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Clientes da Amil se dizem prejudicados por mudanças no controle da empresa


 
 

Na terça-feira (8), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu impedir a venda e a mudança societária da APS (Assistência Personalizada à Saúde), que controla quase 340 mil planos de saúde individuais da Amil. A decisão ocorre em meio a reclamações de muitos clientes, que têm enfrentado problemas para manter seus tratamentos em dia.


Numa tentativa de encontrar uma solução, eles têm se organizado e se mobilizado em grupos no Facebook e no Telegram e também com um perfil no Twitter.

Na descrição do grupo no Facebook, com 340 membros, se apresentam como "Vítimas da AMIL na transferência UNILATERAL da carteira de planos individuais e familiares para empresa de questionável idoneidade". No perfil do Twitter "Migração Amil", está destacado: "Exigimos informações e o cumprimento dos contratos". O g1 e a GloboNews conversaram com alguns desses usuários, que relatam que as dificuldades começaram quando a empresa anunciou, em dezembro de 2021, que venderia parte da carteira de beneficiários para a APS.

Como consequência da mudança de gestão, as pessoas estão com medo de não conseguir continuar com tratamentos longos e que dependem de medicamentos de alto custo.

Este é o caso da pensionista Heloísa de Lima, que é cliente da Amil desde 2005. Ela sofre com uma doença rara e degenerativa, conhecida como Atrofia Muscular Espinhal (AME). Para o tratamento, a cada três meses, precisa passar por um dia de internação para aplicação do medicamento Spinraza. Cada dose da medicação pode chegar a custar R$ 320 mil.

"Eu faço esse tratamento regularmente com um remédio que é caríssimo em um hospital da Amil. Eu consegui com o Ministério da Saúde que eles mandassem a medicação direto para o hospital. Eu apliquei uma dose agora em janeiro e tenho que tomar outra dose em três meses. Mas, com essas mudanças, eu não sei o que vai acontecer em três meses", disse Heloísa.

Além da incerteza com relação ao tratamento de sua comorbidade, Heloísa relatou problemas para fazer exames. Em 26 de dezembro, procurou por um laboratório e, ao apresentar a carteirinha do plano, recebeu a informação de que a rede não atendia mais clientes da Amil. "Dois grandes laboratórios foram descredenciados do meu plano. Fui no Sérgio Franco e no Bronstein e não consegui atendimento. Como vou ter certeza que o hospital que eu frequento também não vai parar de atender?", questiona Heloísa. "A Amil me mandou uma carta avisando sobre a transferência da empresa e disse que tudo continuaria como antes. Que a gente não teria problemas. Mas essas coisas você só vai descobrindo no momento que precisa. É sempre na hora mais difícil que você descobre que ficou desamparada." Nem exames básicos Um casal de idosos da Zona Norte de São Paulo também tem enfrentado dificuldades. Eles relatam que não conseguem nem mesmo agendar exames básicos após a migração de planos de saúde da Amil para a APS. Maria de Fátima Lopes de Sousa Lyrio, de 64 anos, e Antônio Ilso de Lyrio, de 71 anos, são clientes do convênio há 28 anos, e os problemas começaram a surgir depois da venda do plano para a nova operadora, segundo Sabrina Sousa Lyrio, filha do casal.

Ela diz que o pai precisa fazer dois exames cardiológicos (teste ergométrico e ecocardiograma), porém, até o momento, não foi disponibilizada uma rede credenciada na capital para que eles possam ser realizados. Com o novo convênio, foram informados que os exames estão disponíveis apenas em Caieiras e Guarulhos, cidades da Grande São Paulo que ficam a cerca de 25 km da residência da família.

No caso da mãe dela, foi agendada uma endoscopia para esta segunda-feira (7) no Hospital Metropolitano da Lapa, mas, no dia 4, ela foi informada que não seria possível realizá-lo, pois o hospital teria sido descredenciado pelo plano. Segundo Sabrina, ela esteve em constante contato com a Amil para tentar resolver o problema, mas não conseguiu nenhuma alternativa mais próxima.

