Trabalhar com crianças como palhaço em hospitais inspirou um homem a se tornar médico e fundar uma clínica especializada em atendimento infantil no interior de São Paulo.
Ao g1, o pediatra Fabio Bozelli, de 53 anos, contou que começou a carreira profissional como palhaço com apenas 14 anos.
Na época, ele ficava fascinado com aquele mundo de alegria do circo e, para a sua surpresa, um dia a falta de um palhaço da trupe de uma loja de festas, que ele sempre visitava, fez com que se criasse a oportunidade de ele colocar pela primeira vez o seu nariz vermelho. E assim nasceu o personagem Biriba. "O dono da loja de festas me disse que naquele dia eu seria o palhaço da festa. Então, me arrumaram uma peruca, me botaram uma roupa, pintaram a minha cara e me deram este nome de Biriba. Fui lá, fiz a festa, gostei da brincadeira e comecei a fazer eventos", conta Fabio.
Quando adolescente, ele começou a fazer eventos de recreação vestindo roupas coloridas e o famoso nariz vermelho de palhaço e estendeu este trabalho aos hospitais, buscando levar alegria a pacientes com câncer e outras doenças. A paixão foi tão grande que contagiou os amigos e formou-se a trupe Biriba e Cia.
"Não sei certo como foi essa ideia de visitar os hospitais, mas na época a gente precisava ter uma maior humanização e nada melhor do que o palhaço. Ali a gente se apaixonou pela área da saúde e viu que isso era um grande ganho para os pacientes que estavam lá acamados. Foi uma grande satisfação", declara o agora médico pediatra. Faculdade de medicina Antes de cursar medicina, ele fez por dois anos a faculdade de psicologia, em Londrina (PR), mas era mesmo na área médica que estava a sua missão.
"Primeiro fui fazer o curso de psicologia na Universidade Estadual de Londrina e quando eu estava lá, eu já trabalhava numa clínica de crianças especiais. E aí, uma vez, como um palhaço, uma dessas crianças me chamou de médico. Isso me despertou também a vontade de fazer medicina. Eu parei o curso, fui prestar a faculdade e hoje estou aqui", explica.
Bozelli entrou na faculdade de medicina em Sorocaba em 1989 e se formou em 1996. O doutor conta que, na época, já tinha uma truque de palhaço e fazia festas infantis, festa de empresas e ia nos hospitais.
"Aquilo me ajudava tanto me formar como pessoa, mas também como médico, no ponto de vista que eu acreditava muito nessa alma da criança, e também ajudava na época com uma rendinha extra para fazer as coisas que na juventude a gente gosta de fazer", relembra.
Questionado sobre a lição de vida que tirou na época em que era palhaço e no que isso ajuda no seu dia a dia como profissional da medicina, Bozelli conta que a alegria das crianças era gigante. "Acho que a maior lição de vida, principalmente das crianças que estão internadas, com dor, é alegria. Ela não enxerga isso [a dor], ela enxerga o mundo com os outros olhos. Ela tem muita alegria de viver. Isso é gratificante, a gente vê uma criança brincando carregando o seu sorinho.
Mesmo a gente sabendo da gravidade da doença, ela não para de sorrir. Eu acho que esse é o grande ensinamento que as crianças trazem para nós, que sempre a gente tem esperança pela vida", conta. Arte nos dias de hoje Mesmo sendo formado em medicina e dono de uma clínica em Sorocaba, os trabalhos como palhaço nunca pararam. Até hoje o médico treina malabarismo e arrisca outras modalidades da arte circense. "Meus filhos me ensinam muito sobre isso e minha esposa, que é a professora, também. Isso também cominou na história da nossa clínica, que agora fez 20 anos. O nosso grande propósito é inspirar gente que ama gente. Acredito que todo mundo é um artista. Todo mundo pode fazer da vida uma arte e transformar a vida numa arte", finaliza o médico.
Fonte: G1
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