o dia 16 de setembro de 2019.

Renúncia de Sir Andrew Dillon

Sir Andrew Dillon anunciou que deixará o cargo de diretor executivo do NICE no ano que vem. Ele lidera a organização desde quando foi criada, há mais de 20 anos.

Sir Andrew assumiu o posto em 1999 e foi novamente nomeado quando o NICE se fundiu com a Health Development Agency, em 2005.

Anteriormente, ele ocupara o cargo de executivo-chefe do St. George’s Healthcare NHS Trust.

Sir Andrew disse: “Tem sido um privilégio liderar a organização em suas duas primeiras décadas. O NICE contribuiu significativamente para melhorar os desfechos das pessoas que usam o serviço de saúde e para o uso eficiente dos recursos. Sinto muito orgulho de ter participado dessas conquistas.”

Sir David Haslam, presidente do NICE, disse: “O papel do diretor executivo do NICE deve ser um dos mais desafiadores e potencialmente controversos da vida pública britânica. Sir Andrew desempenha com enorme sucesso esse papel há 20 anos, e todos que o conhecem – seja no governo, na indústria de biociência ou na área da assistência social ou da saúde – têm grande admiração por sua liderança calma e hábil.

“Ele estava presente quando o NICE nasceu e o deixará como uma organização de renome internacional, líder mundial e extremamente influente.”

Sir Andrew renunciará no final de março de 2020. A busca por um novo diretor executivo começará neste outono, disse o NICE.

Aprovação do tratamento da psoríase em placas

O NICE aprovou o risanquizumabe como uma opção para o tratamento de adultos com psoríase em placas.

Em uma versão definitiva, a organização recomendou o uso em casos graves da doença e sem resposta aos outros tratamentos sistêmicos.

O NICE disse que as evidências de ensaios clínicos mostraram que o risanquizumabe é mais eficaz do que o adalimumabe e o ustequinumabe, e que provavelmente proporciona benefícios à saúde semelhantes aos do guselcumabe.

O preço de tabela do risanquizumabe era de cerca de 16.500 reais por duas seringas pré-abastecidas de 75 mg, mas o fabricante concordou em disponibilizar o medicamento com desconto.

Outras notícias do NICE

O NICE atualizou o seu padrão de qualidade, cobrindo a avaliação, o gerenciamento e a assistência prestados a pessoas a partir de 14 anos de idade com comorbidade psiquiátrica grave e abuso de substâncias.

Foi anunciada uma consulta sobre o projeto de padrão de qualidade na assistência ao parto para mulheres com comorbidades ou complicações obstétricas e seus bebês.

A data de encerramento dos comentários é 23 de setembro de 2019.

Uma consulta sobre o projeto de orientação clínica para a avaliação e o tratamento inicial da febre nas crianças com menos de cinco anos será realizada até 19 de setembro de 2019.

Redução de óbitos pela síndrome da morte súbita do lactente

Houve 183 mortes associadas à síndrome da morte súbita do lactente na Inglaterra e no País de Gales em 2017, apontaram dados do Office for National Statistics (ONS) – uma redução de 19% em comparação com o ano anterior.

O ONS disse que a taxa de mortalidade da síndrome da morte súbita do lactente diminuiu de 0,50 mortes por 1.000 nascidos vivos em 2004, quando os registros começaram, para 0,27, em 2017 – a mais baixa já registrada.

Rabiya Nasir, estatística do ONS, comentou que “a nova queda ocorre depois da nossa última compilação de dados ter mostrado um aumento entre 2015 e 2016 e restabelece a tendência em longo prazo.

“A queda do número de mortes pela síndrome da morte súbita do lactente pode ser devida a fatores como a redução de gestantes tabagistas e o aumento da conscientização sobre hábitos noturnos mais seguros.”

Nova tecnologia para identificar sepse

O uso inovador da tecnologia nos hospitais está melhorando o diagnóstico da sepse, anunciou o NHS da Inglaterra esta semana.

O NHS disse que os seus líderes em Cambridge, Liverpool e Berkshire estavam ajudando colegas a adotarem técnicas que poderiam ajudar a salvar algumas das 37.000 vidas perdidas a cada ano para a doença.

As ferramentas utilizadas foram:

  1. Um sistema digital em um hospital de Liverpool que reuniu em um só lugar os resultados dos exames laboratoriais e as anotações sobre os pacientes para ajudar a equipe a diagnosticar e tratar quadros prováveis de sepse, e que acredita-se ter salvado cerca 200 vidas por ano

  2. Um sistema digital em Berkshire que aumentou as taxas de triagem em 70%, levando ao rastreamento da sepse em 9 de cada 10 pacientes admitidos, em comparação com 2 em cada 10 antes do recurso

  3. Um recurso eletrônico de “alerta e ação” em Cambridge, que testemunhou a redução consistente das mortes por sepse nos últimos três anos, salvando pelo menos 64 vidas

O Dr. Simon Eccles, diretor de informações clínicas do NHSX, a unidade criada para impulsionar a transformação digital do sistema de saúde, disse que “na medida em que implementamos o Plano de Longo Prazo do NHS, muitas partes do país estão usando tecnologia de ponta para salvar mais vidas e este programa está ajudando a garantir que o aprendizado seja disseminado por todo o NHS para que outras pessoas possam se beneficiar do seu sucesso”.

Fonte: Medscape

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