O corpo feminino foi assunto esta semana no Big Brother Brasil. Mas não é de hoje. A mulher sofre com idealizações e críticas há muito tempo.
Nas redes sociais, um alvo recente foi a atriz Paolla Oliveira. Em dezembro de 2023, a atriz publicou um vídeo nas redes sociais se divertindo em um ensaio da Grande Rio, escola de samba da qual é a rainha da bateria. A alegria dela foi atravessada por comentários sobre o corpo, peso, idade, um julgamento sem fim.
Paolla, uma mulher que sempre se encaixou em todos os padrões de beleza impostos pela sociedade, agora decidiu dar um basta. Ela conversou com a repórter Ana Carolina Raimundi e contou como resolveu levantar uma bandeira contra essa pressão. Veja trechos da entrevista exclusiva.
"Você imagina, me arrumar de achar linda, fazer uma roupa maravilhosa, e você vai para o ensaio. Chego no ensaio, você é gongada, você é massacrada, criticada, você não quer voltar. Eu não estava me sentindo daquele jeito, estava-me sentido bem, feliz. Então, eu comecei a ver a onda de mulheres admirando, e eu comecei a ver as críticas de um de um olhar um pouco mais afastado. Eu respondo, eu argumento, eu faço vídeos. Eu me sinto corajosa de estar fazendo isso. Do alto do meu privilégio, uma mulher branca padrão, bem sucedida, eu estou falando: eles não me não me deixam em paz", diz Paolla.
Ana Carolina Raimundi, repórter: Enquanto a gente está preocupada ali com isso, tem gente que está decidindo a ordem mundial das coisas e a gente está fora.
Paolla Oliveira, atriz: E, provavelmente, quem está decidindo a ordem mundial das coisas não está sendo apontado, perguntando se a gravata combina com o terno.
Repórter: São mais mulheres ou mais homens que que falam do teu corpo?
Paolla: Agora virou uma salada. Eu vou falar por agora. Agora tiveram muitos homens.
Mas o que mais chama a atenção dela são os comentários feitos por mulheres, que ela não julga, ela procura entender.
Paolla: Não sou eu que vou apontá-las. Talvez eu vá fazer outros vídeos para falar: 'Sai daí, boba.
Para de fazer isso, não descredibiliza o movimento de uma outra mulher'. Ela está passando talvez a mesma coisa que você já passou. Por mais que você não enxergue, se você olhar direitinho, está todo mundo ali muito pertinho, sendo julgada, sendo apontada, sendo objetificada, sendo diminuída.
Paolla Oliveira malha há 20 anos porque gosta. É super vaidosa e está se amando usando o cabelo natural, ondulado.
Paolla: Eu não vou deixar de me cuidar, de fazer nada. Não é sobre isso.
Repórter: Você hoje encara essas críticas, essas mensagens de uma maneira muito madura e muito bonita. Mas já teve a época em que isso te maltratava?
Paolla: Já me maltratou muito, não queria ver. Eu tinha ataque cardíaco, suava de nervoso de ver uma foto horrível, de ver um braço coisado que não era o que tinha que ser. Então, assim, é uma coisa horrorosa. Eu não acordei um dia e falei assim: 'A minha pauta da vida vai ser corpo', do nada. Eu fui provocada, estou sendo provocada há anos. Assim, eu imagino que várias mulheres que estão assistindo agora vão sentir também essa provocação. É o tempo inteiro, só que a gente se cala. O estar mais confortável me faz ter mais vontade de falar, de querer subverter os lugares que eu mesma já ocupei, sabe?
"Eu acho que tudo o que a gente está falando aqui é sobre liberdade, sabia? Liberdade de ter o corpo que eu quiser, de sair do jeito que eu quiser. Se eu puder estar no carnaval, mas sem ter tanta preocupação, eu vou estar mais feliz", afirma Paolla Oliveira.
Fonte: G1
Commentaires