top of page

'Saí de Wuhan no último avião': brasileiro que vive na China relata tensão do surgimento da Covid


 
 

Quando a gravidade da Covid-19 começou a vir à tona, o empresário brasileiro José Renato Peneluppi Jr., de 39 anos, que vive em Wuhan há mais de 10 anos, teve que tomar uma decisão rápida para não ficar retido no severo lockdown imposto pelas autoridades chinesas no começo de 2020 na primeira cidade afetada pela doença.

"O lockdown me foi informado quando eu estava no aeroporto esperando meu voo. E acabou sendo o último voo que saiu de Wuhan", conta Peneluppi no primeiro episódio da série "A Corrida das Vacinas", que já está disponível no Globoplay, aberta mesmo para quem não é assinante. O brasileiro conta que tinha acabado de voltar de férias a Wuhan quando soube dos rumores de uma nova doença na cidade.

"Há um medo, há um fato desconhecido. Ninguém tinha certeza do que estava acontecendo. Percebi que era perigoso logo que cheguei em Wuhan, em 15 de janeiro. Havia boatos da volta da Sars, mas a doença era desconhecida, então ninguém imaginava que teria essa proporção", relembra.

"Em 15 de janeiro de 2020 recebi a ligação de um amigo médico, que me avisou que tinha acabado de sair um curso da OMS e que a situação em Wuhan era preocupante. Já no dia 2,1 percebo que é hora de sair da cidade. Compro uma passagem do dia 22 para o 23. Do dia 20 para 21 sai um aviso de que a doença é transmissível entre pessoas", conta o empresário. "Ali a cidade esvaziou, todo mundo saiu da rua, quem podia foi para casa". E então, quando estava prestes a embarcar para deixar a cidade, à qual só voltaria meses depois, Peneluppi fica sabendo que a metrópole chinesa seria fechada em lockdown. "O tempo todo eu esperava que a coisa fosse ser controlada, bem administrada, mas, para minha surpresa, isso nunca aconteceu e o mundo acabou mergulhando numa pandemia". Cidade cosmopolita O brasileiro descreve Wuhan como "uma cidade grande, cosmopolita, que cresce e se desenvolve muito rápido". Ele foi viver lá dez anos atrás para fazer um mestrado em administração pública e acabou ficando.

"Wuhan é uma miniatura da China, ela está bem no centro e é cortada pelo Rio Yangtzé, tem mais de cem lagos, mais de cem universidades. Aqui se conecta o país todo, então é muito dinâmico, muito rico culturalmente", conta, já de volta à cidade onde vive.

O relato de Peneluppi ajuda a construir uma imagem do começo da pandemia do novo coronavírus como parte do primeiro episódio da série original do Globoplay que mostra a corrida pela vacina, um esforço científico sem precedentes na humanidade.

Em cinco episódios -- um por semana, com o primeiro disponível desde esta quinta-feira (8) --, a equipe do documentário mostra, no Brasil e no mundo, bastidores dos desafios do desenvolvimento dos imunizantes e a guerra política envolvendo a maior esperança que temos para acabar com a pandemia. A equipe liderada pelo repórter Álvaro Pereira Júnior vem trabalhando há mais de seis meses para fazer todo o documentário. “Você vai ver um político falando de um jeito que a gente não está acostumado a ver. Vai ver o cientista falando de um jeito que a gente não está acostumado a ver. Vai ver intimidade de personagens importantes do noticiário mostrados de uma outra maneira e as explicações científicas”, conta o jornalista.

O documentário mostra bastidores tensos de reuniões decisivas para a compra de vacinas. Seguindo os protocolos mais rígidos e fazendo muitos exames, a equipe também viajou para Índia e Rússia para mostrar onde são fabricadas as vacinas de Oxford e Sputnik V.

“Cada laboratório que a gente conseguiu entrar foram meses de negociação. Além disso, a gente teve que fazer PCR antes de ir, PCR lá e todo mundo de N95, o tempo inteiro, o máximo de distanciamento que a gente conseguia. Enfim, era um elemento a mais de dificuldade para a produção do documentário”, relata a chefe de produção, Clarissa Cavalcanti. A série ouviu especialistas e elaborou ilustrações que explicam como cada vacina funciona para nos proteger.

"O que a vacina quer é enganar o sistema imune para ele pensar que está sendo atacado por um microorganismo, quando, na verdade, não tem nada lá. O Sars-Cov-2 é um vírus que vai entrar no nosso organismo pelas vias respiratórias”, explicou Natália Pasternak. O documentário -- que tem roteiro de Anna Bernardoni, Nancy Dutra e Gabriel Mitani -- acompanhou também a ansiedade vivida pelos voluntários dos testes quando a eficácia das vacinas era apenas uma possibilidade. E a angústia do isolamento seguida da alegria vivida pelos primeiros que receberem a vacina após a constatação de sua eficácia.

Fonte: G1

6 visualizações0 comentário
bottom of page