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Orgasmos até doer: conheça transtorno da excitação genital persistente



Embora esteja diretamente relacionado a um aumento da frequência de orgasmos, o transtorno da excitação genital persistente é uma doença que não causa nenhum prazer.


Pessoas que tem PGAD, sigla do distúrbio em inglês, relatam ter experiências de intensa excitação sexual sem que haja nenhum estímulo e de uma forma que não pode ser contida.


Nos casos mais intensos da doença, como o da americana Cara Anaya-Carlis, a experiência pode ser até dolorosa. Ela afirma ter sentido 180 orgasmos em apenas 2 horas, uma experiência que descreveu como “de dor e de vergonha”, em entrevista ao Daily Mail.


“Eu me sentia impossibilitada de ir à escola do meu filho. Imagina estar cercada de crianças e ter todos esses sentimentos intensos percorrendo seu corpo ao mesmo tempo”, explicou Cara.

O transtorno da excitação genital persistente foi descrito pela primeira vez em 2001 e segue sendo cercado de mistério, mas é mais comum do que se imagina. Um estudo feito por psiquiatras polonesas, publicado na revista científica Psychiatr Polska em dezembro de 2022, estimou que entre 1% e 4% da população mundial tenha a síndrome, que tem intensidades variadas.


Sintomas dependem do paciente


Homens e mulheres podem ter PGAD, mas há mais casos descritos entre elas. O transtorno pode ter várias causas possíveis, desde fraqueza muscular da região genital até um distúrbio neurológico que confunde o sistema nervoso.


Um estudo de caso feito por médicos especialistas em pélvis da Universidade de New England, nos Estados Unidos, publicado em fevereiro deste ano no Womens Health Report, descreveu os casos de duas mulheres diagnosticadas com o transtorno.


A primeira começou a sentir uma pressão constante na região genital aos 55 anos, como se estivesse usando roupas íntimas muito apertadas. Com a progressão da síndrome, a paciente passou a sentir uma “dor latejante” causada pelos orgasmos — ela relata que foi o incômodo mais forte que sentiu na vida. Os médicos associaram o caso dela a uma compressão entre as vértebras próximas ao nervo ciático.


Já a segunda paciente começou a sentir os sinais da PGAD da mesma forma, como uma pressão constante na região genital que a obrigou a usar bolsas de gelo diariamente para dormir e tentar aliviar os orgasmos. De acordo com os coordenadores do estudo, o caso dela foi relacionado à menopausa e tratado com injeções de botox.


Tratamentos possíveis


A literatura recomenda que, de início, se trate as causas que levam à síndrome, sejam elas físicas ou mentais. Segundo médicos espanhóis que estudaram terapias possíveis para o transtorno, em um artigo publicado em junho de 2022 no The Journal of Sexual Medicine, a lista de tratamentos inclui nove possibilidades.


Eles recomendam desde o uso de antidepressívos até pessários (dispositivos colocados na vagina para aliviar casos de prolapso genital) para sustentar a musculatura da região. A maior parte dos tratamentos, especialmente em mulheres, passa por uma rotina de exercícios para fortalecimento dos músculos.


“Existe um ramo da fisioterapia voltada exatamente para condições como essa de enfraquecimento do assoalho pélvico, a uroginecológica”, afirma o fisioterapeuta Renan Costa, de Brasília.


“Podem ser feitas condutas de eletroestimulação dos músculos do assoalho pélvico e também exercícios para melhorar o tônus. Tudo depende de se a musculatura está tensionada por uma lesão ou se falta trofismo (saúde) nesses músculos”, ressalta ele.

Fonte: Metrópoles

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