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Greve de médicos peritos do INSS completa uma semana e prejudica beneficiários no Rio



A greve dos médicos peritos do INSS está completando uma semana. A paralisação agrava problemas antigos, pois há pessoas que esperam há meses para fazer perícia médica e para receber os auxílios do governo. Mas, sem a perícia, os benefícios não são liberados.


Segundo a associação que representa a categoria, 70% dos médicos aderiram à greve. Eles reivindicam reajuste salarial, aumento de benefícios e ajustes no plano de carreira.

Com a greve, quem já estava com perícia agendada - o que normalmente não é fácil de conseguir - tem de remarcar a consulta. Como as dezenas de pessoas que aguardavam atendimento na manhã desta quinta-feira (7), no posto do INSS da Praça da Bandeira, na Zona Norte. Uma funcionária informou que havia somente um médico perito no posto e que ele só atenderia as 12 consultas já agendadas com esse perito. Quem estava agendado para ser atendido por outro médico teria de voltar para casa, sem saber quando poderá remarcar a consulta.

A associação que representa os médicos peritos diz que o governo federal não abriu nenhum canal de negociação até agora. Enquanto não houver negociação, a paralisação continua.

Com isso, pessoas que precisam da perícia para receber benefícios estão sofrendo, como Carol Lima, que há dois anos espera por um benefício para cuidar do filho de 2 anos, que tem deficiência.

"Já vai fazer dois anos que está nesse processo para fazer uma perícia que até hoje ele não conseguiu. É a segunda vez que o INSS marca para fazer uma perícia social para ele. Só que não acontece. Hoje vim aqui mais uma vez na Previdência de Ramos. Chegando aqui, fui informada de que não vou ser atendida porque os peritos estão de greve. Até a assistente social também está de greve. Meu filho precisa de seringa para gastrostomia. Não tenho como trabalhar, não tenho como deixar ele com outra pessoa porque só eu posso fazer o manuseio da gastrostomia que ele tem na barriga. E não tenho nem um tipo de recurso vindo do governo, eu preciso de doações", disse Carol. Os problemas para conseguir uma perícia são antigos e se agravaram com a greve. A desempregada Fernanda Moura há mais de um ano fez o pedido para receber um benefício do INSS. Ela sente dores e os efeitos da doença desde a adolescência.

"Eu me sinto muito cansada. Apareceram nódulos nas minhas pernas, manchas, às vezes feridas porque a minha imunidade é muito baixa. Eu tenho vários diagnósticos", contou Fernanda.

Ela trabalhava como assistente administrativa. Mas sempre sentiu dores insuportáveis. Em 2017 ela descobriu que tem arterite de takayasu, uma doença que atinge os vasos sanguíneos e não tem cura. Dois anos depois, Fernanda foi demitida e diz que agora não tem mais condições de trabalhar e os medicamentos são muito caros. Ela entrou com pedido para conseguir um auxílio por incapacidade temporária.

"Procurei o INSS em maio do ano passado. Mas por conta da pandemia, eles estavam fazendo a perícia on-line. E depois que analisassem a ação, isso já tem quase um ano, eles mandariam a resposta. Até agora, nenhuma respostas. Meus remédios custam em média R$ 400, duas caixas de remédio que duram um mês. Minha mãe, que tem a pensão dela, é que me ajuda. A questão é o meu direito, não quero estar pedindo nada para ninguém. A gente não fica doente porque a gente quer. Só quero receber o que é meu de direito", disse Fernanda. Nem quem precisar receber aposentadoria, como Alexandre Pinto da Silva, de 57 anos, morador de Maricá, na Região dos Lagos, consegue o benefício. Ele trabalhou 36 anos e um mês como contador, ele solicitou a aposentadoria por tempo de contribuição.

"Dei entrada no dia 26 de junho de 2021 e até hoje, nada. Você vai consultar o pedido e ele está em análise. Já cumpri a exigência, já fiz todos os trâmites que eles pediram. Aí, você precisa que sua esposa segure a situação da casa, mantenha seus filhos, você vive fazendo bico para conseguir alimentar sua família. Eles só sabem falar que (o benefício) vai ser corrigido, vai ser pago. Mas esperar um ano, dois anos, será que estarei vivo até lá?, questionou Alexandre.

Sobre o caso do Alexandre, o INSS informou que a aposentadoria dele já foi concedida. Já sobre o caso da Fernanda, o INSS disse que ainda necessita de um parecer técnico.


Fonte: G1

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