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Dráuzio Varella aciona MP contra Meta por fake news em vídeos com seu nome e imagem nas redes: 'não estão nem aí'



Após ver sua imagem ser usada em mais um vídeo fake nas redes sociais, o médico Dráuzio Varella afirmou que juntará o material a outros já separados por ele e sua equipe na denúncia contra a Meta (empresa proprietária do Facebook e do Instagram) por uso indevido de sua imagem na propagação de notícias falsas envolvendo tratamentos médicos sem eficácia.


— Já [tinha visto sua imagem em outros vídeos fake]. Na semana passada. Incluí na denúncia que estou fazendo no Ministério Público e no processo que estou movendo contra a Meta — afirmou Varella ao GLOBO, que estima ter sido alvo de cerca de 40 registros adulterados utilizando a sua imagem, somente entre os que ele teve acesso. — Eles estão ganhando dinheiro com isso e não estão nem aí.


Ao GLOBO, ele contou que recebe, já há bastante tempo, diversos vídeos em que sua imagem é usada na propaganda de falsos tratamentos. Dráuzio afirma que, junto da sua equipe, está catalogando todos eles como meio de pressionar as redes sociais que permitem a circulação desse tipo de conteúdo a evitarem que eles sejam disseminados, levando muitos usuários dessas plataformas a acreditarem que os produtos teriam eficácia, o que ele reitera ser mentira, em todos os casos que já recebeu.


— É difícil passar dez, quinze dias que não apareça outro [vídeo falso com sua imagem]. E você entra em contato com o pessoal da Meta, eles não te respondem. Quando respondem, dizem que não encontraram nada que contrarie as regras deles. São parceiros desses falsários, eles ganham para impulsionar. Como que chegou até você, como que chegou até a pessoa que me mandou? — questiona.


Dráuzio destaca que se trata de um crime contra a saúde pública, uma vez que tais registros adulterados são usados para enganar pessoas, com a finalidade de se vender vitaminas e medicamentos, por exemplo. Segundo ele, as plataformas ligadas à Meta apresentam uma incidência muito maior de casos de uso indevido da imagem dele em vídeos falsos, diferente de Youtube e Tiktok, por exemplo, que, além de menos casos, se mostraram mais receptivas às denúncias.


— Estamos movendo um processo e uma denúncia no Ministério Público. Estamos com advogados para ver isso. São anos assim. Eu encaminho para as pessoas que trabalham comigo, que encaminham todas para a Meta, para explicar o que está acontecendo, mas eles não estão nem aí. [...] Estão usando essas redes para vender produtos que põem em risco a saúde pública, dizendo que chá cura diabetes, resolve problema de ereção, e as pessoas compram — lamentou Dráuzio.


No caso mais recente, circula nas redes sociais um vídeo que supostamente mostraria o médico indicando o uso de uma pomada de ozônio como o “melhor tratamento para a hemorroida”. O vídeo, no entanto, é #Fake. Um dos registros, publicado pelo perfil no Facebook “Ozonivita” em dezembro do ano passado, mostra o médico explicando como funciona a doença, seus sintomas e formas de tratamento, em trecho no qual não parece haver adulteração.


No entanto, logo depois, o vídeo segue com a imagem de Dráuzio ao fundo, mas com um áudio falso, aparentemente criado por Inteligência Artificial, simulando a voz do especialista para indicar a utilização de ozônio em casos de hemorroida, o que não tem qualquer embasamento científico.


"Recentemente foi lançada uma pomada à base de ozônio. Depois que eu comecei a indicar essa pomada para os meus pacientes, nós conseguimos evitar 95% dos casos de cirurgia. Isso porque o ozônio consegue penetrar nas camadas mais profundas e tem o poder regenerativo que nenhuma outra substância. Se você tem problema de hemorroida, você vai se surpreender depois que usar essa pomada de ozônio", diz o trecho falsamente atribuído ao médico.


Procurado pelo GLOBO, Dráuzio Varella afirmou que o vídeo é falso e que é mais um a utilizar de seu nome para vender medicações as quais ele não recomenda.


— Tenho repetido mil vezes, inclusive em meu site, que nunca fiz nem farei propaganda de nenhum medicamento ou tratamento. Todos são intervenções de falsários empenhados em ganhar dinheiro em sociedade com as plataformas digitais que os divulgam, às custas da boa-fé das pessoas — afirmou Dráuzio ao GLOBO.


O proctologista Fábio Campos explicou ao GLOBO que uma simples consulta a "fontes de trabalhos científicos de relevância sobre o assunto não traz nenhuma novidade nesse campo" e que, caso a notícia fosse verdadeira, "todos os coloproctologistas já estariam usando esse novo medicamento". Ele afirma, ainda, que a frequente utilização do nome de Dráuzio ocorre para aproveitar de sua credibilidade junto ao público.


— Como especialista, frequento congressos nacionais e internacionais de relevância, e esse assunto nunca foi discutido. Além disso, essa aplicação pode ser causa de complicações importantes dependendo da dose. Além da doença hemorroidária, não existem estudos que comprovem sua eficácia em outras doenças como cólon irritável, doenças inflamatórias intestinais ou mesmo na constipação. Dessa forma, acredito que essa proposta de tratamento é fake. Mentira, e das grandes. Finalidade puramente comercial — explicou Campos.


Produto por trás do anúncio


A página no Facebook leva o usuário para um site que oferece o produto e conta com supostos relatos de usuários que teriam tido sucesso com o tratamento. Há, também, um selo de “Produto com registro” da Anvisa. Procurado, o órgão afirmou que "não se trata de medicamento registrado na agência", não sendo possível confirmar sua eficácia terapêutica.


AO GLOBO, a Meta afirmou estar "aprimorando a tecnologia para combater atividades suspeitas" e que "atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas" na plataforma, além de recomendar que "as pessoas denunciem quaisquer conteúdos que acreditem ir contra os Padrões da Comunidade do Facebook, das Diretrizes da Comunidade do Instagram e os Padrões de Publicidade da Meta através dos próprios aplicativos".


Também procurada pelo GLOBO, a página “Ozonivita” não respondeu aos questionamentos da reportagem até a última atualização deste conteúdo.


Fonte: O Globo

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