top of page

BLW: entenda o novo método proposto de introdução alimentar para bebês


 
 

Criado pela enfermeira Gill Rapley, no Reino Unido, o método BLW (baby-led weaning, "desmame guiado pelo bebê" em português) defende mais autonomia para os bebês na hora da introdução de novos alimentos que não sejam o leite materno. A ideia, que está longe de ser uma unanimidade entre especialistas, prevê o fim da papinha e do uso de talheres.

O que é o método BLW? Tradicionalmente, a partir dos 6 meses, os bebês podem começar a fazer uma transição alimentar e experimentar novos alimentos. Fora do método BLW, os pediatras recomendam que os pais conduzam gradualmente o filho no caminho até uma mastigação mais firme - o processo começa pela apresentação das papinhas líquidas, depois pastosas, depois semissólidos até chegar aos alimentos sólidos. O BLW prevê a menor interferência possível dos pais na hora de apresentar novos alimentos. Tudo o que for oferecido precisa manter ao máximo a textura original, com a comida cortada em pedaços ou tiras, sem o uso de talheres. O bebê deve receber as porções, usar as mãos e escolher o que deve comer e o quanto tempo quer demorar. "É a oferta de alimentos que não sejam adaptados em consistência, que o preparo seja o mais natural possível em termos de consistência e de apresentação" - Hélcio de Sousa Maranhão, membro do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Vantagens A inclusão de alimentos cada vez mais in natura e um despertar sensorial mais cedo para os bebês é, segundo os cientistas, uma medida que pode reduzir a chance de a criança ter problemas alimentares no futuro e desenvolver obesidade.

"Talvez o BLW desperte na família a necessidade que foi ao longo do tempo sendo desprestigiada. De que essa criança tenha contato com o alimento, que ela pegue, que ela manuseie, que ela sinta o cheiro, e que ela sinta a consistência da forma original", disse Maranhão.

Uma revisão dos estudos científicos já publicados sobre o assunto, divulgada em janeiro de 2020 por pesquisadores brasileiros, analisou 17 artigos sobre o BLW. O método, segundo os autores, aumentou a saciedade do bebê e gerou uma adequação do ganho de peso.

De acordo com o pediatra, de certa forma, há um resgate de uma alimentação natural. Ele defende que o manuseio e a manipulação são fundamentais na infância, o que pode contribuir para a criança ser menos seletiva no futuro e os pais poderem dizer finalmente: meu filho come de tudo. "Muitas vezes a criança não é estimulada no que diz respeito a perceber as cores dos alimentos, o sabor, a textura, e isso pode ser um risco para que futuramente seja uma criança seletiva. Porque ela não conheceu isso ao longo desse aprendizado". O que ainda é incerto Esta relação direta entre o BLW e alimentação mais completa durante os primeiros anos de vida ainda não foi comprovada. Além de evitar uma seletividade por parte da criança, a criação do BLW também esperava taxas menores de obesidade e outros distúrbios alimentares.

O revisão brasileira também apontou a chance de redução da absorção de alguns nutrientes importantes. Além disso, em um estudo randomizado controlado sobre o método, as pessoas foram divididas aleatoriamente em dois grupos.

No total, foram 206 mães no final da gravidez, sendo que metade administrou o BLW e, a outra metade, não. Segundo a pesquisa, que foi publicada na revista "Jama Pediatrics", "nenhuma evidência sugeriu uma diferença na prevalência de "excesso de peso" entre as crianças ao longo do acompanhamento.

"Uma abordagem conduzida por bebês (BLW) para a alimentação complementar não parece resultar em um crescimento mais saudável ou em um risco reduzido de excesso de peso em comparação com as práticas tradicionais de alimentação", escreveram os autores do artigo.

Magalhães também diz que outros estudos apontaram uma leve deficiência de alguns nutrientes, como o ferro, comum em alimentos com consistência mais firme. Por ser uma escolha do bebê, segundo ele, não há a garantia de que ele irá comer de tudo um pouco, medida geralmente estabelecida pelos pais. "Nessa alimentação, a vontade pessoal do bebê pode prejudicar a relação com alguns produtos que contêm zinco e vitaminas como a B12. Então, existem alguns estudos iniciais que já demonstraram que pode acontecer uma ingestão menor de micronutrientes". Além disso, há o risco de a criança engasgar em saber exatamente como mastigar corretamente durante o desenvolvimento, o que assusta e precisa de monitoramento constante - isso também foi um dos pontos relatados na revisão brasileira publicada em janeiro de 2020. O método, apesar de ter menos intervenção dos familiares na preparação, precisa de uma vigilância para evitar acidentes.

"A nossa impressão é que o BLW poderia inclusive dar mais trabalho. A vigilância teria que ser até maior, justamente para evitar o engasgo. Mas o que o método recomenda? Que os pais não sejam um agente facilitador. Confiar na capacidade dessa criança de se autoalimentar", completou Magalhães. Juntando as duas coisas O pediatra recomenda um meio-termo. Uma alimentação guiada pelos pais, respeitando também o tempo do neurodesenvolvimento da criança, como a mastigação, a deglutição e o próprio paladar. Mas, de fato, incluir alimentos naturais e, além disso, respeitar a sensação de saciedade.

"Quando você faz uma alimentação balanceada no prato, atendendo à consistência cada vez maior para as crianças, atendendo às particularidades daquela determinada faixa de idade, certamente essa alimentação vai ser muito mais facilitada e não vai ser conturbada ou perturbada", opina Magalhães. "Importante é ela comer em um período de tempo razoável. Agora, a gente não pode querer que uma criança faça uma refeição ultrarrápida. Mesmo estando nos tempos que estamos".


Fonte: G1

1 visualização0 comentário
bottom of page