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‘Fibermaxxing’: moda de exagerar nas fibras ganha força no TikTok e preocupa especialistas

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Os consumidores dos Estados Unidos que já se acostumaram a ver proteína adicionada a praticamente tudo — de cereais a sorvetes — estão prestes a conhecer a nova obsessão alimentar: a fibra.


Depois de anos priorizando alimentos “proteicos”, os americanos agora voltam as atenções a esse nutriente, e o número de produtos com alto teor de fibra disparou em 2025, segundo dados da consultoria de mercado Mintel.


Centenas de vídeos nas redes sociais exaltam os benefícios da fibra e compartilham receitas para “turbinar” a ingestão diária.


A moda ganhou até nome próprio: “fibermaxxing”, termo usado para descrever quem tenta atingir — ou ultrapassar — a recomendação diária de consumo.


“Acho que a fibra será a nova proteína”, disse o CEO da PepsiCo, Ramon Laguarta, em teleconferência com investidores. “Os consumidores estão começando a entender que é disso que o corpo precisa.”

O que é a fibra e por que ela é importante


Diferentemente da proteína, a fibra não é glamourosa. Ela é um tipo de carboidrato vegetal que o corpo não digere, mas que alimenta as bactérias do intestino e ajuda a mover os alimentos pelo sistema digestivo.


“Não é algo sobre o qual as pessoas falem em um jantar”, brinca Debbie Petitpain, nutricionista da Academy of Nutrition and Dietetics.

Existem dois tipos principais:


  1. Fibra solúvel, que se dissolve na água e forma um gel que alimenta as bactérias intestinais (presente em aveia, feijão, maçã e cenoura);

  2. Fibra insolúvel, que não se dissolve e ajuda o trânsito intestinal (encontrada em trigo integral, pipoca, nozes e batatas).


Pesquisas mostram que a fibra reduz o colesterol, controla o açúcar no sangue e favorece o emagrecimento, pois aumenta a sensação de saciedade. Também pode proteger contra doenças cardíacas, diabetes tipo 2, diverticulite e câncer de cólon, segundo a Associação Americana do Coração.


Petitpain afirma que o aumento no uso de medicamentos para emagrecer à base de GLP-1, que retardam a digestão, pode ter impulsionado o interesse pelas fibras — que ajudam a evitar a constipação.


Quanto de fibra devemos consumir


De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), adultos devem ingerir cerca de 14 gramas de fibra a cada 1.000 calorias — o equivalente a 25 g por dia para mulheres e 38 g para homens.


Mas a média real é bem menor: os americanos consomem apenas dois terços da quantidade ideal, segundo Petitpain.

Para referência:


  • 1 xícara de framboesas tem 8 g de fibra;

  • 1 banana tem 3,2 g;

  • ½ abacate, 5 g;

  • 1 xícara de feijão-lima, 13,2 g;

  • e ⅔ de xícara de cereal de farelo (Fiber One), 18 g.



Como aumentar o consumo de forma saudável


O nutricionista Sander Kersten, diretor de Ciências Nutricionais da Universidade Cornell, relembra que os benefícios comprovados da fibra vêm de alimentos integrais, e não de produtos ultraprocessados “enriquecidos” artificialmente.


“O modo como a fibra é consumida — como aditivo em uma dieta pobre ou em alimentos naturalmente ricos em fibra — pode fazer diferença”, diz Kersten. “Você pode ter uma dieta industrializada e enriquecida, mas não sabemos se isso traz o mesmo efeito benéfico.”

Segundo a Clínica Mayo, boas estratégias incluem:


  • escolher cereais com 5 g ou mais de fibra por porção;

  • trocar farinha branca por farinha integral em receitas;

  • priorizar grãos integrais (arroz integral, quinoa, macarrão de trigo integral);

  • e comer ao menos cinco porções de frutas e vegetais por dia.



Riscos do “fibermaxxing”


Embora não exista um limite máximo oficial, aumentar demais a ingestão de fibras pode causar gases, inchaço e cólicas, especialmente se a mudança for repentina.


“Você está alimentando bactérias intestinais -- e depende delas. Se oferecer o triplo do que estão acostumadas, elas não dão conta”, explica Petitpain.

Pessoas com alergias alimentares ou intolerâncias ao glúten, à soja, ao psyllium ou a frutos do mar devem redobrar a atenção, já que muitos alimentos com “fibra adicionada” contêm esses ingredientes.


Para Kersten, a moda do “fibermaxxing” é mais um exemplo de como o público tende a se fixar em um único nutriente — o que raramente leva a uma alimentação equilibrada.


“Nós não comemos nutrientes, comemos alimentos”, resume. “O ideal é buscar uma dieta saudável, rica em frutas, verduras e grãos integrais — não apenas alimentos com uma palavra mágica no rótulo.”

Fonte: G1


 
 
 

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