Histórias marcantes da literatura, do cinema e da teledramaturgia seguem a fórmula da jornada do herói. Nela, um protagonista é apresentado a mudanças inesperadas em sua vida, com desafios e aliados para lhe dar suporte até passar por uma transformação pessoal e construir um legado. Foi assim com Harry Potter e Simba, em O Rei Leão, por exemplo.
Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, conduziram oito estudos com diferentes perfis de participantes e abordagens sobre o tema. Eles descobriram que quando encaramos as nossas próprias rotinas sob a perspectiva do personagem principal de uma jornada do herói, tornamos as nossas vidas mais significativas.
Os resultados prévios foram divulgados nessa segunda-feira (13/11) em um artigo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, da Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês).
Jornada do herói
A jornada do herói foi descrita pela primeira vez pelo escritor Joseph Campbell, em 1949. Os pesquisadores condensaram os 17 elementos clássicos usados por Campbell em sete itens condizentes com a vida moderna: protagonista, mudança de circunstâncias, busca, desafio, aliados do protagonista, transformação pessoal e legado.
Em seguida, eles desenvolveram uma nova medida para avaliar a percepção do caminho nas histórias de vida das pessoas: a Escala da Jornada do Herói. Assim, os autores conseguiram reunir mais de 1,2 mil narrativas individuais de diversas fontes, incluindo entrevistas online e presenciais.
As pessoas que usavam mais elementos da jornada do herói para contar a própria história demonstravam níveis mais altos de senso de significado de vida e de florescimento – sentiam-se como uma boa pessoa vivendo uma vida boa – e níveis mais baixos de depressão.
Os indivíduos “heróicos” relataram mais experiências novas, objetivos de vida ambiciosos e amigos solidários, por exemplo, em comparação com os demais participantes da pesquisa.
A partir desses resultados, os pesquisadores elaboraram uma intervenção para estimular todos os participantes a enxergarem as suas próprias vidas com as lentes de um herói que passa por adversidades.
Para isso, eles fizeram perguntas como: “Que mudança de ambiente ou experiência nova motivou sua jornada para se tornar quem você é hoje?”. E sugeriram frases como “Minha jornada até quem eu sou hoje começou como resultado de…” para ajudar os voluntários a refletir sobre o assunto.
A intervenção motivou os participantes a entender as suas vidas como uma jornada do herói, aumentando o senso de significado que eles davam a elas.
Para os autores da pesquisa, esse entendimento pode levar a perspectivas mais otimistas, mecanismos de sobrevivência saudáveis e ações altruístas. Mas também poderia ter aspectos negativos, como levar as pessoas a agirem de forma mais narcisista ou se dedicarem a causas equivocadas.
Fonte: Metrópoles
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