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Afasia progressiva primária: entenda doença que afeta cartunista Angeli



O cartunista Angeli, de 65 anos, anunciou o fim da carreira como cartunista após o diagnóstico de afasia progressiva primária (APP).


A doença é a mesma que, no ano passado, causou a morte da promoter de eventos Alicinha Cavalcanti. O ator Bruce Willis também foi diagnosticado com uma forma de afasia em março. A APP é uma doença demencial mais agressiva que o Alzheimer, não tem tratamento e nem cura. Seus sintomas se manifestam inicialmente nas funções relacionadas à linguagem e à neurodegeneração. Abaixo, veja perguntas e respostas sobre a afasia progressiva primária:

  1. O que é afasia progressiva primária?

  2. Como uma síndrome que afeta a linguagem pode ser tão grave?

  3. Quais são os sintomas iniciais?

  4. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a APP e o Alzheimer?

  5. Quais os tratamentos para APP?

  6. Qual o tempo de evolução da doença?

1. O que é afasia progressiva primária? É uma doença degenerativa que atinge a linguagem e se encontra dentro do conceito de doenças demenciais, como o Alzheimer.

"É uma síndrome demencial que se encaixa dentro de algumas variantes da doença de Alzheimer e dentro das demências que chamamos de frontotemporais", afirmou, em entrevista ao g1 no ano passado, Diogo Haddad, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

De acordo com ele, existem três subtipos de afasias progressivas primárias: Afasia Progressiva Primária Agramática (APPA), Afasia Progressiva Primária Semântica (APPS) e Afasia Progressiva Primária Logopênica (APPL).

"Todos esses subtipos da APP se manifestam com alterações de linguagem, seja na fala, alteração na comunicação e na verbalização", afirma Haddad.

Contudo, é necessário atenção para não confundir afasia progressiva primária, que é uma doença, com a afasia em si, que é o nome dado a toda e qualquer alteração de linguagem e pode ser sintoma de outras doenças, como um AVC ou uma lesão neurológica. 2. Como uma síndrome que afeta a linguagem pode ser tão grave? "Linguagem para o ser humano é uma coisa extremamente importante.Dentro da neurologia a gente define linguagem como a consistência cognitiva que nós temos em falar, entender, ler, escrever, nomear e compreender", explica Haddad. Além disso, a doença pode evoluir progressivamente e causar alterações que não se restringem apenas à parte da linguagem, como a memória e funções executivas, causando uma neurodegeneração que, no final, leva à morte do paciente. 3. Quais são os sintomas iniciais? Os primeiros sintomas a serem identificados são as alterações na linguagem, que podem se manifestar tanto na hora em que uma pessoa vai escrever algo, como durante a leitura ou a fala. Contudo, Haddad explica que é normal as pessoas se esquecerem de algumas palavras durante o dia. "Várias vezes ao longo do dia é normal que a gente esqueça ou não encontre as palavras, e isso não classifica um quadro neurodegenerativo. Agora, se nós estamos percebendo alterações que estão vindo progressivamente dentro da nossa funcionalidade, isso merece investigação", alerta o especialista. 4. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a APP e o Alzheimer ? A afasia progressiva primária está dentro das doenças demenciais, assim como o Alzheimer. Contudo, há muitas diferenças entre as doenças. De modo geral, o Alzheimer atinge inicialmente pessoas já muito idosas, enquanto que a APP pode se manifestar em pacientes considerados jovens, a partir dos 50 anos de idade. Além disso, os quadros mais tradicionais de Alzheimer são caracterizados por alterações na memória, podendo com o tempo evoluir para alterações na linguagem. Já no caso da APP, a doença se inicia com alterações de linguagem para depois apresentar modificações na memória e no comportamento. Por fim, a progressão do Alzheimer é mais lenta, se comparada com a APP, que é mais agressiva e mais rápida. 5. Quais os tratamentos para APP? Segundo Haddad, a doença ainda não foi completamente compreendida pela ciência e, por isso, ainda não há tratamento ou cura para a afasia progressiva primária.

"O que temos, em sua maior parte, é voltado à reabilitação. Existem estudos mostrando que a própria habilitação cognitiva e a reabilitação com fonoaudiologia especializada diminui o tempo de evolução da doença ao longo do tempo. O tratamento medicamentoso ainda é bastante controverso", explica Haddad. 6. Qual o tempo de evolução da doença? "Quando se trata da APP, ao contrário do Alzheimer que leva até 20 anos de evolução, a progressão da doença tende a acontecer nos 10 primeiros anos, mas nós temos que ter cuidado ao afirmar isso como regra", diz Haddad.

Segundo ele, há fatores comportamentais e fisiológicos que podem agravar e acelerar a evolução da doença, como a presença de outras comorbidades, tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas.


Fonte: G1

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