Dedicação e comprometimento com a saúde e com o bem-estar de crianças e adolescentes atendidos no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, são apenas algumas características destacadas por colegas, pacientes e pessoas que convivem com o médico cirurgião pediatra Sylvio Ávilla.
Aos 73 anos, ele tem sua marca registrada na instituição: quase 50 anos de serviços prestados e uma média de 900 cirurgias anuais. Para ele o hospital é "casa".
Os números, no entendimento de Sylvio, são apenas consequência do trabalho que ele desenvolve na instituição desde a década de 70.
O mais importante, segundo ele, é estar atento aos resultados e de que forma eles vão interferir na vida dos pacientes e das famílias. "Quantas eu fiz (cirurgias) não me importam, só quero que sejam bem sucedidas, graças a Deus. [...] Tudo que a gente faz está ligado não só a criança, mas à família e ao crescimento da criança, o que ela vai ser", explicou. "O Hospital Pequeno Príncipe é a minha casa. Eu vi a construção dele, a sua reforma, eu vi toda sua evolução. Eu tenho vínculo afetivo com o hospital, não só no hospital, com a família que montou o hospital com a qual eu tenho uma gratidão muito intensa. [...] Foi lá que eu compreendi tudo, que eu me desenvolvi", afirmou o médico. Um dos milhares de pacientes de Sylvio ao longo dos anos é Giovanni dos Santos Andrade, 19 anos.
Ele conheceu o médico cirurgião quando, aos sete anos de idade, foi diagnosticado com megacolon congênito, doença que ocasiona ausência de células nervosas nos músculos do intestino grosso dificultando a passagem das fezes.
A mãe do jovem Silvia Helena dos Santos conta desde a primeira vez em que esteve no hospital o filho foi atendido por Sylvio. Foram 45 cirurgias, a maioria delas realizada pelo especialista, as demais por médicos da equipe dele. "Toda cirurgia que ele fazia, o doutor estava acompanhando, inclusive a gente encontrava ele e ele dizia 'tá tudo certo lá dentro, estou acompanhando'. O que eu tenho a falar do doutor Sylvio é agradecer muito que ele fez", afirmou emocionada a mãe.
Há pouco mais de um ano o jovem não é mais atendido no hospital, que é especializado em crianças e adolescentes, mas os sentimento de gratidão é constante. Para Giovanni o médico é como um pai. "Um pai para mim, porque tudo que aconteceu na minha vida ele estava ali, mesmo quando quando eu tinha dor. [...] A gente só tem a agradecer, todas as vezes que a gente precisou ele estendeu a mão para nos ajudar", explicou. Sucesso vem com estudo diário Estudar e aperfeiçoar os conhecimentos diariamente são as chaves, segundo Sylvio, para o sucesso profissional. Ele afirmou que todos os dias dedica de três a quatro horas para estudos relacionados à medicina.
"Eu estudo todo dia, em duas ou três reuniões que eu faço com os residentes. Então, com 73 anos, eu estou estudando ainda, e tem que estudar todo dia, a medicina evolui a cada dia. Cada hora você tem novos conhecimentos, novas tecnologias. Então é importante, fundamental, que você estude", afirmou.
Ele afirma que a medicina se "transformou num negócio" no Brasil, mas que acredita que existam boas instituições e diversos novos profissionais se formando. Para estes, Sylvio deixou uma mensagem.
"E vou citar uma frase que eu escuto sempre do diretor do nosso hospital que é o seguinte "se você é um bom médico, faça tudo de bom, o paciente precisa. Independente das condições, tem que fazer o melhor que você consiga", afirmou.
"Eu acho que isso é uma frase que revela que a gente deve ser fazer sempre pensando o que fazer de bom para ele, o que vai trazer de boas consequências para ele. Para isso você precisa primeiro de dedicação na medicina," finalizou. Aposentar igual ao Pelé Para Sylvio os quase 50 anos de dedicação à profissão são extremamente gratificantes, especialmente quando ele reencontra famílias e pacientes anos depois.
"Nossa função é sempre disciplinar no sentido de avaliação e desenvolvimento. Isso traz duas coisas, uma gratificação pessoal, quando você vê, por exemplo, meninos ou meninas, hoje com quarenta anos estão com a família formada, estão bem na vida, passaram por procedimentos extremamente complexos e estão bem tanto da parte física, como na emocional, isso para a gente é uma alegria.
"Por outro lado, é um sofrimento também, porque essas crianças quando se tornam adultas, elas ainda acham que você é o médico dela, e ai elas ainda vem te procurar por outras dificuldades, mas é legal. A gente gosta e escolheu isso", comentou com sorriso no rosto o profissional. O sentimento de dever cumprido faz Sylvio pensar, às vezes, em aposentar da profissão. Para isso, ele diz se inspirar em Pelé para saber o momento certo de tomar a decisão.
"Eu tenho plano, eu quero ser mais ou menos como o Pelé, quero parar antes de começar a fazer besteira", brincou o médico.
Fonte: G1
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