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Respiração terapêutica: aprenda a respirar para controlar o estresse diário

Foto do escritor: Portal Saúde AgoraPortal Saúde Agora


A respiração (mais especificamente a nasal) é um recurso que todos utilizamos diariamente, mas que podemos treinar e desenvolver muito mais, levando seu alcance a um nível difícil de imaginar e que está muito além do que normalmente conhecemos.


Nazareth Castellanos, física, médica e neurobióloga pela Universidade de Madrid, apresentou uma palestra no Museu do Prado em 2022, chamada "Olfato, memória e emoção". Em sua dissertação, ela aprofundou sobre como nosso cérebro associa cores a odores: quando vemos algo, esperamos que cheire de alguma forma. Se isso não acontecer, a necessidade de estabelecer se o estímulo que estamos percebendo ameaça ou não a sobrevivência fica insatisfeita. As coisas têm cheiro; se não têm, há algo estranho. Em nossa constante avaliação do ambiente, a respiração pelo nariz ( condição necessária para o sentido do olfato) é crucial para determinar o que é ameaçador e o que não é, seja consciente ou inconscientemente.


Como a respiração nasal influencia o sistema nervoso


Uma pesquisa realizada na Universidade de Chicago por um grupo de neurólogos, neurocirurgiões e psicólogos, publicada na Revista de Neurociência, mostrou os resultados de um experimento sobre a importância da respiração nasal nas emoções, na memória e na aprendizagem.


Em outras palavras, a velocidade de resposta emocional à exposição a estímulos associados ao susto ou ao medo foi avaliada. O experimento mostrou que as pessoas que respiravam pelo nariz tinham uma resposta emocional mais rápida do que as que respiravam pela boca; e entre aqueles que realizavam a respiração nasal, a resposta era mais rápida quando o estímulo ocorria durante a inspiração. Isso reforça a ideia de que a respiração nasal é um elemento indispensável para reconhecer o ambiente e estabelecer possíveis ameaças com mais eficiência. Ou seja, ao não usar a respiração nasal, estamos privando o sistema nervoso da capacidade de detectar, através do olfato, um tipo de informação crucial para determinar se é necessário tomar medidas, e que tipo de medidas, para preservar a integridade do indivíduo ou da espécie (seja recorrendo ao instinto de sobrevivência ou ao de reprodução).


Embora não o consideremos tão relevante, inibir o olfato é, no mínimo, inquietante a nível instintivo e pode ser um dos fatores que contribuem, talvez mais do que pensamos, para sentimentos de ansiedade, tristeza, entre outros. Isso nos permite lembrar mais?


Outro fator associado à respiração nasal é sua relação com a memória. O olfato tem uma forte influência no registro e na recuperação de memórias, associando-as emocionalmente a estímulos agradáveis ou desagradáveis ao determinar se são favoráveis ou ameaçadores. O estímulo do olfato e o treinamento da respiração pelo nariz favorecem a capacidade de armazenar informações relevantes, o que também está relacionado com a aprendizagem.


Essas funções (memória, aprendizagem e emoções, entre outras) são reguladas pelo que é conhecido como sistema límbico. O sistema límbico é parte do cérebro e inclui uma pequena estrutura nervosa chamada amígdala cerebral, que está em contato direto com o bulbo olfativo e muito perto da raiz do nariz. Essa amígdala dispara as reações emocionais do estresse, como raiva, ansiedade, medo, tristeza, e pode hipertrofiar-se devido ao excesso de atividade.


O estímulo do bulbo olfativo atenua o funcionamento desse centro nervoso, ou seja, contribui para enfraquecer os impulsos emocionais, e ao mesmo tempo promove o funcionamento do hipocampo - outra parte do sistema límbico - associado à memória e à aprendizagem.


Se respirarmos pelo nariz, temos mais energia?


Por último, pode-se mencionar o papel da respiração nasal em relação à forma como as células geram e armazenam energia. As células produzem um tipo de molécula chamada ATP. Essas moléculas são responsáveis por armazenar e liberar energia conforme o corpo precisa. Quando uma célula recebe oxigênio, com uma molécula de glicose - ou seja, de nutrientes - pode produzir até trinta e seis moléculas de ATP. Sem oxigênio, produz apenas duas.


Agora, para que o sangue absorva oxigênio e o distribua para as células, as fossas nasais desempenham um papel indispensável como filtros e condicionadores de ar. As mucosas do nariz filtram as impurezas do ar que entra e o aquecem e umedecem, ou seja, o condicionam para que, quando chegue aos alvéolos pulmonares, esteja em melhores condições e o sangue possa processar e absorver o oxigênio de forma mais eficiente. Se não respirarmos pelo nariz, estamos reduzindo a eficiência da absorção de oxigênio pela falta de condicionamento, mas também porque a respiração nasal pode ser muito mais lenta do que a respiração pela boca, o que significa dar mais tempo para que o sangue absorva o oxigênio nos pulmões.


Nesse processo, a expiração também desempenha um papel importante ao liberar dióxido de carbono, e ainda mais quando é feita pelo nariz, pois isso permite que as mucosas nasais mantenham sua umidade e temperatura e se limpem das impurezas que acabaram de filtrar.


Dessa forma, podem continuar funcionando como filtros. Se inspirarmos pelo nariz mas expirarmos pela boca, prejudicamos o papel das fossas nasais como condicionadores de ar e reduzimos seu desempenho em termos de absorção de oxigênio.


Em resumo, a importância de praticar a respiração nasal tem, em princípio, esses aspectos:


  • Estimular o olfato e melhorar o registro do ambiente

  • Melhorar a velocidade de resposta emocional a estímulos externos

  • Regular as reações emocionais do estresse, estimulando a memória e a aprendizagem

  • Otimizar a geração, armazenamento e liberação de energia nas células


Daí a importância de tanto a inspiração quanto a expiração serem feitas pelo nariz. Isso é algo que os antigos no Oriente conheciam muito bem e, por isso, faz parte do conjunto de técnicas treinadas no Método DeRose, que conta com cerca de cinquenta exercícios respiratórios e permite vivenciar, através da experiência pessoal, as conclusões compartilhadas.


Fonte: O Globo

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