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Expressão de 'fortes emoções' pode ser enganosa quanto ao seu significado, aponta estudo


 
 

Identificar o estado emocional de uma pessoa apenas por risos, gritos, suspiros e gemidos pode ser muito mais complexo do que se supunha. De acordo com estudo liderado por pesquisadores em Frankfurt, na Alemanha, e em Nova York, nos Estados Unidos, existe um paradoxo entre a intensidade das expressões emocionais e como elas são percebidas.


Embora não houvesse comprovação científica, acreditava-se, até então, que quanto mais intensas fossem as emoções, mais facilmente identificáveis elas seriam. "Indo contra a senso comum, descobrimos que emoções intensas ao máximo não são as mais fáceis de inferir o significado. Na verdade, elas são as mais ambíguas de todas", afirmam os pesquisadores.

Com o objetivo de aprofundar os estudos das emoções e como suas diferentes intensidades são percebidas, um grupo de pesquisadores expôs sons não-verbais (incluindo risos, gritos, suspiros e gemidos), a um grupo de ouvintes.

Os sons escolhidos foram retirados de um banco de dados, onde foram previamente catalogados de acordo com a emoção que representavam no momento em que foram gravados.

Conforme descrito no estudo, os sons utilizados na investigação foram cuidadosamente escolhidos para refletir respostas sonoras a três situações positivas (realização / triunfo, surpresa positiva e prazer sexual) e três negativas (raiva, medo e dor). Os ouvintes participantes ficaram encarregados de identificar a emoção representada no som, sua valência (se representavam algo positivo ou negativo) e sua autenticidade, variando a intensidade da emoção de baixa à alta.

Os resultados da investigação foram publicados na revista científica "Scientific Reports", da "Nature".

Participaram da pesquisa o departamento de neurociência do Instituto Max Planck de Estética Empírica, em Frankfurt, na Alemanha, e o departamento de psicologia da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. O Centro de Linguagem, Música e Emoção, criado em parceria pelas duas instituições, também contribuiu com a investigação. Paradoxo emocional: quando menos é mais A investigação contou com a participação de 90 ouvintes que tiveram a tarefa de avaliar e classificar a autenticidade e a intensidade. Eles tinham que identificar as emoções ouvidas. Ao todo, foram 480 estímulos sonoros ouvidos divididos em 10 sessões distintas.

Após a avaliação dos resultados, os pesquisadores chegaram a uma conclusão inédita nos estudos sobre emoções: existe um ponto de intensidade considerado "ideal" para a percepção de emoções e níveis muito acima ou muito abaixo desse marco se tornam as emoções ambíguas aos ouvintes.

Segundo os pesquisadores, a alta intensidade interfere tanto na identificação da emoção quanto na sua valência (positivas ou negativas). De acordo com o grupo, a maior parte das imprecisões estão relacionadas às valências positivas que, quando em alta intensidade, são lidas como negativas.

"Expressões positivas, especialmente quando manifestadas em intensidade alta, foram mais propensas a serem classificadas como valência negativa", afirmam os pesquisadores Raiva, prazer, dor e surpresa, ou seja, quatro das seis emoções avaliadas, foram classificadas com menor precisão quando manifestadas em alta intensidade, se comparadas com sua classificação quanto manifestadas de modo moderado ou baixo.

Entre todas as emoções avaliadas, somente o "medo" apresentou precisão uniforme em todos os níveis de intensidade. Segundo o grupo de pesquisadores, emoções muito intensas podem ter a sua classificação interpretada de modo ambíguo porque, diante de manifestações extremas, o cérebro fica em alerta, deixando a leitura refinada das emoções em segundo plano. “Uma hipótese que surge é de que a informação é priorizada de forma diferente em função da intensidade da emoção. No pico da intensidade, a tarefa mais vital é detectar eventos "grandes", explicam os especialistas. Em contraste, os sinais de intensidade moderada e baixa não necessariamente provocam ou requerem ação imediata e podem permitir uma análise mais refinada do significado afetivo. Pesquisadores sugerem que sejam feitos novos trabalhos tanto não-vocais, avaliando mais emoções, quanto com estímulos vocais para verificar se os resultados se mantêm.


Fonte: G1

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