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Esportes aquáticos: protocolos contra Covid-19 na praia e piscina



O calor chegou e sempre fica a dúvida sobre o risco que corremos ao praticar esportes aquáticos durante a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Será que, neste momento, é seguro voltar a fazer exercício na praia e na piscina? A infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Tania Chaves, traz alguns esclarecimentos.

– As atividades recreativas e de prática esportiva estão recomendadas idealmente a serem realizadas ao ar livre, de forma que se mantenha sempre o distanciamento social, uso de máscaras e higienização das mãos, medidas que devem ser incorporadas como barreira para esta fase da pandemia, até que tenhamos uma vacina eficaz – afirma.

Mas como isso se aplica na água? É muito parecido com o solo. Em muitas cidades, as academias de ginásticas reabriram e seguem seus protocolos, como redução do número de alunos ao mesmo tempo, para evitar as aglomerações. Nas atividades esportivas dentro d'água, a recomendação é a mesma.

– A contaminação nesses ambientes se dá principalmente a partir do contato direto com secreções respiratórias de indivíduos infectados e sintomáticos, como as gotículas eliminadas na tosse, espirro, coriza. Deve-se chamar atenção que mesmo em indivíduos sem sintomas a transmissão pode ocorrer, ainda que com chances reduzidas – alertou Chaves.

Para a médica, esportes coletivos na água, como canoagem e natação devem ser evitados. As atividades aquáticas em piscinas, em geral, têm um importante número de pessoas em espaços confinados. Tania Chaves defende que deveriam ser os últimos espaços das academias a serem flexibilizados.

– O cloro elimina vírus e bactérias. Mas, neste momento, a recomendação é que as piscinas não sejam abertas. Isso porque são atividades que, como outros esportes coletivos fora da água, geram aglomeração. E é na aglomeração que o vírus se espalha – reforçou a infectologista. Na piscina: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o cloro é um material que serve para a desinfecção de substâncias em superfícies. Ele é importante contra fungos, bactérias e outros microrganismos, além de garantir a limpeza da água, e controle do pH. E coronavírus não é transmitido pela água. Um estudo do GSMS-SItI, um Grupo de Trabalho para a Saúde da Sociedade Italiana de Medicina Preventiva de Higiene e Saúde Pública, discutiu e resumiu algumas indicações para uma abordagem preventiva adequada em piscinas:

  • Distanciamento social;

  • Gerenciamento otimizado da água;

  • Fluxo de ar e parâmetros microclimáticos na piscina e nas salas anexas;

  • Verificação dos procedimentos de saneamento;

  • Sem compartilhamento de acessórios.

Além disso, é necessário:

  • Uso de máscara em áreas comuns, quando se estiver fora da água;

  • Lembrar que bordas e corrimãos de escada são tocados por todos e podem conter partículas do coronavírus;

  • Limpeza de áreas comuns, bordas e corrimãos;

  • Optar por tomar banho em casa, sem uso de vestiários e banheiros comuns.

Ao ir para uma piscina, lembre-se de que, embora não exista evidência de propagação pela água tratada de acordo com as recomendações, as áreas comuns exigem distanciamento, máscaras e outras precauções usuais.

O estudo destacou ainda que a prevenção deve ser baseada no monitoramento da situação epidemiológica local e na colaboração constante com a autoridade sanitária local e o serviço nacional de saúde. Outras pesquisas recentes indicaram que as gotas da tosse e do espirro às vezes podem viajar de 4m a 6m, aproximadamente: "A transmissão de rota indireta ou de contato pode ocorrer por meio de superfícies da pele, cabelos, roupas, corrimãos, botões do teclado e outros objetos, onde o vírus é depositado após o contato com uma pessoa infectada" indica pesquisa do National Institutes of Health.

Tania ressalta que este estudo demonstra evidências crescentes de que o vírus também pode ser transmitido por inalação de gotículas de curto a médio alcance. O que só reforça a recomendação da infectologista sobre continuar exercendo o distanciamento social onde quer que seja.

Esportes aquáticos que são praticados por uma única pessoa sem proximidade com outras podem ser uma opção para quem está com saudade de cair na água. Na praia: A flexibilização e retomada de atividades varia de cidade para cidade, de acordo com as medidas adotadas pela saúde pública local, junto ao controle de avanço do número de infectados pelo Covid-19. Mas em muitos municípios, já ocorreu o retorno de atividades como canoa havaiana, futevôlei e vôlei de praia. Luiza Perin é uma das sócias da escola de canoa polinésia Itaipu Surf Hoe, em Niterói, no Rio de Janeiro, e presidente da Associação Niteroiense de Va’a, que conta, hoje, com 27 clubes associados, com 3 a 4 mil alunos.

Ela conta que as regras para a prática da canoa havaiana, por exemplo, determinam que durante a atividade é preciso o uso do face shield (composto por uma película protetora de boca, nariz e olhos). Tanto na canoagem quanto no remo, futevôlei, vôlei de praia e voo solo de parapente, há obrigação ou recomendação de:

  • Uso de máscara obrigatório;

  • Distanciamento social;

  • Medição de temperatura;

  • Higienização constante das mãos;

  • Turmas reduzidas;

  • Intervalo entre as aulas para higienização dos acessórios comuns;

  • No mar, para a prática de surfe, por exemplo, a máscara não é necessária. Mas o distanciamento social, sim.

Ainda de acordo com o protocolo, numa canoa polinésia de seis lugares, os remadores ficam a uma distância de 90 cm à 150 cm uns dos outros. A máscara de face shield é fundamental para proteger o indivíduo a uma distância menor que um metro. "Os clubes de canoa polinésia deverão disponibilizar itens de higienização aos seus remadores, bem como realizar a higienização de todos os materiais utilizados", diz o documento protocolado pela ANVA’A para a Secretaria de Esporte e Lazer de Niterói.

A instrutora explica que, além das recomendações da prefeitura, a associação já havia desenhado um plano de retomada com medidas para evitar contágio. Além de reduzir o número de pessoas aglomeradas na turma, há um aumento no intervalo de horários de aulas para que não haja encontro de alunos.

– Essa transição faz com que haja aglomerações. Aumentamos esse intervalo para que não haja esse encontro entre as duas turmas. As turmas devem ter, no máximo, 12 remadores por horário (máximo de 2 duas embarcações), tendo um intervalo mínimo de 20 minutos entre as turmas. É também recomendado que não haja contato físico após a remada. É muito característico do esporte os remadores se cumprimentarem. Alguns hábitos devem ser alterados – reforça.

Para Luiza, não é uma questão de escolha, e sim de responsabilidade. Outra medida é o não compartilhamento de material entre os alunos. É comum que novatos não possuam material próprio, pegando, muitas vezes, emprestado com a escola. A instrutora sugere emprestar o material de forma individual, para que o aluno cuide do mesmo em casa, ao invés de deixá-lo sob a posse da escola.

– Adotar medidas de prevenção é uma responsabilidade de quem trabalha com o público, seja no esporte, no comércio ou na prestação de serviços. Essa pandemia tem que servir para essa mudança de hábitos. O cuidado com o outro já não pode ser uma questão de opção. Certamente tomaremos as medidas necessárias de acordo com o nível de severidade que o cenário exige – acrescenta.

Fonte: Globoesporte

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