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Afasia progressiva primária: o que é a doença que causou a morte da promotora Alicinha Cavalcanti


 
 

A promoter de eventos Alicinha Cavalcanti morreu nesta segunda-feira (2), aos 58 anos, em decorrência das complicações referentes à Afasia Progressiva Primária (APP).


Ainda sem cura, a APP é uma doença demencial mais agressiva que o Alzheimer. Seus sintomas se manifestam inicialmente nas funções relacionadas à linguagem e à neurodegeneração. "É uma doença que ainda não tem tratamento e não tem cura. A verdade é que nós ainda estamos entendendo a doença", explica Diogo Haddad, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Abaixo, veja as respostas para as principais perguntas referentes à APP.

  1. O que é afasia progressiva primária?

  2. Como uma síndrome que afeta a linguagem pode ser tão grave?

  3. Quais são os sintomas iniciais?

  4. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a APP e o Alzheimer?

  5. Quais os tratamentos para APP?

  6. Qual o tempo de evolução da doença?

1. O que é afasia progressiva primária?

É uma doença degenerativa que atinge a linguagem e se encontra dentro do conceito de doenças demenciais, como o Alzheimer.

"É uma síndrome demencial que se encaixa dentro de algumas variantes da doença de Alzheimer e dentro das demências que chamamos de frontotemporais", afirma Haddad.

De acordo com ele, existem três subtipos de afasias progressivas primárias: Afasia Progressiva Primária Agramática (APPA), Afasia Progressiva Primária Semântica (APPS) e Afasia Progressiva Primária Logopênica (APPL).

"Todos esses subtipos da APP se manifestam com alterações de linguagem, seja na fala, alteração na comunicação e na verbalização", afirma Haddad.

Contudo, é necessário atenção para não confundir afasia progressiva primária, que é uma doença, com a afasia em si, que é o nome dado a toda e qualquer alteração de linguagem e pode ser sintoma de outras doenças, como um AVC ou uma lesão neurológica. 2. Como uma síndrome que afeta a linguagem pode ser tão grave? "Linguagem para o ser humano é uma coisa extremamente importante.Dentro da neurologia a gente define linguagem como a consistência cognitiva que nós temos em falar, entender, ler, escrever, nomear e compreender", explica Haddad.

Além disso, a doença pode evoluir progressivamente e causar alterações que não se restringem apenas a parte da linguagem, como a memória e funções executivas, causando uma neurodegeneração que, no final, leva à morte do paciente. 3. Quais são os sintomas iniciais? Os primeiros sintomas a serem identificados são as alterações na linguagem, que podem se manifestar tanto na hora em que uma pessoa vai escrever algo, como durante a leitura ou a fala. Contudo, Haddad explica que é normal as pessoas se esquecerem de algumas palavras durante o dia.

"Várias vezes ao longo do dia é normal que a gente esqueça ou não encontre as palavras, e isso não classifica um quadro neurodegenerativo. Agora, se nós estamos percebendo alterações que estão vindo progressivamente dentro da nossa funcionalidade, isso merece investigação", alerta o especialista. 4. Quais são as semelhanças e as diferenças entre a APP e o Alzheimer ? A afasia progressiva primária está dentro das doenças demenciais, assim como o Alzheimer. Contudo, há muitas diferenças entre as doenças.

De modo geral, o Alzheimer atinge inicialmente pessoas já muito idosas, enquanto que a APP pode se manifestar em pacientes considerados jovens, a partir dos 50 anos de idade.

Além disso, os quadros mais tradicionais de Alzheimer são caracterizados por alterações na memória, podendo com o tempo evoluir para alterações na linguagem. Já no caso da APP, a doença se inicia com alterações de linguagem para depois apresentar modificações na memória e no comportamento.

Por fim, a progressão do Alzheimer é mais lenta, se comparada com a APP, que é mais agressiva e mais rápida. 5. Quais os tratamentos para APP? Segundo Haddad, a doença ainda não foi completamente compreendida pela ciência e, por isso, ainda não há tratamento ou cura para a afasia progressiva primária.

"O que temos, em sua maior parte, é voltado à reabilitação. Existem estudos mostrando que a própria habilitação cognitiva e a reabilitação com fonoaudiologia especializada diminui o tempo de evolução da doença ao longo do tempo. O tratamento medicamentoso ainda é bastante controverso", explica Haddad. 6. Qual o tempo de evolução da doença? "Quando se trata da APP, ao contrário do Alzheimer que leva até 20 anos de evolução, a progressão da doença tende a acontecer nos 10 primeiros anos, mas nós temos que ter cuidado ao afirmar isso como regra", diz Haddad.

Segundo ele, há fatores comportamentais e fisiológicos que podem agravar e acelerar a evolução da doença, como a presença de outras comorbidades, tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas.


Fonte: G1

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