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‘Quarentena fitness’: educadores físicos usam redes sociais para dar aulas de graça

Sejam treinos para suar e desestressar ou movimentos para relaxar a mente e se divertir, educadores físicos das mais diversas especialidades encontraram nas redes sociais uma forma de contribuir para o bem-estar e a saúde dos brasileiros durante a crise docoronavírus.

“Saber que não está sozinho dá muito conforto. É importante conversarmos para não entrar em pânico. Minha aula é o avesso da correria da nossa sociedade: olhamos pra dentro, falamos mantras, meditamos, fazemos uma posição de cada vez. Compartilho meu estilo de vida”, conta a professora de yoga Julia Oristanio, que tem feito aulas ao vivo pelas redes sociais.

Para quem tem animais ou crianças, podem ser necessárias adaptações na rotina, mas o educador físico Cássio Fidlay garante que é possível fazer um bom treino em casa.

“Se você se deita, os cachorros costumam vir pra cima, pulam. O ideal é reservar um momento para brincar com eles e outro para você, em cômodos separados. Tenho uma aluna que treinei por vídeo esses dias e o filho dela se divertiu. No outro dia, ela treinou em 30 minutos enquanto o filho dormia”.

O personal Cássio Fidlay gravou vídeos fazendo exercícios em casa — Foto: Reprodução/Redes sociais

O personal trainer Norton Mello é morador de São Paulo – capital que acumula o maior número de casos confirmados e mortes por covid-19 no Brasil – e contou ao G1 que dá treinos curtos ao vivo diariamente desde o dia 16 de março, quando os casos confirmados de coronavírus no país eram 234, segundo o Ministério da Saúde.

Apesar de não conhecer ou ter contato pessoal com os alunos, o professor contou que tem tido um retorno intenso e positivo de quem o assiste em casa.

“Como as pessoas não têm equipamentos, podem fazer atividades com o peso do corpo ou objetos que todo mundo tem, como uma cadeira. Tenho a limitação de não vê-las, por isso tento orientar e escolho movimentos que possam causar o mínimo de lesão e o peso do corpo é ideal pra isso”, esclareceu.

Personal Trainer Norton Mello faz vídeos de treinos ao vivo em rede social — Foto: Reprodução/Redes sociais

A bailarina e educadora física Aninha Calderón também está evitando execícios complexos nas postagens e deu um alerta para quem acha que “pode sair fazendo exercício”.

“Agachamento pode ser considerado fácil, mas pra quem não tem consciência corporal ou tem alguma lesão, não é. Por isso, passo opções de movimento com salto e sem salto, por exemplo”, disse a professora que já fez coreografias para shows da Xuxa.

Diante da quarentena, a carioca percebeu uma oportunidade de influenciar o pessoal a mexer o corpo “nem que seja dançando um forró sozinho na sala de casa”, divertiu-se.

“Gravo vídeos eu mesma fazendo os movimentos do ‘Ballerón’ – nome do meu método que mistura balé e ginástica. Lancei também um desafio dançando sozinha – não posso exigir que dancem junto porque nem todo mundo tem alguém ou pode encostar na pessoa em casa – e o pessoal compartilha dançando, me marca, tem sido muito legal essa troca”, completou a bailarina, que já fez coreografias para Xuxa.

A bailarina e coreógrafa Aninha Calderón dança em casa durante a quarentena — Foto: Reprodução/Redes sociais

Criando um hábito no confinamento

“Não tem desculpa para não começar agora”, desafiou o professor Cássio Fidlay.

“Acredito que a quarentena, além de necessária, pode ser uma oportunidade pra quem é sedentário porque há varias opções de exercício não só para sair do tédio, como para pegar gosto – dentro ou fora de casa depois que a quarentena acabar”, sugeriu.

Para a yogi Julia, as aulas online são mais simples e têm conversas sobre a filosofia milenar da prática – o que ela considera ideal para quem quer começar no yoga.

“Tenho recebido muitas mensagens de gente que enrolava para começar e que está aproveitando a quarentena para isso. É uma aula de muito bate-papo, mais básica. Com certeza uma forma maravilhosa de começar o nosso dia de forma mais positiva, nos exercitando”.

O momento de isolamento, no entanto, pode nos conectar ainda mais para vigiarmos a saúde uns dos outros, de acordo com a professora Marcela Gorgulho, que dá aulas de crossfit.

“Temos que nos cuidar de longe mesmo. Que tal usarmos esse tempo para rever a forma como estamos nos comportando enquanto sociedade? Vamos ligar para as pessoas que amamos e pedir para sossegarem em casa. E mais: liguem para os amigos para treinarem juntos”.

Treinando a solidariedade

Seguidores da professora Marcela toparam o desafio que ela fez nas redes sociais durante a quarentena. — Foto: Reprodução/Redes sociais

Mais do que cuidar da saúde física, Marcela lembra que cuidar de si através dos exercícios é também um gesto de empatia.

“Não podemos deixar a peteca cair agora e ir para o hospital correndo o risco de se contaminar, ocupar os profissionais de saúde que estão precisando se dedicar a quem está com coronavírus. Se movimentar aumenta nosso sistema imunológico”, explicou.

Brasileiros que moram em várias partes do mundo também estão de quarentena e Norton contou que tem recebido mensagens de agradecimento de muitos que estão se sentido sozinhos em casa.

“Encaro isso como uma forma de poder ajudar as pessoas. Uma moça que me assiste lá da Noruega escreveu dizendo que lá as pessoas lá são bem mais frias e que já se sente minha amiga porque sou uma das pessoas que ela mais tem visto pelo celular – já treinamos juntos todos os dias”, contou em meio a risos.

A bailarina Aninha lembrou a dificuldade econômica que vem com a crise do coronavírus para milhares de profissionais liberais e ressaltou a atividade física como uma forma de relaxamento diante da tensão da quarentena.

“Uma menina veio me agradecer, disse que é autônoma e está muito pessimista, então o exercício a tem ajudado a mudar o foco. Eu também trabalho praticamente como autônoma, então também estou nessa situação”, lamentou.

Ao final da conversa com o G1, a yogi Julia quis deixar uma mensagem de esperança e de cuidado que devemos ter com nós mesmos e com os outros, seja através de uma aula ou mesmo do compartilhamento de notícias.

“Vamos pegar no celular para fazer algo positivo, para espalhar paz, ao invés de disseminar notícia que às vezes a gente não sabe nem da onde vem e contribuir pra uma histeria coletiva. Que além de exercitar o corpo, exercitemos a mente”, concluiu.

A professora de Yoga Julia Oristanio marca encontros com alunos nas redes sociais — Foto: Reprodução/Redes socais

Fonte: G1

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