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Música alta no fone de ouvido pode levar à surdez; conheça os limites e saiba como se proteger



Se você está começando a ler este texto ouvindo a sua música favorita no fone de ouvido, talvez seja prudente dar uma atenção especial ao volume. Principalmente se for para abaixá-lo.


Ouvir um som alto nos fones até pode ser prazeroso e relaxante, mas o volume excessivo diretamente no ouvido pode causar surdez momentânea e até irreversível. Segundo estudo publicado na última semana na revista “BMJ Global Health”, mais de 1 bilhão de jovens e adolescentes no mundo todo estão em risco potencial de perda auditiva por causa do uso de fones de ouvido e auriculares e pela presença em locais de música alta. A perda auditiva causada pelo chamado ruído recreativo já é tratada como caso de saúde pública e motivo de alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para evitar uma geração marcada pela surdez, especialistas apontam que a solução passa, principalmente, pela consciência de cada um. Solta o som, DJ? Arthur Menino Castilho, presidente da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) e especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), explica que um som mais alto próximo ou diretamente nos ouvidos causa uma espécie de 'estresse acústico' dentro da orelha.

“Nossas células ciliadas da audição estão colocadas nessa situação para qual elas não foram desenhadas. O resultado disso é perda de audição, que pode ser imediata ou tardia", disse.

A perda auditiva começa a partir do mal funcionamento de alguma parte do sistema que fica dentro da orelha. Basicamente, são três tipos:

  • A mais comum é a perda condutiva do som. Ela acontece quando há algum bloqueio que dificulta a condução do som. Esse problema ocorre na orelha externa ou média, onde estão localizados o tímpano e os famosos ossos do ouvido (martelo, bigorna e estribo). Excesso de cera ou perfurações no tímpano causados por barulho alto podem causar esse tipo de perda auditiva. Com tratamento, é reversível.

  • Na perda neurossensorial, o problema acontece quando há danos nas células sensoriais, localizadas no ouvido interno e responsáveis por codificar os sinais sonoros que são levados até o nervo auditivo e, depois, ao cérebro. Ela é causada pelo envelhecimento ou por exposição a sons muito intensos. Nesse caso, a perda auditiva é irreversível.

  • Há também a perda mista, quando há uma mistura das duas acima.

"Você vai em um show, fica muito perto da caixa de som e dos instrumentos, e fica com um tempo de exposição excessivo à fonte sonora, e aí você pode ter uma perda imediata e irreversível. Ou você pode estar em uma linha de produção de uma fábrica, que tem um som muito elevado, e você não está usando proteção adequada, e aí com os anos isso pode levar à perda de audição irreversível", afirma Castilho. “Uma coisa é ficar exposto a 90 decibéis de uma injetora de plástico em uma fábrica, que é um som chato, ninguém gosta, atrapalha, dá dor de cabeça. Outra coisa é você ficar exposto a 90 decibéis ao som de um rock bom ou com alguma coisa legal tocando. Lesa igual, só que uma te traz prazer e a outra, não”, diz o médico otorrinolaringologista. Quais são os limites? A intensidade do som é medida em decibéis (dB): quanto maior o volume do som, maior será a quantidade de decibéis. De acordo com Arthur Menino Castilho, o ideal é que o som presente nos fones de ouvido fique na faixa de 80 a 85 dB.

No Brasil, uma normativa do governo federal voltada para a segurança dos trabalhadores coloca limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente. A tabela também vale para ruído recreativo e dá um tempo máximo de exposição de acordo com a quantidade de decibéis. Em 85 dB, por exemplo, dá para ficar exposto por oito horas seguidas. Se você aumentar o som e chegar a 115 dB, esse limite cai para apenas sete minutos. Acima disso, não é permitido.

Usuários de fones de ouvido geralmente escolhem volumes de até 105 dB, segundo pesquisas científicas. Pelas normas brasileiras, o tempo de exposição nesse caso é de somente 30 minutos. Já os níveis médios de som em locais de entretenimento variam e podem chegar a 112 dB. Uma pessoa só poderia ouvir um som nesse volume por 10 minutos, tempo considerado curto para quem frequenta baladas e shows.

Como saber a quantidade de decibéis que sai do meu fone de ouvido? Alguns smartphones oferecem opções para controlar os limites de volume de acordo com os decibéis e enviam notificações para que o som seja abaixado, caso o aparelho detecte a presença de volume alto nos fones por um período que possa afetar a audição.

Mas, uma forma mais simples, a dica é deixar o volume pela metade. "Assim, existe uma grande chance de você estar abaixo desse limiar", afirma Castilho.

A prática, porém, necessita de ouvidos atentos. “O que pode acontecer é que, quando você deixa na metade, você se acostuma, aí entra uma música mais legal e você aumenta. Aí aumenta um pouco mais. Quando você vê, está com a intensidade lá em cima e nem percebeu", explica. Sinais da surdez O zumbido é o principal sinal de que algo está errado na sua audição. Ele ocorre principalmente em casos de perdas auditivas graves e imperceptíveis no dia a dia.

“Zumbido é um barulho que não existe aqui fora. Existe apenas dentro da sua cabeça, do seu ouvido. É uma alteração elétrica da percepção da audição que está com problema, e que seu cérebro não consegue interpretar aquele código, o que gera o zumbido", afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Otologia (SBO). "Não que todo mundo que tenha zumbido tenha perda de audição, mas quando você tem perda de audição, principalmente induzida por ruído, o zumbido é um sinal importante”, ressalta o médico. De acordo com o especialista, informações e conteúdos educativos sobre saúde auditiva vindos do poder público poderiam ajudar na prevenção de casos de surdez. Mas, na ausência disso, o cuidado com a audição pode começar diretamente por quem está com o fone de ouvido pendurado na orelha.

“O ponto principal é a pessoa ter consciência que, se estiver escutando muito intenso, vai perder a audição. O problema é que essa perda não acontece na hora. Pode demorar anos”, coloca Castilho.


Fonte: G1

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