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Entenda por que é fundamental vacinar moradores de rua com 3ª dose


 
 

O novo avanço da pandemia causado pela variante Ômicron fez com que a Covid-19 infectasse vários brasileiros. O uso de equipamentos de proteção individual e o distanciamento social são recomendados novamente, mas a principal medida para evitar o aumento da transmissão do coronavírus é a vacina: o reforço vacinal é apontado como uma das melhores estratégias para conter o avanço do vírus.


Os grupos contemplados pela campanha de imunização vão avançando, e para que o esforço tenha resultados no controle da Covid-19, é necessário garantir que toda a população elegível receba a sua dose, assim como o reforço.


Os moradores de rua fazem parte de um grupo essencial para evitar o agravamento da doença no país. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima que cerca de 222 mil pessoas estejam em situação de rua no Brasil. Os dados foram publicados em março de 2020, e a realidade com a crise econômica pode ser ainda mais grave.


Na maioria dos estados, as pessoas em situação de rua foram priorizadas em um primeiro momento da campanha de vacinação, e foi dada a preferência pela aplicação do imunizante da farmacêutica Janssen, de aplicação única. Porém, com a evolução das variantes, se tornou necessária a administração de uma segunda dose e reforço, e a população sem endereço fixo ainda não foi contemplada.


O infectologista Rodrigo Juliano Molina, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, comenta que as pessoas em situação de rua são bastante suscetíveis aos problemas da pandemia.


“São pessoas que, geralmente, não conseguem usar medidas de proteção. Não estão de máscara e não têm condição de adquirir ou mesmo de trocar esses equipamentos. Então, a medida mais eficaz para eles seria mesmo a vacinação com todas as doses e pensar no reforço vacinal”, afirma Molina.


O professor ressalta que, como a variante Ômicron é muito transmissível, os moradores de rua estão ainda mais expostos. “A disseminação está muito mais intensa, tanto que a gente vê pelos números alarmantes que estão ocorrendo. Para essa população, os números também vão aumentar”, considera o especialista.

Os cientistas acreditam que a vacinação é um dos principais motivos para explicar a menor letalidade da nova cepa de Covid-19. Segundo Molina, a imunização e o reforço vacinal são fundamentais para evitar quadros graves e até óbitos de pessoas em condição de rua, assim como para a população geral.


“A cidade necessita conhecer essa população através de algum senso e possuir alguma forma de localizá-los. Nesse caso, é a vacina que deve ser levada a eles. Essa população também não deve ter carteira vacinal. Deveria haver também uma forma de registrar e checar sobre a imunização”, sugere.


Busca ativa


O presidente do Instituto No Setor, Felipe Velloso, lembra que a contaminação e o desenvolvimento da infecção acontecem da mesma maneira na população de rua, mas essas pessoas têm menos condições de conseguir tratamento. Por isso, é ainda mais importante que estejam imunizadas com o reforço.


O Instituto atua no centro de Brasília para fomentar o caráter cultural e social da região e, durante a pandemia, abraçou a causa da população que ocupa o local. No Distrito Federal, assim como em outras unidades federativas, foi escolhida a vacina da Janssen para cidadãos em situação de rua. Porém, Velloso conta que não há mais um medo tão grande do coronavírus.


“A primeira dose teve uma ótima adesão, até porque havia um medo ainda maior no ano passado. Acho que ter o esquema de vacina reforçado deve ser um pensamento coletivo, de reforço para todas as pontas do Estado. É fundamental que todo mundo se vacine”, diz o presidente do Instituto.


Velloso afirma que a melhor estratégia seria a busca ativa das pessoas, um atendimento integrado entre a Secretaria de Saúde e a assistência social para levar a vacina aos pontos onde há maior concentração de pessoas em situação de rua na capital do país. “Ainda não temos nenhuma medida quanto à isso, mas parece que há a intenção de formar esse grupo e vir atender in loco”, conta.


Medidas de proteção também se aplicam à rua


Para os moradores de rua, a aplicação da vacina contra a Covid-19 é necessária, mas os outros cuidados ainda são essenciais, até porque a Ômicron demonstra uma capacidade maior de infectar pessoas protegidas. A distribuição de material de proteção individual deveria ser feita, além da divulgação de informação sobre como se proteger da nova variante, aponta o professor Molina. “Não adianta nada entregar se eles não vão saber o que fazer com aquilo”, diz.


Molina acredita no papel da conscientização nesse processo, explicando o atual estágio da pandemia, os sintomas e que atitudes tomar para evitar o contágio. “Deve ser uma estratégia um pouco mais ampla que só de distribuição de panfletos”, diz.


O Ministério da Saúde foi procurado para esclarecer questões sobre a vacinação de moradores de rua, mas o órgão não respondeu até o fechamento desta matéria.


Fonte: Metrópoles

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