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Cientistas descobrem evidências de uso do tabaco há mais de 12 mil anos em Utah


 
 

As evidências do primeiro uso conhecido do tabaco foram descobertas por cientistas nos restos de uma lareira construída pelos primeiros habitantes do interior da América do Norte há cerca de 12.300 anos, no Grande Deserto do Lago Salgado, em Utah.


Os pesquisadores descobriram quatro sementes carbonizadas de uma planta de tabaco selvagem dentro do conteúdo da lareira, junto com ferramentas de pedra e ossos de pato que sobraram das refeições. Até agora, o primeiro uso documentado de tabaco veio na forma de resíduo de nicotina encontrado dentro de um cachimbo do Alabama datado de 3.300 anos atrás. Os pesquisadores acreditam que os caçadores nômades de Utah podem ter fumado o tabaco ou talvez mascado maços de fibra da planta do tabaco por conta da qualidade estimulante oferecida pela nicotina.

Depois que o uso do tabaco se originou entre os povos nativos do Novo Mundo, se espalhou pelo mundo após a chegada dos europeus, há mais de cinco séculos.

O tabaco agora representa uma crise mundial de saúde pública, com 1,3 bilhão de usuários e mais de 8 milhões de mortes anuais relacionadas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

"Em uma escala global, o tabaco é o rei das plantas tóxicas, e agora podemos rastrear diretamente suas raízes culturais até a Idade do Gelo", disse o arqueólogo Daron Duke, do Far Western Anthropological Research Group em Nevada, principal autor da pesquisa publicada em Segunda-feira na revista Nature Human Behavior. As sementes pertenciam a uma variedade silvestre de tabaco do deserto, chamada Nicotiana attenuata, que ainda cresce na região. "Esta espécie nunca foi domesticada, mas é usada pelos indígenas da região até hoje", disse Duke. O deserto do Grande Lago Salgado hoje é um grande um lago seco no norte de Utah. O local da lareira na época fazia parte de um vasto pântano, com um clima mais frio durante a Idade do Gelo. É chamado de fúrcula devido aos ossos da sorte de pato encontrados na lareira.

Os restos da lareira foram encontrados erodindo das planícies de lama áridas, onde o vento tem removido as camadas de sedimentos desde que os pântanos secaram há cerca de 9.500 anos. "Sabemos muito pouco sobre a cultura deles", disse Duke, sobre os caçadores. "O que mais me intriga nessa descoberta é a janela social que ela dá para uma atividade simples em um passado não documentado. Minha imaginação corre solta." Os artefatos incluíam pequenas ferramentas de corte de pedra afiada e pontas de lanças feitas de um vidro vulcânico usadas para caçar grandes mamíferos. Uma ponta de lança continha os restos de proteínas do sangue de um mamute ou mastodonte — parentes de elefantes que mais tarde foram extintos. "Supomos que o tabaco deve ter figurado na base de conhecimento ecológico daqueles que se estabeleceram no interior do continente norte-americano, há cerca de 13.000 anos", disse Duke. A domesticação do tabaco ocorreu milhares de anos depois em outras partes do continente, no sudoeste e sudeste dos Estados Unidos e no México, acrescentou Duke.

“Não sabemos exatamente quando o tabaco foi domesticado, mas houve um grande florescimento da agricultura nas Américas nos últimos 5 mil anos. Evidências para o uso de tabaco, tanto direto —sementes, resíduos — e indiretos — como cachimbos — aumenta durante esses tempos, juntamente com a domesticação das safras de alimentos ", acrescentou Duke. Alguns estudiosos argumentaram que o tabaco pode ter sido a primeira planta domesticada na América do Norte — e mais para fins socioculturais do que para fins alimentares. “Não há dúvida de que as pessoas já teriam, pelo menos casualmente, cuidado, manipulado e administrado o tabaco muito antes da população e dos incentivos à necessidade de alimentos que impulsionaram os investimentos na agricultura”, disse Duke. Fonte: G1

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