
Um levantamento inédito feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) apontou que nove casos de violência contra médicos em estabelecimentos de saúde (público e privado) são registrados por dia no país — um caso a cada três horas.
Para chegar a esse número, o CFM analisou os boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal entre 2013 e 2024. O Rio Grande do Norte não encaminhou as informações solicitadas a tempo e o Acre informou não ter os dados em sua base.
Desde 2013, foram registrados mais de 38 mil BOs em que médicos foram vítimas de violência. 2023 detém o recorde, com 3.993 boletins (os dados completos de 2024 serão conhecidos só em 2025).
Segundo o levantamento, a maior parte dos registros é de ameaça, vias de fato, perturbação do trabalho, lesão corporal, furto, injúria, desacato, calúnia e difamação.
Veja outros dados do levantamento:
47% dos BOs foram registrados contra mulheres;
66% dos casos ocorrem no interior;
São Paulo registrou praticamente a metade dos casos de violência;
Paraná ocupa o segundo lugar no ranking, seguido por Minas Gerais.
José Hiran Gallo, presidente do CFM, ressalta que é importante adotar medidas efetivas para prevenir e combater a violência contra os médicos. Ele também aponta que o profissional precisa exercer a profissão em paz.
“Os profissionais carecem de segurança física dentro das unidades. Não é apenas o patrimônio que precisa de cuidados. A garantia de condições para o exercício da atividade médica, dentre os quais a oferta de espaço seguro, é imprescindível, assim como o acesso dos pacientes ao direito fundamental à saúde, tanto na rede pública quanto na rede privada”, alertou.
O órgão fez algumas ressalvas sobre o levantamento. O Rio Grande do Norte, por exemplo, não encaminhou as informações a tempo. Já o Acre informou não ter dados em sua base. Mato Grosso e Paraná informaram dados relativos à violência em hospitals e clínicas médicas contra qualquer profissão (o CFM fez uma estimativa mínima de 10% que envolveria só médicos).
Estimativa semelhante foi feita no Rio de Janeiro, onde a maioria das ocorrências deixou o campo da profissão da vítima em branco; e com as informações prestadas pelo Rio Grande do Sul, que forneceu apenas dados de violência contra médicos sem definir o local onde ocorreu o fato.
"Vale ressaltar a subnotificação dos casos, já que alguns estados não informaram precisamente a quantidade de médicos que sofreu algum tipo de violência dentro de estabelecimentos de saúde", completa o CFM.
Fonte: G1
Comentarios