O ator Ashton Kutcher, de 44 anos, revelou que ficou sem ver, ouvir e andar por causa de um quadro de vasculite, uma doença autoimune.
Ele contou sobre sua experiência com a doença no programa "Celebridades à prova de tudo: o desafio", com o apresentador Bear Grylls, da National Geographic.
Kutcher contou que foi diagnosticado com um tipo de vasculite autoimune, sem especificar exatamente qual, há dois anos. "Três anos atrás, eu tive uma forma estranha e super rara de vasculite, que derrubou minha visão, minha audição e meu equilíbrio", disse.
"Você realmente não aprecia isso [os sentidos] até perder. Até que você entende, 'eu não sei se eu vou ser capaz de enxergar de novo, poder ouvir de novo, não sei se vou conseguir andar de novo. Tenho sorte de estar vivo'", disse o ator ao programa.
"Vasculite significa inflamação da parede do vaso sanguíneo. Isso pode resultar no estreitamento e até fechamento dos vaso, o que leva à falta de sangue para diferentes orgãos", explica Bruna Chu, reumatologista e professora de Medicina da Universidade Positivo em Curitiba, no Paraná.
Há mais de 20 tipos de vasculite, e o ator não especificou de qual variação sofria, apenas afirmou que era uma versão mais rara do distúrbio e que sofreu com sintomas graves.
Algumas formas de vasculite, conforme explica o reumatologista Henrique Dalmolin, do Hopital Moriah, são leves e causam sintomas fáceis de tratar, como lesões na pele.
"Já outras, que tendem a causar consequências mais graves, acometem o sistema nervoso central, pulmões, rins, olhos e aparelho auditivo. Quanto mais acometimentos eu tenho, mais grave o quadro é." De acordo com o médico, em casos de vasculite, a perda de movimentos geralmente está associada a uma variação que tenha afetado o sistema nervoso central ou periférico, que contém nervos que fazem a transmissão para membros como pernas e braços. Os diferentes tipos de vasculites e sintomas Os vários tipos de vasculite são diferenciados pelo tamanho e localização dos vasos afetados. "As vasculites primárias são aquelas nas quais os vasos sanguíneos são os alvos principais da doença. Ainda há a classificação de acordo com o tamanho do vaso: grandes, médios, pequenos ou vasos variáveis", aponta Chu.
Para essas, não há causas conhecidas.
Há também as vasculites secundárias, nas quais existe alguma outra condição de saúde responsável pelo quadro. "Pode ser outra condição autoimune, infecção secundária, principalmente virais, como hepatite e até covid-19, medicamentos ou até pelo contato com levamisol, um componente da cocaína", exemplifica Dalmolin. Os sintomas comuns incluem lesões na pele (como púrpura, urticária e erupções), fadiga, fraqueza, febre, dor nas articulações, alterações na visão (como dor e vermelhidão nos olhos), dor de cabeça, congestão nasal e sangramento no nariz, falta de ar, dor abdominal, problemas renais (urina escura), emagrecimento e problemas nos nervos (dormência, fraqueza e dor). Como é feito o diagnóstico de vasculite O diagnóstico dos diferentes tipos de vasculites é feito por meio de exames laboratoriais de sangue e de imagem.
"O diagnóstico não é fácil. Depende da avaliação dos sintomas, exames complementares e muitas vezes precisamos excluir outras doenças que têm manifestações semelhantes", explica Chu.
Podem ser usados exames de rim, fígado, hemograma (com testes de anticorpos), assim como tomografias e ressonâncias magnéticas, a depender dos sintomas apresentados por cada paciente. Como é o tratamento? As vasculites são, em sua maioria (quando não há outro quadro secundário por trás de seu aparecimento), doenças crônicas autoimunes, ou seja, causadas pelo próprio organismo do doente.
O principal tratamento para todos os subtipos é o uso de medicamentos imunossupressores, incluindo, a depende do caso, coricosteroides, imunobiológicos ou imunossupresores convencionais, que ajudam no controle de atividade dos anticorpos que atacam os vasos sanguíneos. No caso de Kutcher, o ator disse que levou cerca de um ano para se recuperar, provavelmente pela gravidade dos sintomas. Mas quem é diagnosticado com vasculite precisa fazer acompanhamento até o fim da vida.
"A resposta ao tratamento é melhor quando o diagnóstico é precoce, antes que o quadro cause estreitamento ou fechamento dos vasos sanguíneos", aponta Bruna Chu.
"Em alguns casos, os mais graves e refratários, pode ser feita também uma terapia chamada de plasmaférese, que retira os autoanticorpos circulantes do sangue do paciente. Mas ela não oferece cura, só ajuda em um determinado intervalo de tempo", explica o reumatologista Henrique Dalmolin.
Fonte: G1
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