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Mobilização de funcionários deixa 67 postos de saúde sem atendimento em Porto Alegre

Postos de saúde de Porto Alegre amanheceram, mais uma vez, com portas fechadas nesta segunda-feira (23). O motivo é um protesto de funcionários ligados ao Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf), que será extinto por decisão da Justiça — ocasionando a demissão de 1.840 pessoas.

Nesta manhã, eles participam de reunião na Câmara Municipal, o que causa a suspensão ou redução dos atendimentos em diversos locais.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), 67 unidades estavam sem atendimento e outras 18 com atendimento restrito no final da manhã, afetando 500 mil usuários (veja lista abaixo). É o segundo dia com o maior impacto nos serviços de saúde — o primeiro foi dia 17, quando foi anunciada a extinção do Imesf.

Na unidade Marcelo Martins Moreira, na Maria da Conceição, as portas estão fechadas. Na frente, cartazes colados explicam o impasse envolvendo o instituto e traziam frases como: “Não se deixe enganar! Se você acha ruim hoje, amanhã vai piorar”.

O técnico em redes de computadores Rubens Lima, 47 anos, chegou por volta das 11h para uma consulta odontológica, mas encontrou as portas fechadas.

— Não sabia da confusão. Agora vou ver o que vou fazer. Particular está difícil, porque a grana está curta.

Sentado do lado de fora desde as 8h, Nelson Antônio Martins Santos, 51 anos, foi ao local mostrar exames.

— Tenho dificuldade para caminhar, então é melhor ficar esperando aqui. Me disseram que vai abrir às 13h, então vou ficar aqui.

Na Unidade de Saúde Cidade de Deus, no bairro Cavalhada, um cartaz na porta informava que não haveria atendimento médico nesta manhã. Apesar de o posto estar com portas abertas, não há nenhum tipo de atendimento, com exceção da vacinação.

Paulo Roberto dos Santos, 62 anos, operou o tornozelo recentemente e procurou o posto por volta de 9h30min para fazer um curativo. Recebeu uma negativa.

— Tenho que lavar e trocar o curativo três vezes por semana. Daí cheguei aqui e está fechado. Agora vou tentar lavar em casa e depois vou na Santa Casa, onde faço hemodiálise, tentar ver isso — relatou o aposentado.

O vigilante Edson Gomes, de 53 anos, também não conseguiu ter acesso aos serviços de rotina na unidade:

— Vim marcar uma consulta para a minha mãe e pedir remédios para a pressão. Eu não sabia disso (da suspensão no atendimento), para mim foi uma surpresa. Vou voltar para casa, avisar a mãe e esperar. Tenho que trabalhar hoje — lamentou.

Nas unidades Jardim das Palmeiras, também no bairro Cavalhada, e Cristal, na Vila Cruzeiro, o atendimento está reduzido nesta manhã. Funcionários ligados ao Imesf saíram, enquanto os demais ficaram no local. Na Cruzeiro, dois ônibus aguardavam trabalhadores para levá-los à Câmara.

— Hoje é mais um dia de luta, o que altera o atendimento nos postos. Mas estamos com o apoio da comunidade — disse um funcionário, que preferiu não se identificar.

No Morro da Cruz, a unidade Ernesto Araújo está aberta, mas apenas orientando os pacientes a procurarem outros locais — devido ao número reduzido de funcionários, não há nenhum tipo de atendimento. No posto chamado de Morro da Cruz, o atendimento está reduzido — havia apenas dois pacientes aguardando por volta das 10h30min.

— Muitos colegas foram para a Câmara e alguns ficaram aqui. Fazemos os atendimentos que são possíveis. Mas o movimento de pessoas também está bem reduzido, porque eles já sabem da situação e estão apoiando — relatou uma funcionária, que também não quis se identificar.

Mobilização na Câmara

Funcionários participam de uma reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente na Câmara de Vereadores, marcada para as 10h, com a presença do secretário municipal de Saúde, Pablo Stürmer. Os funcionários foram levados em ônibus e, segundo o Sindisaúde, que representa categorias da área, membros das comunidades afetadas também foram até a reunião.

— Pedimos aos trabalhadores que informassem as comunidades sobre a situação. Apesar de isso afetar o serviço hoje, os funcionários têm a ideia de que perder os postos de trabalho é muito pior. É preciso lutar pela saúde pública — disse o presidente do Sindisaude, Júlio Jensien.

A demissão dos funcionários ocorre por decisão do Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucional a criação do Imesf. Em 23 anos, a prefeitura terá de buscar pela sexta vez uma forma diferente para gerir o programa de atenção familiar.

 A SMS pretende contratar uma Organização da Sociedade Civil para ficar responsável pelo pessoal, insumos e estrutura.

Fonte: GZH

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