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Um em cada dois pacientes com melanoma metastático segue vivo após cinco anos

Barcelona, Espanha — Um em cada dois pacientes com melanoma metastático tratados com a combinação de ipilimumabe e nivolumabe permaneceram vivos após cinco anos, indicam os resultados atualizados do mais longo ensaio clínico em andamento com dois imunoterápicos.

“Este é um grande passo em relação ao que vimos até hoje”, disse o pesquisador, Dr. James Larkin, Ph.D., médico do The Royal Marsden NHS Foundation Trust, no Reino Unido.

“Há 10 anos, cinco anos de sobrevida para o melanoma girava em torno de 5%. Com a monoterapia com ipilimumabe, que tem sido utilizada há aproximadamente 10 anos, cerca de 20% dos pacientes sobrevivem em longo prazo, e o restante sobrevive apenas de seis a nove meses”, acrescentou.

O Dr. James apresentou os novos dados de sobrevida, provenientes do ensaio clínico CheckMate 067, na reunião anual da European Society for Medical Oncology (ESMO 2019). Os resultados foram publicados simultaneamente no periódico New England Journal of Medicine.

O especialista em melanoma Dr. Michael Postow, médico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, nos Estados Unidos, concordou que estes dados estão fazendo história.

“Este estudo fornece os dados de acompanhamento mais longo que dispomos para os pacientes tratados com a combinação de nivolumabe e ipilimumabe. É notável que mais de 50% dos pacientes com melanoma avançado agora tenham sobrevida em longo prazo”, disse o Dr. Michael ao Medscape.

O especialista acrescentou que a combinação tem lugar cativo na prática clínica, não somente para os pacientes com melanoma, como também para os pacientes com carcinoma de células renais e alguns tipos de câncer de cólon.

Mudança no panorama do tratamento

O Dr. Michael explicou que o advento do ipilimumabe apresentou a oncologia às incríveis possibilidades de bloqueio de checkpoint imunitário. O nivolumabe e o pembrolizumabe, mostraram então que os resultados podem ser ainda melhores – e com menos efeitos colaterais – do que os do ipilimumabe.

“Agora, a combinação de nivolumabe e ipilimumabe introduziu uma nova era de combinação de imunoterápicos, aumentando ainda mais seus benefícios”, disse Dr. Michael, acrescentando que esta combinação é “um fantástico avanço” para os pacientes com melanoma e outros tipos de câncer.

“Precisamos agora encontrar maneiras de identificar quais pacientes se beneficiam mais, e se novas formas de administração do nivolumabe e do ipilimumabe preservam sua eficácia antitumoral com menos efeitos colaterais”, explicou Dr. Michael.

“A combinação não é para todos os pacientes com melanoma, dado que os pacientes precisam ser adequadamente selecionados devido ao potencial de efeitos colaterais”, disse o Dr. Michael. Mas o especialista acrescentou que a combinação de nivolumabe e ipilimumabe é mais poderosa do que a monoterapia com nivolumabe ou pembrolizumabe, com índices de resposta mais altos e mais efeitos colaterais.

“Se os pacientes tiverem indicação tanto para a combinação de nivolumabe e ipilimumabe, quanto para a monoterapia com nivolumabe ou pembrolizumabe, as duas estratégias devem ser discutidas com os pacientes, e a decisão, cuidadosamente ponderada”, disse o médico.

O Dr. James concordou, observando que atualmente não existe nenhum método para prever quais pacientes têm mais probabilidade de se beneficiar da combinação de imunoterápicos. “A decisão sobre quais medicamentos prescrever é uma questão para os médicos discutirem com cada paciente e seus familiares”, disse Dr. James.

“Os dois medicamentos juntos definitivamente têm o seu papel no tratamento do melanoma metastático, e serão a escolha de alguns pacientes. Para outros, a decisão pode ser a de administrar os medicamentos em sequência”, disse Dr. James.

Resultados do CheckMate 067

O CheckMate 067 randomizou 945 pacientes para receber uma combinação de ipilimumabe e nivolumabe (N = 314), nivolumabe isolado (N = 316) ou ipilimumabe isolado (N = 315).

