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Plano de saúde envia 'kit covid' com cloroquina para médicos



Médicos em Brusque (SC) receberam de um plano de saúde um "Kit Covid-19" contendo hidroxicloroquina, cuja eficácia no tratamento de infectados pelo novo coronavírus não foi comprovada cientificamente.


Um post feito no Twitter nesta quinta-feira, dia 16, repercutiu e chegou até famosos, que se manifestaram, cobrando uma resposta da empresa. Em nota, a Unimed se defendeu, justificando que não era obrigatória a utilização do medicamento, que foi entregue com "orientações".


A influenciadora digital Kéfera foi uma das personalidades que questionaram a Unimed sobre aquela polêmica decisão de colocar cloroquina num material destinado aos médicos que atuam na linha de frente no combate à doença. O kit trazia também em seu conteúdo ivermectina e vitamina D, e também foi distribuído pela Unimed Natal em maio.


Nesta mesma sexta-feira, dia 17, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) emitiu um comunicado em que recomenda o abandono "urgente e necessário" da hidroxicloroquina (HCQ)para qualquer fase do tratamento contra a Covid-19. Esta decisão considerou dois estudos clínicos publicados na véspera nos EUA, no Canadá e na Espanha. O documento diz ainda que a SBI "acompanha sociedades médicas científicas dos países desenvolvidos e a Organização Mundial de Saúde (OMS)".


A entidade recomendeu ainda que os agentes públicos, incluindo municípios, estados e Ministério da Saúde, "reavaliem suas orientações de tratamento, não gastando dinheiro público em tratamentos que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos colaterais".


A médica Tania Vergara, consultora da SBI, explicou ao EXTRA que a ineficácia da HCQ em qualquer fase da doença foi demonstrada em estudos randomizados, controlados, já publicados.

— Além de ineficaz, aumenta os riscos de eventos adversos graves. É, portanto, um erro prescrevê-la — afirmou a infectologista.


Vergara disse que a opção em prescrever certos medicamentos vai de cada médico, mas ela ressaltou que ele "terá o ônus e o bônus decorrente da sua escolha".


— O que não pode é fazer como uma conduta protocolar e divulgar amplamente para a população que há trabalhos científicos que comprovam a eficácia. Essa é uma infração prevista no código de ética médica. É inominável essa ação de distribuição aleatória deste kit. Sequer levam em conta as características individuais — frisou Vergara.


Nesta sexta-feira, dia 17, a Unimed publicou uma resposta no Twitter, dizendo que "orienta suas cooperativas a seguirem as diretrizes previstas pelas associações e sociedades de especialidades médicas brasileiras, além dos protocolos aprovados pela OMS".


"Pelo princípio cooperativista, a Unimed Brusque usou de sua autonomia para oportunizar a profilaxia a profissionais que atuam na linha de frente. A Unimed Brusque informa que a utilização não era compulsória e o kit foi entregue a profissionais da linha de frente com orientações e também foram realizados exames para excluir doenças que possam ser agravadas pelo uso da profilaxia", explicou.


O polêmico medicamento é usado pelo presidente Jair Bolsonaro, que foi testado positivo para o novo coronavírus, em seu tratamento. No entanto, após o segundo exame, ele disse que não faz campanha pelo remédio.


A agência de notícias "AFP" informou que, no caso do tratamento da Covid-19, a hidroxicloroquina tem sido testada, mas os estudos realizados até agora não resultaram na "redução da mortalidade de pacientes hospitalizados" pela doença, como indicou a Organização Mundial da Saúde (OMS) ao suspender as pesquisas no dia 17 de junho. No Brasil, este medicamento não é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a doença causada pelo novo coronavírus.


O Brasil contabiliza 76.997 óbitos e 2.021.834 contaminações em decorrência da Covid-19, com 175 novos óbitos e 7.096 novas infecções por coronavírus desde as 20h de quinta-feira, dia 16, de acordo com boletim das 13h do consórcio de veículos de imprensa.


Fonte: Extra

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