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Médicos testam pela 1ª vez “animação suspensa” para salvar vidas

São Paulo – Nos filmes e séries, é comum personagens entrarem em estado de dormência constante para viajarem pelo espaço sideral, para entrarem em uma espécie de repouso por dezenas de anos, como o Capitão América, ou até para viajarem para o futuro por mil de anos, como o personagem Fly, do seriado Futurama, e permanecerem conservados. Essa “dormência” é chamada animação suspensa e foi utilizada em diversas produções cinematográficas – e a partir de agora, médicos dos Estados Unidos estão testando o método para tentar salvar pacientes.

A técnica, chamada de preservação e ressuscitação de emergência – ou EPR -, foi pensada para ser utilizada em pacientes que estão com baixas chances de sobreviverem aos procedimentos. Por exemplo, quando um indivíduo acaba sofrendo um grande trauma – como uma facada ou ser ferido por tiros -, o tempo para tentar reverter o quadro é reduzido. Ao invés de tentar os procedimentos tradicionais, médicos podem “congelar” a pessoa por um determinado período de tempo e aumentar suas chances de sobreviver.

Samuel Tisherman, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland, nos EUA, informou em uma conferência que os médicos estão procurando fugir da noção de animação suspensa apresentada pela ficção científica – embora o congelamento do corpo realmente aconteça. Para que a nova técnica funcione, o cérebro precisa ficar com uma temperatura entre 10 e 15 graus celsius, a partir do bombardeio de água salgada gelada e soro fisiológico para dentro do corpo humano. Normalmente, o cérebro apresenta uma temperatura de 37 graus celsius.

Quanto mais gelado estiver o corpo humano, mais lentas serão as reações químicas e outros processos comuns do organismo humano. Em entrevista para a revista New Scientist, Tisherman informou que sua equipe de médicos já testou a técnica em mais de uma pessoa, mas não informou quantas conseguiram sobreviver ao processo. No entanto, ele relatou que os cirurgiões devem realizar todos os procedimentos necessários no indivíduo congelado em um período de até duas horas. Após esse tempo, o paciente é ressuscitado por meio de um desvio cardiopulmonar – feito por uma máquina que realiza as funções do coração e do pulmão.

Ainda que Tisherman não tenha revelado quantos de seus pacientes sobreviveram ao procedimento, a técnica já foi aprovada em animais – como os porcos. Sua equipe pretende testar a EPR em cerca de mais 10 pacientes. O procedimento, porém, não necessita do consentimento do indivíduo, já que as pessoas que tiveram a atividade do coração parada por trauma agudo possuem poucas chances de sobrevivência.

Fisherman acredita que essa nova técnica pode fazer com que mais pacientes saiam vivos de traumas agudos: “Certamente esperamos que esse tipo de abordagem, basicamente apenas tentando parar o relógio, ganhar tempo, talvez com hipotermia, talvez com drogas, nos permita salvar os pacientes traumatizados que atualmente estão morrendo à nossa frente”, informou o professor.

Fonte: Revista Exame

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