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Ganhar peso com o avanço da idade é inevitável?

A pergunta, muito comum entre os pacientes preocupados com obesidade, cresce de importância com a comilança no fim de ano, seguida do remorso

Pixabay

(foto: Pixabay)

Recentemente Belo Horizonte foi condecorada com um honroso título de Cidade Criativa de Gastronomia, conferido pela Unesco, e entrou em um seleto grupo no mundo todo de cidades criativas.

Para atingir essa conquista, a capital mineira apostou na mescla dos mais de 70 festivais que são realizados na cidade anualmente, na cultura de boteco. Nesse aspecto portanto, podemos nos considerar bem servidos em variedades e riqueza de sabores, uma grande tentação.

Estamos ainda nos aproximando das festas de fim de ano, época de comilança obrigatória, seguida do remorso quando janeiro chegar.

Diante desse cenário, fica difícil se manter com o peso estável e depois, ao longo do ano, é aquela luta para retornar ao peso anterior.

Uma questão que vem à tona e que os pacientes sempre me perguntam é a seguinte: seria normal e inexorável a desconfortável situação de ganharmos peso progressivamente à medida que ficamos mais velhos? Um grupo do renomado Instituto Karolinska, na Suécia, tentou responder a essa pergunta em estudo publicado na Nature Medicine em 2019. O volume de adipócitos é o resultado do equilíbrio entre armazenamento e remoção de triglicerídeos (renovação lipídica). Essa pesquisa que estudou ritmo de renovação de lipídios no tecido adiposo apontou que essa função metabólica diminui durante o envelhecimento e facilita o ganho de peso, mesmo que não comamos mais ou nos exercitemos menos do que antes. Os cientistas estudaram as células de gordura em 54 homens e mulheres durante um período médio de 13 anos. Nesse período, todos os indivíduos, independentemente de terem ganhado ou perdido peso, apresentaram reduções na renovação lipídica no tecido adiposo. Aqueles que não compensaram isso comendo menos calorias ganharam peso, em média, de 20%. Os pesquisadores examinaram ainda a renovação lipídica em 41 mulheres submetidas à cirurgia bariátrica e como a taxa de renovação lipídica afetou a capacidade das voluntárias de manter o peso reduzido de quatro a sete anos após a cirurgia. O resultado mostrou que apenas aquelas que tinham uma taxa baixa antes da cirurgia conseguiram aumentar a rotatividade de lipídios e manter a perda de peso. Os pesquisadores acreditam que essas pessoas parecem ter maior chance de aumentar sua renovação lipídica do que aquelas que já tinham um alto nível antes da cirurgia. Segundo um dos principais autores desse estudo, o professor Peter Arner, do Instituto Karolinska, “os resultados indicam pela primeira vez que os processos em nosso tecido adiposo regulam as alterações no peso corporal durante o envelhecimento de maneira independente de outros fatores”. Arner acredita que “isso pode abrir novas maneiras de tratar a obesidade”. Estudos anteriores já mostraram que uma maneira de acelerar a renovação lipídica no tecido adiposo é exercitar-se mais. Essa nova pesquisa apoia essa noção e indica ainda que o resultado a longo prazo da cirurgia para perda de peso melhoraria se fosse combinado com o aumento da atividade física. Ainda assim, a obesidade permanece um assunto complexo. Estar acima do peso relaciona-se a muitos problemas de saúde, e perder alguns quilos é frequentemente apresentado como a melhor maneira de evitá-los, independentemente da idade. Mas não é tão simples assim, de acordo com estudo publicado na Revista Britânica de Medicina (BMJ), também em 2019, que examinou a ligação entre mudanças no peso corporal ao longo da vida e o risco de morte prematura. Os pesquisadores descobriram que a associação entre ganho de peso e mortalidade enfraquece à medida que você envelhece e a perda de peso na meia idade ou no final da idade adulta pode aumentar o risco de morte prematura, principalmente quando se trata de doenças cardíacas. O estudo constatou que as pessoas que permaneceram obesas, de acordo com o índice de massa corporal (IMC) na fase adulta, tiveram o maior risco de morte prematura. O ganho de peso entre os 20 e os 30 anos de idade também foi associado ao aumento do risco de mortalidade quando comparado às pessoas que permaneceram com peso normal ao longo da vida. No entanto, a perda de peso na meia idade e nos mais velhos foi significativamente relacionada ao aumento do risco de mortalidade. Mesmo diante desses dados, não podemos usar isso como desculpa para achar que não devemos fazer nada. Pequenas atitudes de mudança de hábitos de vida com atividade física e mesmo que mínimas perdas de peso têm valor na melhora da qualidade de vida e na saúde. Como ironicamente dizia o grande Millor Fernandes, “Já tenho idade pra não saber muita coisa.”

Fonte: Uai.com

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