O Fantástico deste domingo (1º), contou a história de uma menina que com apenas 4 anos já sente na pele a dor da discriminação. Luna Fenner nasceu com uma marca no rosto, que os médicos chamam de "nevo".
"Foi um choque mesmo. Aí eu falei, que que é isso? Perguntei pro médico. Aí todo mundo olhando pro rosto da Luna. Eu achei que era sujeira. Então eu falava: limpa o rosto dela. E o médico olhava e falou assim: não, mamãe, eu acho que é uma mancha", relata Carol Fenner mãe da menina. Essa mancha era como uma pinta grande, mas ninguém sabia se fazia mal para a saúde da bebê. "Fomos em vários médicos. Cada médico falava uma coisa diferente. Da saúde, é só estético. Espera 10 anos, tem que fazer agora. A gente estava muito perdido em relação à nossa decisão", conta Carol. Preconceito A mãe lembra que a primeira situação de preconceito com a filha aconteceu quando Luna ainda era um bebê. "Ela tinha poucos meses de vida. Uma senhora dentro da igreja chamou ela de "monstro". Naquele dia a gente falou: a gente vai fazer a cirurgia. Não importa o que que tão falando, se precisa, não precisa, a gente vai fazer porque ela vai passar por isso o resto da vida", lembra a mãe de Luna. Os pais contam que a preocupação de como a discriminação afetaria a filha os levou a considerarem a cirurgia para remover a marca no rosto de Luna.
"Minha maior preocupação como pai é não poder estar sempre ao lado dela e ela poder se defender sozinha né? Porque ela sofre muito né? Pelo preconceito", diz o pai de Luna.
Além disso, a marca diagnosticada na menina, o nevo, geralmente É inofensivo. No entanto, devido ao seu tamanho, havia um risco aumentado de que ele fosse um melanoma, um tipo de câncer de pele. "A gente tá falando de uma probabilidade, algo em torno de 6% ao longo da vida disso acontecer. Já nas lesões pequenas, a probabilidade é bem menor, menor de 1%", explica o médico Carlos Barcaui, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A cirurgia A família, que mora nos Estados Unidos, começou a rodar o país em buscar de opções para a cirurgia. O primeiro médico a aparecer foi um norte-americano, que cobrou US$ 450 mil (na cotação atual, R$ 2,26 milhões), e disse que a família precisaria pagar até o final daquele mês.
Foi então que os pais decidiram apelar à rádio, TV, internet. E ainda, tiveram a ideia de vender bonecas que também tinham uma mancha no rosto, a fim de arrecadar dinheiro. A ideia foi um sucesso duplo. Tanto pela arrecadação, como por enfim encontrar o profissional que ajudaria Luna. "E aí começou a ligar gente do mundo inteiro. E aí um médico russo mandou mensagem pelo instagram da Luninha, que já tinha tomado também uma proporção gigantesca . Ele falou: 'Eu tenho a solução pra vocês com cirurgias menos agressivas''", conta a mãe.
Meses depois, a família desembarcou pela primeira vez na cidade de Krasnodar , no interior da Rússia. Foram seis cirurgias a laser para tirar a marca sobre o rosto da Luna. Repercussão A história de Luna chamou a atenção da mídia russa. "A Luninha já era manchete em todo canto. Eu acho que é o próprio médico dela divulgou bastante, relata Carol. A menina ainda se tornou popularmente conhecida entre os russos.
"Toda vez que a gente ia ao mercado paravam a gente, queriam tirar foto. E eu, cansada. Foi bem pesado". Ainda falta uma última operação para Luna. Que está atrasada por motivos de força maior: com a guerra da Ucrânia, a situação ficou complicada na região e era muito perigoso para a família permanecer lá.
Luna deve, também, passar por outras cirurgias plásticas no Brasil para tirar o aspecto de queimadura do rosto. Bárbara Paz promove exposição para mostrar cicatrizes no rosto A atriz Bárbara Paz foi a responsável por narrar a história de Luna no Fantástico. E isso aconteceu por um motivo especial: ela também possui uma marca no rosto. Aos 17 anos, ela sofreu um acidente de carro e ficou com o rosto partido ao meio. Na ocasião, ela iniciava a carreira de modelo. Bárbara se escondeu no próprio cabelo para lidar com as cicatrizes. Mas hoje em dia ela decidiu fazer uma exposição para exibi-las, e com fotos inéditas.
A exposição "Auto-acusação" ficará em cartaz de 11 de novembro a 2 de dezembro no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro.
Fonte: G1
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