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Pesquisa da USP revela perfil da mortalidade materna na região

Ao contrário do que ocorre no Brasil, a região de Ribeirão Preto tem índice de mortalidade materno maior entre mulheres brancas, com oito ou mais anos de estudo, profissionais empregadas e em primeira gestação. O perfil do problema foi revelado por uma pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP), da Universidade de São Paulo (USP).

Os resultados chamaram a atenção da pesquisadora Janaína Aparecida Tintori que analisou dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde referentes aos 26 municípios da área de cobertura do Departamento Regional de Saúde de Ribeirão Preto.

“No mundo e no restante do país morrem mais mulheres negras, sem estudo ou com poucos anos de escolaridade e também é maior entre as mulheres que tiveram mais gestações”, conta Janaína.

Segundo ela, morrer por complicações na gestação e parto em pleno século 21 não é notícia aceitável, muito menos na região de Ribeirão Preto que oferece boa estrutura de saúde. Os números podem até ser baixos se comparados a outras regiões do País – entre 2011 e 2016, a região registrou 36 mortes maternas, dessas, 24 eram brancas -, mas a pesquisadora afirma que essas mortes, em sua maioria, poderiam ter sido evitadas.

Janaina é a responsável pelo estudoO fato é que essa realidade desafia as autoridades em todo o mundo, tanto que líderes mundiais reuniram-se em 2015 na sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York, comprometendo-se em uma ação comum para reduzir essas mortes. Trata-se de um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a Agenda 2030 que estipulou para o Brasil a razão de menos de 30 mortes maternas para cada 100 mil nascidos vivos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em todo o mundo, morrem diariamente cerca de 830 mulheres por causas obstétricas. Outra curiosidade que chama atenção no trabalho de Janaína, é que na região ocorreu um empate das principais causas de mortalidade: hipertensão, infecção e hemorragia, “não sendo possível destacar a principal causa”.

Segundo a pesquisadora, estudos mostram que a assistência qualificada e especializada reduz o número dessas mortes e a maioria dos óbitos maternos é “por causa obstétrica direta, ou seja, diretamente relacionada à qualidade da assistência prestada durante o pré-natal, parto ou pós-parto”.

Como os óbitos da região de Ribeirão aconteceram com mulheres jovens, em sua maioria saudáveis, e assistidas por uma boa cobertura da rede de atenção à saúde (tiveram acesso ao pré-natal e parto nas maternidades), os resultados do estudo reforçam a necessidade de mais qualificação dos serviços. Ainda, segundo Janaína, pela restrição da metodologia utilizada na pesquisa, não foi possível identificar o motivo desse perfil de óbito materno se diferenciar do restante do País.

Mortalidade Materna

A mortalidade materna é caracterizada por óbitos decorrentes de complicações durante a gravidez, parto ou puerpério (cerca de 40 dias após o parto). De acordo com a OPAS/OMS as principais causas de morte são: hipertensão, hemorragias, infecções, complicações e abortos espontâneos. Além dessas, outras podem ocorrer durante a gestação ou após o parto, e grande parte delas poderia ser evitada.

Para a pesquisadora, uma assistência ainda mais qualificada amenizaria o problema, evitando parcela desses óbitos. O serviço deve contar com “profissionais médicos e enfermeiros habilitados em obstetrícia, equipe médica presencial 24 horas, além de conhecimento técnico e científico atualizado, com especialistas treinados para agir nas emergências, respaldados por protocolos clínicos atualizados”.

A pesquisa da USP em Ribeirão Preto faz parte do mestrado da enfermeira Janaina Aparecida Tintori, sob orientação da professora da EERP Flávia Azevedo Gomes-Sponholz. As pesquisadoras analisaram informações dos bancos de dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, com autorização do Centro de Informações Estratégicas em Saúde (CIVS) da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP).

Fonte: Revide

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