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Conectividade em saúde: o que mudou com a pandemia de coronavírus



A mesma pandemia que nos distancia fisicamente também tem criado novas conexões. No caso da medicina, por exemplo, ela acelerou o uso de processos que ainda não haviam sido disseminados, como a telemedicina. Com o intuito de apresentar casos e debater a conectividade em saúde, especialistas participaram, na manhã desta quinta-feira (30), de um encontro online organizado por uma empresa de dispositivos médicos conectáveis à nuvem. 


Para mostrar o quanto estamos conectados e o quanto a pandemia de coronavírus impacta todo o planeta, Alan Eckeli, professor de neurologia e medicina do sono da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em São Paulo, iniciou sua apresentação mostrando o painel elaborado pela Johns Hopkins University (JHU) que contabiliza os total de casos, mortes e recuperados da covid-19. 

— Ele mostra o quanto a pandemia nos modificou, o quanto o vírus acometeu o mundo todo o quanto estamos conectados — justificou. 


Maior cuidado com a higiene das mãos, uso de máscaras e discussão de termos antes reservados à ciência, como “imunidade de rebanho”, ou de expressões mais pesadas como “lockdown” são alguns dos efeitos que o coronavírus trouxe para a rotina. Para além das mudanças no dia a dia, o impacto também é grande na economia, na educação e, claro, na saúde. 


— Outras condições clínicas seguem existindo. Doenças crônicas seguem e, aparentemente, estamos deixando-as de lado, o que não deve acontecer — destacou Eckeli. 


Uma das formas de manter os cuidados com essa população que requer atendimento especializado é justamente por meio da tecnologia. Para isso, o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, pelo tempo que durar a pandemia, novas modalidades de telemedicina, como a tele-orientação (que permite a orientação e o encaminhamento médico para pacientes em isolamento) e o tele-monitoramento (que autoriza que os parâmetros de saúde e/ou doença dos pacientes seja monitorado à distância). 


— Na apneia obstrutiva do sono, que é a “doença mais prevalente que você não ouviu falar”, há redução da qualidade de vida, aumento na mortalidade, associado a doenças do coração e acidente vascular cerebral. Antes da covid-19, a gente fazia consultas presenciais, mas agora, estamos usando o tele-monitoramento. O CPAP (aparelho usado no tratamento) envia dados para a nuvem, eles são processados, geram um relatório e os profissionais da saúde sabem se o paciente está usando o aparelho ou não — exemplificou, acrescentando que, além disso, o uso de inteligência artificial auxilia na manutenção do contato frequente com os pacientes, por meio de mensagens por aplicativos de conversa instantânea. 


Esse processo tecnológico, embora irreversível, não é sinônimo de que a medicina tradicional vá perder importância. Para o médico, é com o auxílio desse monitoramento que é possível indicar quem deve receber atendimento presencial e quem pode receber orientações online. 


Com o acompanhamento domiciliar é possível, inclusive, diminuir os custos hospitalares, apontou Claudia Albertini, gerente clínica da ResMed para a América Latina: 


— No Sistema Único de Saúde, um leito em unidade de terapia intensiva tem custo acima de R$ 1 mil. Já percebemos que ter acompanhamento em casa, com a mesma qualidade, custa 10% do valor de um dia. 


Internet ainda é obstáculo 


Facilitadora e com efeito de empoderamento do paciente, a tecnologia ainda barateia a consulta, afirmou Geraldo Lorenzi, livre-docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (Incor). Isso por que há redução do deslocamento, menos perda de tempo no trajeto e menos pessoas envolvidas no processo, como acompanhantes para idosos, por exemplo. Por outro lado, o Brasil ainda carece de uma internet mais acessível a todos. 


— O problema não é não ter celular. É não ter pacote de dados — pontuou Lorenzi.


Além da população com menos condições financeiras, os idosos, que não têm tanta facilidade precisam ser assistidos, afirmou. 


— A grande questão é a inclusão digital. 


Fonte: Guchazh

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