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Fiocruz alerta para intensificação da pandemia nas próximas semanas, com média de 2.200 óbitos


 
 

Indicadores atuais apontam para uma intensificação da pandemia nas próximas semanas, com projeção de aumento na média de óbitos provocados pelo coronavírus para um patamar em torno de 2.200 por dia no Brasil. O alerta é feito em novo boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta semana.


Segundo o documento, entre 16 e 22 de maio foi observada a estabilização das taxas de mortalidade no país, em níveis altos, em torno de 1.900 mortes diárias. No entanto, houve aumento da incidência de novos casos de Covid-19 e os índices de positividade nos testes continuam elevados, demonstrando a circulação intensa do vírus Sars-CoV-2.


— Quando acontece o aumento do número de casos, a dinâmica normalmente é que algumas semanas depois o número de óbitos também aumenta. É uma preocupação a mais para as próximas semanas — explica Daniel Villela, coordenador do Programa de Computação Científica da Fiocruz.


"Esse contexto vai gerar novas pressões sobre todo o sistema de saúde. O aumento no número de internações, demonstrado pelo crescimento das taxas de ocupação dos leitos de UTI, é resultado desse novo quadro da pandemia no Brasil", afirmam os autores.


O documento também destaca o rejuvenescimento da pandemia, que "associado à circulação de novas variantes do vírus no país e ao relativo sucesso da campanha de vacinação entre populações mais idosas, torna mais crítico o tratamento para casos graves entre grupos mais jovens".


Villela avalia que a variante indiana, detectada pela primeira vez no país na semana passada, pode provocar impactos no avanço da Covid-19.


— Ela foi classificada pela Organização Mundial da Saúde como uma variante de preocupação, por ter maior transmissibilidade. Precisam ser adotadas aquelas mesmas medidas que vêm sendo discutidas para controlar a disseminação do vírus: fazer restrições, evitar aglomerações. Para a questão da variante, é preciso aumentar a testagem e a vigilância genômica — afirma o pesquisador.


Ele destaca que os estados devem avaliar os indicadores de casos, óbitos e ocupação leitos para colocar em ação as medidas de restrição, e o ideal é que sejam feitas de forma coordenada.


— Muitas vezes o que um município estabelece, outro próximo não, e as pessoas circulam entre eles — explica, e acrescenta: — E precisamos reforçar o que é mais efetivo, a vacinação. O ideal é intensificar o ritmo, para conseguir a cobertura vacinal mais ampla possível, de forma mais rápida.


Ocupação elevada dos leitos de UTI


O boletim aponta que, entre os dias 17 e 24 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) aumentaram ou se mantiveram estáveis em níveis elevados em "praticamente todo o Brasil".


Os dados confirmam a avaliação de que a tendência de queda observada até por volta do dia 10 de maio foi interrompida, afirmam os pesquisadores.

Oito estados e o Distrito Federal apresentam taxas de ocupação iguais ou superiores a 90%: Piauí (91%), Ceará (92%), Rio Grande do Norte (97%), Pernambuco (98%), Sergipe (99%), Paraná (96%), Santa Catarina (95%), Mato Grosso do Sul (99%) e Distrito Federal (96%).


A Fiocruz classifica as taxas de ocupação abaixo de 60% como zona de alerta baixa, a intermediária entre 60% e 80%, e alta sendo igual ou acima de 80%.


A Região Norte é a única que apresentou pequenas melhoras no indicador em Rondônia (de 83% para 79%) e no Tocantins (de 89% para 86%), informa o boletim. Roraima entrou na zona de alerta crítico, com a taxa passando de 38% para 83%, mas, segundo os pesquisadores, a mudança ocorreu devido à redução de 90 para 60 leitos de UTI Covid-19 no único hospital com o recurso no estado.


O Nordeste apresenta uma situação "bem preocupante", destacam os autores, com a maioria dos estados permanecendo com taxas de ocupação em níveis superiores a 90%. Alagoas voltou à zona de alerta crítico, na qual a Bahia se manteve. Maranhão e a Paraíba continuaram na zona de alerta intermediário, mas com "elevações expressivas".


No Sudeste, apenas o Espírito Santo permaneceu na zona de alerta intermediário, com 79%, e os outros estados apresentaram patamar igual ou pouco superior a 80%.


No Sul, as taxas de ocupação continuaram em "níveis muito críticos" no Paraná e em Santa Catarina, e no Rio Grande do Sul o indicador manteve tendência de crescimento, chegando a 79%. No Centro-Oeste, os três estados e o Distrito Federal tiveram piora na taxa de ocupação, com todos na zona de alerta crítico.


— Com o número de casos aumentando, vai impactar no maior número de hospitalizações, e se já está em nível próximo de saturação, isso acaba causando sobrecarga do sistema de saúde. Os estados devem estar preparados. Mas não é só colocar leitos. É preciso intensificar as medidas de restrição, para evitar a pressão de entrada nos hospitais — afirma Villela.


No boletim, os pesquisadores também destacam ser necessário que o governo federal "assuma um papel de liderança e responsabilidade no desenvolvimento de estratégias coerentes destinadas à prevenção da transmissão no país", incluindo políticas de bloqueio ou lockdown nas regiões e estados em que há o crescimento de casos e altas taxas de ocupação de leitos.


O documento também informa que dez capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI para a doença superiores a 90%: São Luís (95%), Teresina (estimado em torno de 95%), Fortaleza (92%), Natal (96%), Maceió (91%), Aracaju (99%), Rio de Janeiro (93%), Curitiba (96%), Campo Grande (97%) e Brasília (96%).


Fonte: O Globo

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