"'Só me passaram opções em Osasco, Caieiras e, o mais próximo, na Vila Mariana. Não tenho condições de me deslocar tão longe com a minha mãe ou ir mais de duas vezes no hospital para realizar praticamente o mesmo exame e o mesmo preparo."

Sabrina também enfrentou problemas com o convênio ao buscar atendimento emergencial para uma dor no trato urinário e sangramento em 26 de dezembro. "Realizei a triagem e, ao fazer minha ficha de atendimento, fui impedida de prosseguir, pois fui informada que o hospital não estava mais atendendo meu plano no PS desde 23 de dezembro. Recebemos o comunicado da migração do plano apenas em 27 de dezembro", conta. A família diz ter registrado reclamações na Amil e na ANS. Agora, Maria de Fátima e Antônio estão com Covid-19, e as filhas se queixam de não terem como fazer teste pelo mesmo convênio.

O administrador Victor Shirazi, de 44 anos, conta que foi identificado um nódulo na garganta de sua esposa em dezembro. Ela ligou para a rede credenciada para agendar uma punção na tireoide, mas recebeu a informação de que a unidade não estava mais no convênio. Eles entraram em contato, então, com a Amil, e receberam da operadora uma lista com as unidades conveniadas. Para a surpresa do casal, muitos laboratórios não prestavam mais serviço para a Amil, e a esposa dele só conseguiu marcar a punção para o final de fevereiro. "Eu mesmo fiz esse procedimento da punção alguns meses antes e estavam atendendo, mostrando que a Amil descredenciou os prestadores de serviço e não colocou outros no lugar, como diz a ANS", afirma. O que diz a Amil Em nota, a Amil informou que a transferência da sua carteira de planos individuais para a Assistência Personalizada à Saúde (APS) faz parte da avaliação regular de seus produtos e serviços, de modo a otimizar sua capacidade de inovar e melhorar continuamente o atendimento a seus 3 milhões de beneficiários.

Leia a nota na íntegra:

"Essa transferência se deu em 01.01.2022, em conformidade com um criterioso processo da Agência Nacional de Saúde Suplementar. As análises feitas pelos técnicos da ANS confirmaram que a APS se encontra apta tanto do ponto de vista econômico-financeiro quanto em sua capacidade de prestar a assistência adequada aos seus novos beneficiários - cerca de 340 mil usuários, distribuídos principalmente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Importante destacar que a APS, por sua vez, passou a dedicar-se integralmente a gestão de planos individuais e familiares, desde 01.02.2022. Os beneficiários desses planos individuais foram devidamente comunicados e a APS disponibilizou uma central de atendimento exclusiva para orientá-los durante o processo de transferência, tranquilizando-os a respeito da continuidade das coberturas estabelecidas em seus contratos, da manutenção da rede credenciada, da continuidade dos tratamentos em curso e da conformidade total com a regulamentação dos planos de saúde.

Quanto à manutenção da rede credenciada, não houve nenhum ajuste atípico. Todos os anos são realizadas movimentações na rede de hospitais, consultórios e laboratórios, prática inerente à dinâmica da operação de planos de saúde e extensiva a todas as modalidades de planos, incluindo planos individuais, coletivos e coletivos por adesão. As substituições seguiram rigorosamente as normas da ANS no que se refere à comunicação, garantia de cobertura, padrão de qualidade, prazos de atendimento e distribuição geográfica. Essas informações ficam disponíveis no aplicativo e no site da operadora para consulta a qualquer momento (www.amil.com.br/institucional/).

A empresa reitera que não houve nenhuma modificação de rede credenciada e de contrato vigente com os beneficiários em função da transferência de carteira em vigor desde 01 de janeiro de 2022. Os canais de atendimento da operadora seguem à disposição dos beneficiários para dúvidas e informações adicionais, 24 horas, sete dias por semana". Fonte: G1

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