Com o objetivo de ensinar pacientes idosos a ler e escrever em Araras (SP), uma agente comunitária de saúde transformou o antigo espaço de atendimento da odontologia em sala de aula. Antes dos encontros com a professora no posto de saúde, alunos precisavam de ajuda para identificar quais medicamentos tomar.
Marise Fernandes decidiu por em prática a experiência de 20 anos em alfabetização de crianças para ajudar os pacientes que iam diariamente a unidade de saúde do bairro Jardim Jose Ometto I para tomar os remédios de uso contínuo por não saberem ler.
Posto de saúde de Araras tem projeto que ensina pacientes idosos a ler e escrever — Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV
Sem lousa e com poucos móveis, as duas primeiras aulas foram para a paciente Roseane Malaquias que desistiu de um curso de alfabetização por não conseguir seguir o ritmo de ensino. Segundo ela, a experiência atual está sendo ótima, porque a professora tem paciência para ensinar e “não faz as coisas correndo”.
Aos poucos, outros idosos se juntaram aos encontros que ocorrem uma vez por semana na antiga sala de atendimento da odontologia do posto de saúde. Por enquanto, a aluna Isaura Maria Vina continua levando as receitas para saber quais medicamentos tomar, mas está positiva com o aprendizado.
“Quando eu fui na escola, eu ia a noite, porque trabalhava. Era muito difícil, eu não acompanhava a turma”, explica Isaura.
Agente comunitária de saúde ensina pacientes a ler e escrever em posto de saúde de Araras. — Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV
Já o aluno Valdomiro Brito Elias não teve oportunidade de estudar durante a juventude porque a professora da fazenda em que morava faleceu e o fazendeiro não contratou outra no lugar. Aprendeu a escrever o próprio nome quando adulto, para evitar constrangimentos.
“Eu ficava muito chateado no dia de assinar o pagamento, porque todo mundo escrevia e eu colocava o dedo”, explica o aluno.
Posto de saúde tem projeto que ensina pacientes idosos a ler e escrever em Araras. — Foto: Ronaldo Oliveira/EPTV
Tanto os funcionários da unidade de saúde quanto os pacientes comemoram os resultados positivos do vínculo entre a agente comunitária de saúde e os alunos. De acordo com a enfermeira Caroline dos Santos, eles têm necessidades próprias
“Esses pacientes não querem um diploma, eles querem saber se virar sozinho, eles querem ter independência, saber ler, escrever, saber o que eles estão fazendo ali, sem ter que depender de todo mundo”, explica Caroline.
Fonte: G1
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