Provocada pelo novo coronavírus, a onda de mortes envolvendo praças da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) motivou PMs a buscarem alternativas de atendimento. No entanto, a tenda montada ao lado do Centro Médico da corporação, no Setor Policial Sul, se tornou alvo de duras críticas. Em razão da precária estrutura, o local passou a ser chamado pelos integrantes da instituição de “tenda da morte”.
Em áudio obtido pelo Metrópoles, um policial contaminado pela doença se queixa do atendimento prestado. A tenda é o último recurso dos militares antes de serem transferidos para o Hospital Maria Auxiliadora, no Gama.
Na última semana, quando esteve no lugar, um policial já de atestado médico após ter recebido diagnóstico positivo para a Covid-19 disse que a experiência foi péssima: “Fui passando mal naquela tenda, cansado e com falta de ar. O médico perguntou o que eu estava fazendo lá”.
Escute o relato do PM:
“Nem aí”
Ainda na gravação, o militar relatou, indignado, que os profissionais de saúde que atendiam na tenda insinuaram que ele havia ido ao local apenas para conseguir um atestado médico. “Me trataram como se eu fosse lá única e exclusivamente para pegar atestado, sendo que eu já estava de atestado. Ele viu a merda que ia fazer e me mandou de ambulância para o Maria Auxiliadora”, esbravejou.
Em grupos fechados no WhatsApp formados por PMs, as reclamações sobre o descaso e o receio de se tornar a próxima vítima fatal da doença são assuntos recorrentes. “Muitos policiais estão se cotizando para correr atrás de tratamentos particulares. Os policiais estão entrando vivos e saindo dentro de sacos pretos”, disse um dos militares ouvidos pela reportagem.
Até 5 de abril deste ano, pelo menos 53 militares perderam a luta contra a doença. Apenas um dos batalhões, o 11º Batalhão da Polícia Militar (BPM), em Samambaia, registrou a morte de cinco homens. A unidade é o local em que mais militares faleceram em decorrência da Covid-19.
A PMDF não respondeu sobre as queixas de seus integrantes em relação aos problemas enfrentados na tenda.
Fonte: Metrópoles