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Após tratar câncer de mama, pesquisadora escreve HQ sobre o assunto



Aos 36 anos, a psicóloga e pesquisadora Dulce Ferraz identificou um nódulo em um dos seios. O caroço não desapareceu com o passar dos dias e, por isso, ela agendou consulta médica.


Quando suas piores suspeitas se confirmaram, Dulce sentiu como se o mundo tivesse virado de cabeça para baixo. “Só conseguia pensar que eu não preenchia os requisitos: era jovem e tinha hábitos saudáveis”, lembra.


Diante do diagnóstico, a primeira reação foi de medo. “Fiquei desesperada para encontrar maneiras de me livrar daquilo. Queria me curar logo, mas a experiência foi me mostrando que seria necessário ter bastante paciência”, relata. Dulce descreve o diagnóstico como um processo lento, de muitos exames, investigações e hipóteses.


Transformação


A experiência de medo e insegurança, entretanto, seria transformada em fonte de informação para outras mulheres. A psicóloga passou a fazer registros sobre as consultas, os exames e os sentimentos que surgiam durante o tratamento.


Aos poucos, a ideia de um livro em formato de história em quadrinhos foi ganhando forma. Com o título de 180 graus: minhas reviravoltas com o câncer de mama, a narrativa relata a trajetória de Carolina, inspirada na própria Dulce, que descobre um tumor aos 36 anos e vê sua vida familiar, profissional e seus sonhos serem afetados pelo diagnóstico.


“A ideia de criar o livro nasceu da vontade de compartilhar informações científicas de uma maneira que elas fossem vistas contextualmente, valorizando as dimensões subjetivas do enfrentamento do câncer de mama”, assinala a autora na apresentação do livro.

A pesquisadora já havia terminado o tratamento contra o câncer quando converteu os registros do caderno de anotações em um trabalho autoetnográfico – estilo usado para aproximar o conhecimento científico das experiências subjetivas.


Com o apoio das amigas Soraya Fleischer e Fabiene Gama, Dulce inscreveu o projeto em um edital da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do CNPq que busca incentivar trabalhos de divulgação científica.


“As minhas expectativas são que o livro consiga trazer informações de maneira mais acessível a mulheres que enfrentam situações semelhantes, mas também ajude profissionais da saúde a entenderem como a doença afeta a vida da paciente em todas as dimensões, como autoestima, relacionamentos e vida sexual. Além disso, espero que o livro inspire especialistas a adaptar o conhecimento técnico em formatos mais compreensíveis e até mesmo divertidos”, destaca Dulce.

O livro mostra a importância de uma rede coletiva de cuidados e também do respeito ao direito à informação em linguagem acessível.


A ilustração da graphic novel foi feita pela artista brasiliense Camilla Siren, conhecida por produzir murais coloridos e com temáticas femininas nas ruas de Brasília.


Dulce conta que a parceria com Siren veio do desejo de Soraya Fleischer de ter o livro ilustrado por uma mulher. Elas selecionaram Camilla após ela produzir uma arte que “foi muito impactante”: a cena da biópsia de Carolina.


Publicação


O livro 180 graus: minhas reviravoltas com o câncer de mama será lançado em São Paulo, dia 24/10, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). A obra ficará disponível em formato de e-book, gratuitamente, e impresso no site da NAU Editora.


A obra foi realizada com financiamento via edital da Fiocruz Brasília e do CNPq.


Fonte: Metrópoles

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