Em cinco anos, os índices de sobrevida global foram de 52% para a combinação de nivolumabe e ipilimumabe, 44% para o nivolumabe isolado e 26% para o ipilimumabe isolado.

A sobrevida livre de progressão da doença em cinco anos reproduz os dados da sobrevida global: 36% para a combinação, 29% para o nivolumabe isolado e 8% para o ipilimumabe isolado.

Dr. James informou que foram observadas taxas de resposta objetiva (ORR, sigla do inglês Objective Response Rates) em 58% dos pacientes que receberam a combinação, 45% dos pacientes com nivolumabe isolado e 19% com ipilimumabe isolado.

“Enquanto as taxas de resposta objetiva permaneceram estáveis, as de resposta completa melhoraram nas análises feitas no terceiro, quarto e quinto anos”, disse o pesquisador.

Menos pacientes no braço da combinação fizeram tratamento subsequente (46% para a combinação, 59% para o nivolumabe isolado e 75% para o ipilimumabe isolado).

“O intervalo sem tratamento é um desfecho importante para os pacientes”, disse o Dr. James. Entre os pacientes que suspenderam o tratamento, o intervalo sem tratamento foi maior para os pacientes que receberam a combinação (18,1 meses em comparação com 1,9 meses na monoterapia com nivolumabe e 1,8 meses na monoterapia com ipilimumabe).

Três quartos dos pacientes (74%) que receberam a combinação estavam vivos e sem tratamento no final de cinco anos, quantidade significativamente maior do que os 58% que receberam nivolumabe isolado e os 45% que receberam ipilimumabe isolado.

Nenhum novo sinal de segurança ou de óbito relacionado com o tratamento foram notificados após cinco anos, informou Dr. James.

Atividade contra metástases cerebrais

O Dr. Michael comentou que a combinação de nivolumabe e ipilimumabe é o tratamento de escolha para muitos pacientes com melanoma avançado, especialmente aqueles com metástase cerebral.

Sobre esse assunto, a Dra. Georgina V. Longo, médica do Melanoma Institute Australia, na Austrália, informou em outra apresentação que os pacientes que recebem esta combinação tiveram a melhor resposta intracraniana (51% para a combinação e 20% para nivolumabe isolado) e, também, melhores índices de sobrevida.

Os dados da Dra. Georgina foram de um ensaio clínico Anti-PD-1 Brain Collaboration (ABC) que comparou a combinação de ipilimumabe e nivolumabe com o nivolumabe isolado em pacientes com metástase cerebral (Abstract 1311O).

Os pesquisadores do ABC da Austrália e da Nova Zelândia recrutaram 60 pacientes que não fizeram tratamento para metástase cerebral assintomática para receber a combinação de ipilimumabe e nivolumabe (N = 35) ou nivolumabe isolado (N = 25).

O ensaio clínico também teve uma coorte separada, com 18 pacientes, que foram previamente tratados ou que tinham metástase cerebral sintomática. Esses pacientes receberam nivolumabe isolado, e estes resultados não serão discutidos.

Os índices de resposta completa (RC) e parcial (RP) também foram maiores para os pacientes recebendo a combinação. Tanto a resposta completa como a resposta parcial foram de 26% para os pacientes que receberam a combinação, em comparação com 16% e 4%, respectivamente, para os pacientes que receberam o nivolumabe.

Os pacientes que receberam a combinação de medicamentos também apresentaram melhor resposta extracraniana (57% vs. 29% para o nivolumabe isolado).

Em três anos, a sobrevida livre de progressão da doença intracraniana foi de 43% para os pacientes que receberam a combinação de medicamentos e de 15% para os que receberam nivolumabe isolado. Em três anos, a sobrevida global foi de 49% para os pacientes que receberam a combinação e de 42% para os que receberam nivolumabe isolado.

A Dra. Georgina relatou que não houve toxicidade inesperada, e que a qualidade de vida foi mantida entre os grupos do estudo.

Fonte: Medscape

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