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Será que segunda-feira é mesmo o pior dia da semana para a saúde mental?



Você é da turma que no domingo à noite começa a sentir aquele desconforto ao saber que o amanhã é segunda-feira? Para oito em cada dez pessoas de um total de mil entrevistados pela Zety, uma plataforma de carreiras dos Estados Unidos, a resposta é sim, por considerarem esse dia útil muito estressante para se trabalhar. Os dados foram divulgados em janeiro deste ano.


Não à toa, no ano passado, o Guinness World Records (antigo Guinness Book, em português Livro dos Recordes) elegeu a segunda o pior dia da semana. O veredito foi dado com base em diversas opiniões coletadas ao redor do planeta. Algo que, nas últimas décadas, até acabou sendo investigado pela comunidade científica, para descobrir se realmente faz sentido ou não.


Não há muitos estudos sobre, mas o que os pesquisadores constataram é que a segunda-feira não é a única com má reputação. A Universidade de Connecticut (EUA) e o Journal of Banking & Finance, por exemplo, concluíram que a terça-feira é o dia mais desgastante e mal-humorado da semana. Já para a Universidade de Sydney (Austrália), ficar para baixo é típico da quarta-feira.


O que está por trás desses dias?


No que compete à segunda-feira, segundo Luiz Scocca, psiquiatra pelo HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP), a ideia de ela ser ruim em termos de saúde mental é resultado de uma combinação de fatores culturais, sociais e psicológicos. Historicamente, as pessoas associam-na ao retorno à rotina e aos seus compromissos, após uma trégua ou pausa.


"Há um contraste muito grande. No final de semana costuma-se relaxar, dormir até mais tarde e se descuidar um pouco mais dos cuidados pessoais, da dieta, e há uma falta de motivação para enfrentar as responsabilidades", continua o médico, emendando que o início da semana exige o oposto disso e pode ser mais difícil quando não se gosta do que se faz, por exemplo.


Para os que consideram a terça um mau dia, teria a ver com um aumento da produtividade, considerando que na segunda estamos mais lentificados, além da percepção de uma semana longa e ocupada pela frente. A quarta, por sua vez, é apontada como um dia de cansaço, já que muita coisa foi cumprida desde que a semana começou e ainda falta mais até a próxima folga.


Diferentes sofrimentos na semana


Mau humor, angústia, preguiça, tristeza, tudo isso costuma ser relatado por quem sofre com a aproximação ou chegada da segunda-feira. Como o sono e o ritmo do metabolismo se alteram nos fins de semana, o retorno abrupto para a realidade, que para alguns já é estressante, pode também gerar ansiedade, depressão e uma sensação de obrigatoriedade em todos os afazeres.


Às terças, foi descoberto que muita gente falta ao trabalho, doente. Quanto às quartas, a fadiga apontada como sua marca pode causar problemas de memória, raciocínio e concentração, irritabilidade, preocupação excessiva. Mas a pesquisa australiana concluiu que mesmo às sextas, sábados e domingos é possível se sentir pressionado, frustrado e cheio de dúvidas existenciais.


Diria que não tem a ver com dias específicos, culpados por sentimentos e emoções negativos. Pode ser qualquer um após um tempo de descanso, pela maneira como interpretamos e lidamos com a desorganização e reação de tranco do organismo ao retomar e encarar atividades do dia a dia.Henrique Bottura, psiquiatra e diretor do IPP (Instituto de Psiquiatria Paulista)


Todos os dias podem ser melhores


No fim das contas, não importa se é a segunda, ou qualquer outro dia da semana que está lhe causando insatisfação, pois é você quem precisa se autoanalisar para descobrir realmente os motivos que podem estar por trás, e a partir disso aprender a superar sofrimentos e se adaptar à realidade. Às vezes, é chegada a hora de você trocar de emprego, tirar férias, rever sua vida.


"Separar diariamente um tempo não só para se fazer psicoterapia, como também atividade física, aquilo de que se gosta, tomar sol, entrar em contato com a natureza e cuidar da alimentação, contribui e muito à saúde mental, pois são estimulados hormônios relacionados à felicidade e disposição", diz Leide Batista, psicóloga pela Faculdade Castro Alves e do Hospital da Cidade, em Salvador.


Apesar de as pesquisas sugerirem que atribuímos estereótipos a determinados dias da semana que influenciam nossa forma de pensar e perceber, para muita gente o que realmente falta é equilíbrio. Portanto, isso se traduz ainda em não viver somente para trabalhar e aos finais de semana não fazer outra coisa a não ser sair do sofá, ou então cuidar apenas de afazeres do lar.


A seguir, conheça estratégias para contornar a negatividade durante os sete dias da semana:

  • Ao concluir o expediente, dê uma recompensa a você mesmo, para não ansiar sempre pelo final de semana.

  • Para evitar sobrecarga de afazeres diários, planeje-se e agende suas entregas e prioridades.

  • Estabeleça horários para dormir e acordar que sejam sempre os mesmos, todos os dias.

  • Não interrompa suas metas no final de semana, como se exercitar, controlar o cigarro, reduzir a bebida, comer melhor.

  • Evite os excessos no final de semana, ou à noite, para ter mais disposição no dia seguinte.

  • Esforce-se para se divertir e relaxar tanto quanto para se sair bem no trabalho e nos estudos.

  • Aproveite o tempo livre para se cuidar, descansar, fazer atividades que dão prazer.

  • Reflita sobre o quão agregador e prazeroso é para si o que você desempenha no dia a dia.

  • Tente não misturar assuntos e tarefas da vida pessoal e profissional e estabeleça limites.

  • Aprenda a delegar e a não reter para si o que é dever e responsabilidade dos outros.


Fonte: UOL

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