Uma jovem de 22 anos deu entrada no Departamento de Medicina Oral em Bandung, na Indonésia, com feridas graves e sangramento na boca que, segundo a paciente, eram tão dolorosas que ela tinha dificuldade para comer e beber. Embora os médicos acreditassem que poderia ser herpes, exames mostraram que as úlceras foram causadas pelos cigarros eletrônicos (vape) que ela usava há 12 meses.
Além das feridas e do sangramento, ela apresentava uma crosta nos lábios e bolhas amareladas cobrindo o interior da boca, bochechas e língua.
“Ela era uma pessoa saudável e, antes do aparecimento desta condição, não tinha histórico de tomar medicamentos”, escreveram os médicos em um artigo publicado na revista International Medical Cases Reports, nem tinha qualquer alergia a medicamentos ou alimentos.
Após exames, foi constatado que a paciente sofria de eritema multiforme oral — uma doença de pele considerada uma reação alérgica a uma infecção ou a alguns medicamentos — no caso da mulher, que não teve seu nome divulgado, causada pela vaporização.
“A condição parece estar relacionada a uma alergia à vaporização em um usuário ativo de vaporização, o que nunca foi registrado, tornando-se um caso raro”, disseram os autores.
Estima-se que o eritema multiforme ocorra em menos de 1% das pessoas com idade entre 20 e 40 anos, mas tende a ser crônico e tem 37% de chance de ocorrer novamente. A condição começa como manchas vermelhas ou rosadas que se transformam em lesões crostosas, deixando os pacientes com dor ardente ou coceira.
A erupção geralmente aparece nas mãos e nos pés e se espalha para a barriga, peito, costas ou rosto.Geralmente melhora sozinho dentro de duas a quatro semanas.
Segundo os médicos, a doença raramente afeta a boca e é ainda mais raro ser causado por cigarros eletrônicos.
De acordo com o sistema de saúde britânico, a doença é mais frequentemente causada pelo vírus herpes simplex, que também está por trás do herpes labial.
“A paciente disse que o motivo para começar a vaporizar foi por curiosidade, e muitas vezes ela experimentou diferentes tipos de e-líquidos com sabores diferentes”, escreveram os médicos que cuidavam dela revelando que a jovem fumava todos os dias com amigos ou nas horas vagas.
Os médicos pensaram que a condição poderia ter sido causada pela mudança para um sabor diferente de vapor, mas ainda assim aconselharam que ela desistisse completamente dos cigarros eletrônicos.
O caso da paciente foi considerado uma forma “leve” de eritema multiforme e ela recebeu enxaguatório bucal com esteróide, além de solução para aplicar nos lábios três vezes ao dia com gaze.
Ela também foi mandada para casa com um creme para aplicar na área da ferida na lateral da boca e instruída a aplicar vaselina nos lábios secos ao longo do dia. Os sintomas melhoraram após apenas uma semana de tratamento.
Os autores do estudo disseram que os vapes parecem ter “efeitos significativos na saúde bucal”, causando boca seca, candidíase oral, lesões, mau hálito e até doenças gengivais.
Cientistas alertaram recentemente que a vaporização pode causar danos ao coração, mesmo que você nunca tenha fumado cigarros, aumentando o risco de insuficiência cardíaca em 19%.
A American Heart Association (AHA) disse anteriormente que alguns dos produtos químicos encontrados nos vapes podem ser prejudiciais ao coração, dizendo que o hábito pode ser “tão prejudicial ao sistema cardiovascular do corpo quanto os cigarros”.
Não é a única parte do corpo que pode ser danificada pelos cigarros eletrônicos, e os cientistas associam os dispositivos a dificuldades respiratórias, bronquite, inflamação das vias aéreas e doenças pulmonares.
Fonte: O Globo
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