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Pediatra monta consultório móvel para atender periferia do DF


 
 

Pediatra há dez anos, Ricardo Fonseca, 36 anos, de Brasília, DF, ficou famoso em todo o país por atender seus pequenos pacientes vestido de Super-Homem. No entanto, suas ideias criativas não param aqui. Há cerca de 15 dias, o médico começou a atender crianças carentes em seu novo consultório — um consultório móvel —, que ele leva até as comunidades mais carentes. "A Ceilândia foi o primeiro local escolhido para atendimento. Foi onde eu fiz minha residência em pediatria e onde morei por dois anos. Meu carinho por essa região é grande", afirmou ele, em entrevista à CRESCER.


A ideia é estacionar o trailer temático em diferentes bairros pelo menos uma vez por mês. "Minha esposa é otorrinolaringologista e me ajuda no atendimento. Minha concunhada se encarrega com a parte da triagem — pesando e medindo as crianças — e meu sogro faz a locomoção do consultório móvel. É um empenho familiar. Todos estão envolvidos no projeto e, desde o início, recebi muito apoio. Em apenas um dia, a gente consegue fazer uma média de 40 atendimentos, e as crianças saem do consultório já com seus medicamentos. Sei que são famílias carentes que, muitas vezes, não têm condições para comprar", afirma.


De acordo com Ricardo, a maioria chega com problemas respiratórios e quadros intestinais. "Tosse, verminose, diarreia... Outra questão que vejo é a falta de acesso. Nessa última ação, atendi uma criança de 7 anos que tinha passado apenas uma vez no pediatra", revela. A dona de casa Samara Leandra, 27 anos, levou a filha Stella, 2 anos. "Não estava conseguindo pediatra para minha filha. A única alternativa é o posto de saúde, mas, infelizmente é raro encontrar. Essa iniciativa nos ajudou muito! O atendimento é maravilhoso, o médico muito atencioso, respondeu e tirou todas as dúvidas que eu tinha. Minha filha saiu alegre da consulta", disse, animada. A monitora de creche Sara Maria de Oliveira, 26 anos, também ficou aliviada depois de conseguir atendimento para os três filhos de 7, 6 e 5 anos. "Esse trabalho é muito importante para a gente, que nuna consegue consulta para os filhos e não tem condicões de pagar por uma particular", afirmou.


Investindo dinheiro e amor


O pediatra conta que antes do projeto, já realizava atendimento voluntário há mais dez anos em creches públicas de Brasília. "Eu passava o dia atendendo em creches, mas, muitas vezes, era de forma improvisada, em um colchonete no chão. Faltava estrutura. Então, quando surgiu a ideia de um consultório móvel, fui a um lugar que fabrica food truck e começamos a planejar como seria", conta.


A ideia, segundo ele, surgiu após uma ida à igreja. "Voltando para casa, perguntei para a minha esposa: 'Você acha que é loucura?'. Ela disse que seria loucura se eu não ouvisse a voz de Deus. Então, fui atrás. Desde a ideia até a execução, quando dei início aos atendimentos, foram 6 meses", diz. E o custo saiu do próprio bolso. "Trabalho em hospital público, então, fiquei um tempo juntando dinheiro para investir no projeto. Custou o mesmo que um consultório normal: tem 6 metros de largura e tudo o que precisa", comentou.


Por enquanto, o pediatra está fazendo parcerias com igrejas e líderes comunitários para selecionar as famílias que mais precisam. "Até para eu conseguir atender a demanda e não gerar tumulto", justificou. E a retribuição vem durante os próprios atendimentos. "Esses dias, depois de atender uma criança, a mãe disse: 'Encontrar você aqui foi uma resposta divina.

Ontem fui à vários locais, rodei muitos hospitais e não consegui avaliação pediátrica pro meu filho. Quando vi esse consultório, tive a certeza que era a resposta de Deus, pois não sabia mais o que fazer'. É isso que me motiva: ser essa resposta divina na vida de alguém; ajudar e contribuir, pois realmente as pessoas estão muito necessitadas. Elas precisam de saúde, de acolhimento e empatia", disse.


O médico — que ainda não tem filhos, mas disse que pretende ter — também espera inspirar outros colegas. "Alguns já disseram que também vão fazer. Médicos de várias regiões do Brasil entraram em contato perguntando como fiz. Quanto mais ações tiverem, melhor! Estou feliz por dar esse pontapé inicial e ser, de alguma maneira, uma inspiração para ajudar ao próximo", finalizou.


Fonte: Revista Crescer

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