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Mulher com câncer contrai Covid-19 e relata desafios na recuperação: 'Orei para Deus não me levar'


 
 

A luta pela vida para quem trata um câncer é uma missão árdua. Porém, no caso da dona de casa Ivanira Cação, de 57 anos, moradora de Sorocaba (SP), o Dia Mundial do Câncer, celebrado nesta quinta-feira (4), representa a persistência para superar os desafios causados pela doença.


Ao G1, ela contou que um mês depois de se submeter a uma cirurgia de próteses, em junho do ano passado, surgiu um novo desafio em seu tratamento contra o câncer de mama: a Covid-19. Além dela, o marido Luiz Paulo Cação, de 59 anos, se contaminou. Luiz não resistiu e morreu por complicações da doença.

"Comecei a sentir os primeiros sintomas no começo de julho de 2020. Senti muita dor no corpo, mal-estar e frio. Fui ao médico achando que poderia ser relacionado ao tratamento do câncer, mas ele disse que estava tudo normal e que poderia ser outra coisa", afirma.

Já o marido começou a ter falta de ar. "Nem desconfiávamos que fosse Covid, pois tomávamos cuidado e nem saíamos de casa. Dias depois, ele reclamou de tontura e desmaiou. Quando chegamos no hospital, fizeram tomografia e ele estava com 25% do pulmão comprometido. Acabou ficando internado com suspeita de Covid", explica. Após detectar que era coronavírus, ela e o marido foram hospitalizados, mas em quartos diferentes. Ivanira teve 50% do pulmão comprometido e, além do câncer, sofre de pressão alta e diabetes. "Quando soube que estava infectada, orei para Deus não me levar", conta.

A dona de casa teve alta quatro dias após a internação e precisou cumprir isolamento de 15 dias. Neste período, o estado de saúde do marido piorou. Ele precisou ir para a UTI, onde foi entubado e colocado em coma induzido. Porém, teve a morte cerebral no dia 7 de agosto, após 23 dias internado.

"Ele sofria de problemas como Mal de Parkinson, Alzheimer e teve hidrocefalia. Também apresentou quadro de esquizofrenia e foram estas complicações que levaram à morte cerebral", lamenta.

Ivanira lamenta que não conseguiu se despedir do marido com quem ficou casada por 42 anos. Ela afirma que se apoia na família para amenizar a dor da perda. "Mal conseguimos nos despedir e ainda hoje não conseguimos visitá-lo em seu túmulo, pois o cemitério está fechado. Ainda choro pela perda dele e por não ter me despedido, mas meus filhos e netos ajudam a diminuir a dor", conta. Luto contra o câncer Ivanira conta que teve câncer em uma das mamas em 2012 e passou por cirurgia para a retirada da mama esquerda. Fez quatro sessões de quimioterapia e colocou uma prótese mamária.

Porém, em 2018, após exames de ultrassom, o médico recomendou uma biópsia, mas Ivanira acabou não fazendo.

"O meu marido estava doente e eu precisava cuidar dele. Ao mesmo tempo, a minha filha estava grávida do meu neto e logo ele nasceria, aí acabei me deixando de lado. O nódulo aumentou e próximo ao Natal de 2018, o médico fez a biópsia e detectou o câncer", relata. A partir daí, foram meses de tratamento até a remoção da mama esquerda feita em abril de 2019. Após a cirurgia, Ivanira passou por um tratamento mais rigoroso com 12 sessões de quimioterapia, onde perdeu o cabelo.

"Eu sentia muita fraqueza e atacou o meu psicológico por conta do câncer. Ao final eu fui pra quimioterapia vermelha, onde fiz quatro sessões a cada quinze dias. Durante as sessões, a minha boca inchou, surgiram aftas e eu ficava de cama por conta da fraqueza, além de não conseguir mastigar e precisar consumir comidas líquidas", diz. "Eu tinha medo das reações e a médica fez uma carta que andava comigo. Ela explicava que se eu sentisse alguns sintomas era pra ir imediatamente ao hospital. Eu me sentia como se estivesse em uma tempestade, e não sabia o que viria pela frente. Sequer conseguia me ver careca no espelho", relata. Em reta final para o tratamento do segundo câncer de mama, Ivanira explica que precisa de alguns cuidados para se recuperar totalmente da doença.

"Preciso tomar hormônio por cinco anos para vencer de vez o câncer. O que peço de coração é para as mulheres fazerem o exame de mamografia, por mais que seja dolorido, além do ultrassom como complemento. A dor da mamografia não é nada perto da dor de um tratamento contra o câncer. Não é fácil, mas temos de ter força física e psicológica. Mas Deus dá forças e a gente supera esta luta", finaliza.


Fonte: G1

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