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O fim do IMC? Fator psicológico e funcional do peso: Europa cria nova fórmula para calcular a obesidade


O diagnóstico de obesidade que utiliza apenas os valores representados no Índice de massa corporal (IMC), que funciona como uma tabela internacional, pode não ser o suficiente. É o que defende a Associação Europeia para o Estudo da Obesidade (EASO) em um estudo publicado na revista científica Nature Medicine. A organização propõe uma nova maneira de calcular a gordura corporal, na qual, para além do método usual, também são levadas em conta a circunferência abdominal e os aspectos psicológicos.


Segundo o documento, o cálculo do índice (no qual se divide a altura pelo peso ao quadrado) não abarca todas as complexidades associadas à doença, especialmente em levar o acúmulo de gordura abdominal. Esse posicionamento vem sendo defendido por profissionais da saúde há muitos anos.


A partir do IMC, uma pessoa é considerada obesa quando tem IMC igual ou superior a 30 kg/m². Já a nova estrutura europeia propõe que o valor seja de 25 kg/m², mas com maior acúmulo de gordura abdominal, relação cintura-altura acima de 0,5 e a presença de quaisquer comprometimentos médicos, funcionais ou psicológicos de complicações na definição de obesidade, reduzindo assim o risco de subtratamento neste grupo específico de pacientes em comparação com a atual definição de obesidade baseada no IMC.


"Esta declaração aproximará o gerenciamento da obesidade do gerenciamento de outras doenças crônicas não transmissíveis, nas quais o objetivo não é representado por resultados intermediários de curto prazo, mas por benefícios de saúde de longo prazo", escreveram os autores.


No quesito indicação para futuros tratamentos, o documento mantém as recomendações anteriores utilizadas em todo o mundo. É preconizado mudanças no estilo de vida do paciente diagnosticado com a doença.


"Considerando os pilares do tratamento de pessoas com obesidade, nossas recomendações aderem substancialmente às diretrizes atuais disponíveis. Modificações comportamentais, incluindo terapia nutricional, atividade física, redução do estresse e melhora do sono, foram acordadas como principais pilares do gerenciamento da obesidade, com a possível adição de terapia psicológica, medicamentos para obesidade e procedimentos metabólicos ou bariátricos (cirúrgicos e endoscópicos)", indicam os pesquisadores.


Origem do IMC


O índice de massa corporal foi introduzido originalmente na década de 1830 por um estatístico belga, mas apenas na década de 1970 que ele foi popularizado pelo fisiologista de Ancel Keys de Minnesota, nos Estados Unidos. Na época, Keys estava irritado com a forma como as seguradoras de vida estavam estimando a gordura corporal das pessoas — e, portanto, seu risco de morte — comparando seus pesos com os pesos médios de outras pessoas da mesma altura, idade e gênero.


Por que o IMC já foi criticado?


O IMC não pode dizer, por exemplo, qual porcentagem do peso de uma pessoa é proveniente da gordura, músculos ou ossos. Isso explica por que atletas podem ter IMC alto, apesar de terem pouca gordura corporal.


E à medida que as pessoas envelhecem, é comum perder massa muscular e óssea, mas ganhar gordura abdominal, uma mudança na composição corporal que seria preocupante para a saúde, mas poderia passar despercebida se não alterasse o IMC de uma pessoa, de acordo com JoAnn Manson, professora de medicina na Harvard Medical School.


Em um estudo de 2016, com mais de 40 mil adultos nos Estados Unidos, os pesquisadores compararam o índice das pessoas com medidas mais específicas de sua saúde, como resistência à insulina, inflamação e pressão arterial, triglicerídeos, colesterol e níveis de glicose. Quase metade dos classificados com sobrepeso e cerca de um quarto dos classificados como obesos eram metabolicamente saudáveis por essas medidas. Por outro lado, 31% das pessoas com índice de massa corporal “normal” não eram metabolicamente saudáveis.


O IMC pode ser prejudicial?


Pode ser prejudicial se um médico presumir que uma pessoa com um índice de massa corporal normal é saudável e não a questionar sobre hábitos potencialmente prejudiciais à saúde que ela pode ter, como seguir uma dieta pobre ou não praticar atividade física suficiente. E se os médicos de pacientes com IMC mais elevados se concentrarem apenas no peso como causa de quaisquer problemas de saúde que possam ter, eles podem perder diagnósticos mais importantes e arriscar estigmatizar os pacientes.


Fonte: O Globo

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