top of page

Grande estudo avalia impacto de crises de asma durante a gestação

Crise de asma durante a gestação pode aumentar o risco de complicações, tanto para a mãe como para o bebê, de acordo com um estudo publicado on-line em 26 de novembro no periódico European Respiratory Journal.

O estudo acompanhou mais de 100.000 gestações e descobriu que os filhos de mulheres que tiveram crises de asma durante a gestação tinham mais risco de asma e outros problemas respiratórios nos primeiros cinco anos de vida.

“Asma é a doença crônica mais comum em grávidas, atingindo de 8% a 13% das gestantes em todo o mundo”, disse a autora Dra. Kawsari Abdullah, Ph.D., pesquisadora do Children’s Hospital of Eastern Ontario Research Institute, no Canadá, em um comunicado à imprensa. A Dra. Kawasari estava no Hospital for Sick Children, em Toronto, enquanto o estudo foi realizado.

Quase 40% das mulheres com asma param de tomar os medicamentos de controle da asma durante a gestação por receio de que possam prejudicar o feto, de acordo com a autora principal Dra. Teresa To, Ph.D., também do Hospital for Sick Children.

“Nosso estudo indica que sintomas graves da asma representam um grande risco para mãe e para o bebê”, disse a Dra. Teresa no comunicado de imprensa.

Os pesquisadores analisaram dados administrativos do Ontario Asthma Surveillance System e cinco outros bancos de dados administrativos de saúde. O estudo usou dados de 103.424 gestações únicas de 58.524 mulheres com asma entre abril de 2003 e março de 2012. Ocorreram episódios de exacerbação da asma em 2.663 gestantes asmáticas, em 4.455 gestações no total.

Os pesquisadores definiram exacerbação da asma como cinco ou mais consultas médicas, uma entrada no pronto-socorro ou uma internação hospitalar por asma durante a gestação. Eles ajustaram os resultados por idade da mãe, número de partos anteriores, tabagismo durante a gestação, habitação em região rural, condição socioeconômica, sexo do bebê e comorbidades.

Mais riscos para a mãe e para o bebê

Em comparação com as mulheres asmáticas que não tiveram episódios de exacerbação durante a gestação, as que tiveram exacerbação tiveram um risco de pré-eclâmpsia 30% maior (razão de chances ou odds ratio, OR, de 1,30; P < 0,001; 3,84% vs. 5,32%, respectivamente; P < 0,001) e o risco de hipertensão induzida pela gestação foi 17% maior (OR de 1,17; P = 0,022; 5,37% vs. 7%, respectivamente; P < 0,001).

Qando comparados com bebês cujas mães não tiveram crises de asma durante a gestação, aqueles cujas mães sofreram a exacerbação da doença tiveram risco 14% maior de nascer com baixo peso (OR de 1,14; P = 0,049; 5,28% vs. 6,76%, respectivamente; P < 0,001), risco 14% maior de nascimento prematuro (OR de 1,14; P = 0,036; 6,66% vs. 8,15%, respectivamente; P < 0,001) e probabilidade 21% maior de malformação congênita (OR de 1,21; P = 0,007; 4,97% vs. 6,2%, respectivamente; P < 0,001).

Nos primeiros cinco anos de vida, os filhos cujas mães sofreram exacerbação da asma durante a gestação também tiveram risco 23% maior de ter asma (risco relativo, RR, de 1,23; P < 0,001; 31,39% vs. 37,77%, respectivamente; P < 0,001) e risco 12% maior de pneumonia (RR de 1,12; P < 0,006; 21,69% vs. 24,38%, respectivamente; P < 0,001).

Estudos anteriores relacionaram crises de asma durante a gestação com complicações maternas graves, como hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. Sem tratamento, a última pode levar à eclâmpsia, com risco de vida.

“Pesquisas anteriores mostraram que uma em cada três gestantes com asma apresentarão sinais e sintomas graves, por isso precisamos entender o que isso significa para as mulheres e seus bebês”, disse a Dra. Kawasari.

As crises de asma durante a gestação também podem contribuir para o parto prematuro, baixo peso ao nascimento, malformação congênita e morte neonatal. Alguns efeitos em longo prazo podem ser aumento do risco de asma, rinite alérgica e outras doenças alérgicas ou pulmonares nas crianças.

No entanto, a maioria dessas evidências é proveniente de pequenos estudos.

“Este é o maior estudo analisando os riscos associados a sintomas graves de asma na gestação, e também é o primeiro a mostrar os impactos em longo prazo nas crianças até os cinco anos de idade. Nossos resultados reforçam as conclusões de estudos menores, de que a asma não controlada pode ser ruim para as mães e seus bebês”, explicou a Dra. Teresa.

O trabalho teve várias possíveis limitações. Como os pesquisadores não tinham informações sobre a gravidade das exacerbações e sobre os medicamentos para asma, eles não puderam avaliar o impacto deles na mãe e no bebê. Embora os medicamentos para a asma, como corticoides orais, possam contribuir para desfechos adversos, os autores mencionaram que ter uma crise grave de asma pode representar um risco maior.

“Este estudo não explica por que as crises de asma contribuem para todos esses problemas de saúde, mas o mecanismo provável é a supressão do oxigênio para a mãe e, consequentemente, para o bebê no útero”, disse em um comunicado de imprensa o Dr. Jørgen Vestbo, médico, membro do Royal College of Physicians. O Dr. Jørgen, que não participou do estudo, é presidente do European Respiratory Society’s Advocacy Council e professor na University of Manchester, no Reino Unido.

“Este grande e importante estudo sugere que a asma sem um bom controle pode ter efeitos graves em gestantes e seus filhos. Isso destaca a importância de manter a asma cuidadosamente controlada e tratar os sintomas da asma durante a gestação. As gestantes com asma precisam de atendimento pré-natal frequente para discutir seus sintomas e garantir que seu medicamento seja eficaz”, enfatizou o Dr. Jørgen.

O estudo foi financiado pelo Institute for Clinical Evaluative Sciences, com uma bolsa anual do Ontario Ministry of Health and Long-Term Care. Os demais autores informaram não ter conflitos de interesses.

Fonte: Medscape

4 visualizações0 comentário
bottom of page