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Profissionais relatam luto, rotina exaustiva e amor ao ofício no Dia da Enfermagem: 'Não pode parar'


 
 

Luto pela perda de amigos e familiares para a Covid-19, exaustão da rotina de trabalho na linha de frente no combate à doença e o amor à profissão fazem parte do dia-a-dia de três enfermeiras ouvidas pelo G1 nesta quarta-feira (12), quando é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem.


A enfermeira Almira Dias Marques, de 56 anos, foi a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 em toda a Baixada Santista. A aplicação da primeira dose foi feita em uma cerimônia simbólica realizada no Hospital dos Estivadores, em janeiro, que contou com a presença do governador João Doria.

Ela atua no Hospital de Pequeno Porte (HPP) da Prefeitura de Santos, que funciona na área do antigo PS Central, e na ala de pediatria do Hospital Guilherme Álvaro. Almira conta que contraiu a doença no início da pandemia, em março de 2020. Ela teve sintomas leves, assim como os sobrinhos. "Hoje, meu irmão está sendo vacinado. Para mim, é um misto de emoção e dor, de 'precisamos buscar recursos', 'precisamos da vacina' e evitar que novas famílias sejam afetadas por isso", diz Almira Dias, a primeira enfermeira vacinada na região. Ela fala sobre o trabalho constante dos enfermeiros e enfermeiras desde o início da pandemia. "Nós, da enfermagem, temos feito um trabalho incessante, constante e diário [...]. É tudo empolgante, envolvente, mas também é cansativo", disse.

"A gente não pode parar. Desde o começo da pandemia, que já se vai um ano, a gente não parou em momento nenhum. Mesmo com dor, mesmo com cansaço físico e com tantas perdas que a gente tem visto o próximo", desabafa. 'Enfrentamos o desconhecido' "Não têm sido fácil", conta a enfermeira Agda Ferreira da Silva, de 44 anos, que atua também como coordenadora das unidades materno infantil da Santa Casa de Santos. "São rotinas muito rígidas em relação à segurança, que cobra muita atenção da gente para não correr o risco de se contaminar e acabar levando para a nossa família".

Para ela, é uma mistura muito grande de sentimentos. "É a profissão que nós escolhemos, mas ao mesmo tempo temos nossos medos, nossas ansiedades, nossas inseguranças, né? Mas nós também temos a determinação do nosso dia a dia, a gente acredita em nossa profissão", diz Agda. Ela, que já foi vacinada, fala que não chegou a contrair a doença, mas que um primo de 32 anos faleceu por complicações da Covid-19 em outubro do ano passado. Ela conta que tinha fé que ele iria melhorar, mas não conseguiu. "Foi muito frustrante, porque você vê que está lutando por outras pessoas tentando fazer por outras pessoas e perder um parente seu não é fácil", diz. "Mesmo assim, nós enfrentamos essa luta diária. Enfrentamos o desconhecido todos os dias, apesar de nossos medos", finaliza. 'Dedicação' A enfermeira Rosana Rosa dos Santos, de 50 anos, atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Ela conta que a equipe precisou se adaptar conforme a pandemia foi se agravando, não só nas questões práticas, como também nas emocionais e pessoais.

Ela foi uma dos milhares de brasileiros que perderam amigos muito próximos para a Covid-19 ao longo dos meses de pandemia, apesar dos cuidados tomados. "É muito difícil. É uma sensação de impotência", desabafa ela, que atende pacientes com a mesma doença todos os dias. Mesmo assim, ela diz que o luto a ajudou, de certa forma, a aprimorar sua relação com os pacientes.

"Isso [perder pessoas próximas para a Covid] só faz com que a gente aumente esse cuidado com o paciente que estamos tratando. Com mais carinho, mais cuidado, mais dedicação", explica a enfermeira Rosana Rosa.


Fonte: G1

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