top of page

Bebês 'gigantes': médicas alertam para riscos e complicações na vida adulta

ree

Não é todo dia que uma mãe dá à luz a um bebê com mais de 4,5 kg. O nascimento de bebês com peso muito acima da média, conhecidos na medicina como macrossômicos ou bebês GIG (grandes para a idade gestacional), é motivo de alerta entre médicos e cuidadores.


No Espírito Santo, o caso do bebê que nasceu com 6,5 kg e 55 centimetros em um parto vaginal, chamou a atenção. Alderico Santos teve o ombro deslocado na hora do nascimento e ficou 5 minutos sem respirar. Ele chegou a ficar entubado e passou dez dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). A mãe, a dona de casa Ariane Borges, de 39 anos, sofreu uma hemorragia e levou 55 pontos.


Além dos riscos de complicações no parto, esses recém-nascidos podem ter problemas metabólicos logo nas primeiras horas de vida e maior propensão à obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares na vida adulta.


A ginecologista obstetra Anna Carolina Bimbato explica que a principal causa para um bebê nascer com mais de 4,5 kg é o diabetes gestacional, mesmo quando a doença não é diagnosticada oficialmente durante o pré-natal.


“Quando a mãe tem glicose muito alta no sangue, esse açúcar passa com facilidade para o bebê, que começa a produzir insulina em excesso e ganha peso de forma desordenada. É como se o bebê também estivesse diabético”, explicou a médica.

Casos de bebês grandes também podem ocorrer por fatores genéticos, quando os pais têm estatura elevada, mas são exceções. Em geral, segundo a médica, a macrossomia está associada a alterações metabólicas durante a gravidez.


Diagnóstico ainda na gestação


O crescimento acelerado pode ser identificado durante o pré-natal, por meio de exames de sangue e ultrassonografias.


O acompanhamento é feito com base em percentis de crescimento, que é um gráfico que compara o peso estimado do bebê com o de outros fetos da mesma idade gestacional.


“Quando o bebê ultrapassa o percentil 90, significa que ele está maior que 90% dos bebês da mesma idade. A partir daí, é possível ajustar a dieta da mãe e, se necessário, iniciar o uso de insulina para tentar conter o crescimento excessivo”, disse a obstetra.

A obstetra explica ainda que, detectado precocemente, o quadro pode ser controlado, reduzindo a velocidade do crescimento fetal. No entanto, se o diagnóstico é feito apenas no final da gestação, não há muito a ser feito além de planejar um parto seguro.


“O maior risco nem é o parto em si, mas o fato de que um bebê muito grande pode sofrer alterações hormonais e metabólicas dentro do útero, podendo até vir a óbito sem aviso prévio”, alerta.


A via de parto na diabetes gestacional depende de uma série de fatores, como o tamanho da mãe, a experiência com gestações anteriores e o desejo da paciente — Foto: Reprodução/EPTV


Parto exige avaliação individual


A via de parto depende de uma série de fatores, como o tamanho da mãe, a experiência com gestações anteriores e o desejo da paciente.


Embora seja recomendado que bebês acima de 4,5 kg nasçam por cesariana, há casos em que o parto normal é possível, desde que o acompanhamento seja rigoroso.


“Esses partos têm risco de lesões graves tanto para a mãe quanto para o bebê, como o que ocorreu com a mãe do bebê de 6,5 kg que teve o braço lesionado durante o parto”, explicou a obstetra.


Cuidados logo após o nascimento


De acordo com a pediatra e neonatologista Ana Maria Vilarinho, bebês com peso elevado ao nascer precisam de observação imediata nas primeiras horas de vida, especialmente para o controle da glicemia (nível de açúcar no sangue).


Além disso, observamos o peso e a perda de peso que é comum a todos os bebês, mas neste caso pode ser maior. Após a alta do hospital, seguirá sendo acompanhado no peso, crescimento e desenvolvimento neurológico.

— Ana Maria Vilarinho, pediatra e neonatologista


Entre as principais complicações citadas pela médica estão:


  • Distócia de ombro (dificuldade para o bebê nascer após a saída da cabeça);

  • Lesões do plexo braquial (nervos que controlam o movimento do braço);

  • Fraturas de clavícula e úmero;

  • Asfixia perinatal e convulsões;

  • Maior chance de internação em UTI neonatal.


Em casos de lesão no plexo braquial, como aconteceu com Alderico, o tratamento envolve fisioterapia e terapia ocupacional precoces. A maioria dos bebês se recupera espontaneamente, mas alguns precisam até de cirurgias quando não há melhora até os 6 meses de idade.


Acompanhamento e riscos futuros


Estudos apontam que crianças que nasceram grandes têm risco 1,5 vez maior de desenvolver obesidade na adolescência e, futuramente, doenças como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardíacos.


“Estratégias de prevenção devem focar no controle do ganho de peso gestacional, promoção do aleitamento materno e monitoramento rigoroso do crescimento infantil para mitigar o risco de obesidade futura”, concluiu Ana Maria Vilarinho.


Fonte: G1

Comentários


© 2020 Portal Saúde Agora. Tudo sobre SAÚDE em um só lugar!

  • Instagram
logoportal1.png
bottom of page